(... continuação)
Uso de
quadros dominantes
Um
bom método de análise através de metáforas é o uso de quadros dominantes.
Isto significa que colocamos uma metáfora como metáfora "principal", ou
seja, a que melhor descreve ou ajuda a resolver a situação, e usamos as
outras para suportar e complementar a ideia principal.
Vamos
ver dois esquemas de aplicação de quadros dominantes:
1- Metáfora
do organismo:
2- Metáfora do sistema político:
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Ler organizações
A escolha
do quadro dominante não é por vezes fácil. Nem sempre podemos colocar a
melhor metáfora como quadro dominante. No caso de estarmos a desempenhar
o papel de consultor, devemos ter em atenção os aspectos políticos e mais
sensíveis, numa tarefa que implica muitas vezes "colocar o dedo na ferida",
e apontar os erros. O uso de quadros dominantes permite colocar os problemas
mais sensíveis em segundo plano, permitindo que sejam referidos e solucionados
de uma forma mais subtil.
Muitas vezes é-nos impossível a análise completa da organização. Nestes
casos não vale a pena parar ou adiar a solução até ter uma visão completa.
Antes devemos iniciar os trabalhos com os dados que temos, e o resto da
análise virá com o passar do tempo.
As leituras devem ser regenerativas e construtoras. Como já foi dito,
não andianta fazer a melhor das análises se isso não resultar em soluções
que melhorem o desempenho da organização. A própria metáfora leva à acção.
A análise dos quadros e metáforas obtidos, e a comparação com o mundo
real funciona nos dois sentidos. À medida que vamos construindo os quadros,
e de certa forma, modelizando a organização metafóricamente, iremos alterar
a realidade. Da mesma forma, as mudanças na organização levam a uma modificação
dos quadros obtidos.
Conclusão
As metáforas são, de facto, um bom instrumento
para análise das organizações. Fornecem diferentes pontos de vista, o que
torna a leitura bastante completa, e têm uma grande componente terapeutica,
ou seja, mostram automaticamente as soluções para os problemas, e dão formas
de fortalecer a organização. Uma metáfora faz realçar um aspecto da organização,
e cria automaticamente os argumentos que provam esse ponto de vista. A verdade
é que a principal fraqueza da metáfora é a sua força, ou seja, leva-nos por
um caminho muito estreito, em que alguns aspectos são exagerados, enquanto
outros quase esquecidos. Podemos até ficar "presos" na nossa própria metáfora
(no sentido dado pela metáfofa da prisão psíquica), despresando as outras.
O bom manejo de cada metáfora individualmente é muito importante, mas
a boa gestão das metáforas é essencial. A leitura de uma organização só ganha
significado quando cada metáfora é colocada na posição certa do quadro.
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