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O desafio da metáfora:
Ler e moldar a organização
 
Introdução :: A Metáfora :: Caso prático: Multicom
Interpretar a Multicom :: Desenvolver uma leitura detalhada

Uso de quadros Dominantes :: Ler Organizações :: Conclusão

 (...continuação)

Interpretar a Multicom

    Esta história serve como bom ponto de partida para a análise da Multicom dos vários pontos de vista: como máquina, organismo, cérebro, cultura, instrumento de domínio, sistema de fluxo e tranformação, prisão psíquica e sistema político. A seguir vamos ver como usar e ligar todas estas metáforas, aplicando-as a este caso. Nos capítulos seguintes iremos colocar-nos no papel de consultor externo, que entrou na Multicom para analisar com o objectivo de detectar os seus problemas e fornecer a solução necessária.


 

Desenvolver uma leitura detalhada

    O primeiro passo, antes de tentar encontrar soluções para a empresa será a uma análise mais ou menos detalhada da situação da empresa. Consoante os casos devemos escolher quais as metáforas que melhor descrevem a empresa, aprofundando essas mesmas metáforas, mas nunca sem pelo menos uma pequena passagem por todas as outras. Já pudémos ver os perigos que podem existir em concentrar a análise numa só metáfora. Após uma análise mais ou menos superficial, verificou-se que as metáforas que merecem um estudo mais aprofundado serão a do organismo, cérebro, cultura, prisão psíquica e sistema político.

Como organismo:
    A Multicom está no mercado das relações públicas, que se caracteriza pela constante mudança, quer por parte das exigências dos clientes, quer pela concorrência. Como podemos observar pela imagem, a nova Multicom encontra-se um estado incongrutente com as características do exterior. O meio ambiente é turbulento e imprevisível, e exige uma estratégia proactiva e agressiva. Assim, a organização não pode ser, do ponto de vista estrutural tão mecanicista, nem do ponto de vista cultural ter uma visão tão instrumental e pouco humanista do trabalho e trabalhadores, nem a forma de gestão não pode ser autoritária e centralizada.


( -Nova Multicom; -Antiga Multicom e Media 2000;)

    Já a Media 2000 estará muito mais preparada para os novos desafios, mostrando-se bastante congruente.
   
    Ao ver a organização como organismo vivo, devemos tentar responder a algumas questões: Quais serão as relações (cooperação/competição) com outras empresas? Serão necessárias novas alianças?

Como cérebro:
    A metáfora do cérebro aplica-se de uma forma muito evidente à situação da Multicom dos primeiros anos. Verificamos que era uma organização que aprendia, já que havia um grande fluxo de transmissão de conhecimentos, ainda que informal. Todos os empregados e equipas tratavam de uma mesma tarefa global: tratar e resolver problemas de clientes, ou seja, todos faziam o mesmo, e precisavam de se tornar "peritos" em todas a áreas que o cliente precisasse. A antiga Multicom (e a Média 2000) apresentam assim um comportamente claramente holográfico. Basta ver como a Média 2000 começou a 100% com cerca de 50% dos antigos empregados da Multicom. Podemos ainda notar que a subdivisão em equipas para alguns projectos não impedia que toda a empresa funcionasse como um todo.

Como cultura:
    Era notória a grande cultura de corporação da empresa. Todos os membros identificavam-se com o espírito e objectivos da organização. A filosofia de "work hard, play hard" era algo de muito bem marcado e assimilado pos todos os membros, de tal forma que a empresa era reconhecida do exterior (quer dos clientes, quer da própria concorrência) pela energia, alegria e empenho que colocavam nos seus projectos.

Como sistema político:
    O factor político teve indubitavelmente um grande papel em toda esta história. Vemos claramente que a rotura da Multicom deu-se devido a diferentes interesses por parte dos directores. Foram formadas duas forças políticas e ideológicas opostas que inevitavelmente entraram em conflito. É de notar como a história se repetiu. Assim como os fundadores da Multicom sairam de uma empresa para formar outra mais de acordo com as suas ideias, a Maria e o Francisco acabaram por fazer o mesmo. Vemos ainda que a separação teve como raiz a desigual posse da empresa, em que uma facção tinha 80% e a outra apenas 20%.

Como prisão psíquica:
    Esta metáfora é a que menos conclusões e certezas pode fornecer. Não podemos saber com toda a certeza os motivos subconscientes que levaram Jaime e Olinda a terem um maior desejo de controlo. No entanto podemos sugerir que tenha vindo de problemas com a família, por falta de tempo e incapacidade de dedicação total à empresa e à família. É de salintar como Jaime e Olinda ficaram presos na ideia de que uma boa organização implica um grande controlo sobre os processos.