Incapacidade Físicas

Áreas de Aplicação

INCAPACIDADES FÍSICAS

Indivíduos que sofrem de alguma incapacidade física ou outra podem encontrar dificuldades em lidar com o hardware e o software. Essas dificuldades criam barreira ao seu acesso à informação e que conhecimento que podiam, utilizando-os, adquirir. Essas barreiras podem ser barreiras de input , se o individuo tem dificuldade em introduzir dados num computador, ou se barreiras de output, se o indivíduo tem dificuldade em os obter. Uma forma de quebrar essas barreiras é a utilização de hardware adaptativo.

Hardware Adaptativo é hardware que, desempenhando as mesmas funções que o convencional, se encontra adaptado para poder ser utilizado por pessoas com incapacidades físicas.

Exemplos desse hardware são os seguintes:

para a eliminação de barreiras de input ...

- "one-handed keyboard", teclado para pessoas que só conseguem usar uma das mãos;

- "membrane keyboard", teclado que responde a um toque suave, que pode ser usado para pessoas que não têm força física nas mãos;

- "trackball", mais fácil de controlar e manipulável com menores movimentos do que um rato;

- Código Morse , para pessoas que não tenham mobibilidade das mãos podem introduzir dados num computador utilizando um palha sip-and-puff. Soprando ou aspirando ar através da palha são gerados sinais Morse, que serão recebidos por um aparelho de interface e convertidos em sinais electrónicos;

- On-Screen Keyboard , o teclado aparece no ecran e o utilizador tem apenas que apontar para a tecla que pretende. Pode ser útil para quem não tenha mobilidade nos braços que pode, através de um palha na boca, por exemplo, apontar para as teclas que pretende seleccionar;

- Teclados Braile , teclados que em vez da representação visual dos caracteres utilizam a representação braille dos mesmos;

- Sistemas de Reconhecimento de Voz - são sistemas que recebem o discurso do seu utilizador e o convertem em sinais eléctricos compreensíveis para o computador. Estes sistemas estão cada vez mais aperfeiçoados e , se forem treinados para os padrões de discurso e pronúncia dos utilizadores permitem taxas de introdução de dados semelhantes às de um utilizador eficiente de teclado. São particularmente úteis para pessoas com incapacidades visuais.

para a eliminação de barreiras de output ...

- ecran maior e letras maiores podem ser uma solução para pessoas que não sejam totalmente cegas;

- "Syntethic Speech" , este sistema permite ao computador falar com o utilizador, podendo ser útil não só a pessoas cegas como também àquelas que têm problemas de aprendizagem e que comprendem melhor ouvindo do que lendo;

- "Refreshable Braille", este sistema permite a invisuais receber output de um computador e consiste no seguinte: um aparelho, associado ao teclado, contém pequenos pinos que serão elevado ou recolhidos formando caracteres braille que o utilizador consegue ler;

- "Braille Embosser" , são basicamente impressoras que em vez de caracteres de tinta gravam caracteres braille em papel ,que é mais grosso para poder suportar a gravação dos caracteres (antes de chegar ao Braille Embosser o texto tem que passar por um programa de trandução);

- Scanner Óptico e Software de Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR), não é exactamente um aparelho de output mas pode ser bastante útil para um invisual que queira saber o que está escrito numa folha e não tenha quem lho leia - basta passar o documento pelo scanner, utilizar o OCR e depois um sintetizador para que o computador lhe leia o documento; este aparelho permite que pessoas cegas possam adquirir alguns tipos de informação utilizando os mesmo livros que pessoas sem essa incapacidade sem necessitar que alguem lhes leia esses livros.

Antes de se recomendar a utilização deste hardware a alguma pessoa com incapacidades, deve consultar-se médicos e terapeutas físicos, para se ter a certeza que o hardware adaptado é adequado e que não irá ferir nem magoar o seu utilizador.

Caso o indivíduo sofra de cegueira ou visão limitada também pode fazer-se uma abordagem ao problema utilizando software. Crianças cegas podem ser ajudadas a aprender a ler por programas especialmente concebidos para o efeito.De facto, software educativo, desenvolvido por peritos no campo educativo e informático, pode desempenhar um papel importante na educação de todas as crianças , incluindo as que têm incapacidades visuais.

Um exemplo deste tipo de software são os ITS (Intelligent Tutoring System) que incorporam a Inteligência Artificial na Educação.

Em que consiste um ITS ?

É um software educacional que se baseia num sistema pericial que armazena o conhecimento educacional do perito. Este sistema avalia dinamicamente a criança e escolhe a acção seguinte de acordo com o que será melhor para a criança naquele momento,i.e. adapta-se dinamicamente às necessidades de aprendizagem da criança. O ITS baseia-se em 3 modelos que interagem dinamicamente:

- modelo do domínio - conjunto de objectos e regras que representam o domínio de aprendizagem

- modelo do aluno - características relevantes do aluno: nivel de compreensão, frequência de erros, velocidade de aprendizagem,...

- modelo pedagógico - conceptualização do professor , contendo problemas, metodologias, estratégias de motivação de alunos, sequência de instruções,...

Como é que este sistema pode ser útil a crianças cegas ?

Com base no modelo ITS, Ricardo Rosas et al criaram o software "Canta Letras" para ensinar crianças cegas a ler . "Canta Letras" apresenta um ecran dividido em duas partes, uma para o aluno e outra para o professor. Este programa também pode ser usado com crianças que tenham visão muito reduzida, por isso a parte do aluno tem cores fortes e letras grandes, enquanto que a parte do professor tem letras pequenas e cores escuras.

"Canta Letras" permite às crianças invisuais aprender a associação entre os símbolos braille e os sons correspondentes através de jogos, prestando assim um contributo valioso para ensinar estas crianças a ler.

Exemplos de jogos são:

"Show you letters" - a criança escolhe uma letra do teclado , que é um teclado adaptado, e ouvirá uma palavra começada com essa letra e um som relacionado com essa palavra. Se o aluno escolhe uma tecla que não corresponde a uma letra então ouve um som especial. O professor tem a hipótese de seleccionar um conjunto das letras que quer que a crainça aprenda e se esta escolher uma fora desse conjunto o sistema indica, via audio, que essa letra está a dormir.

"Hidden Letters" - o sistema pede, via audio, à criança, que encontre uma tecla no teclado. Se ela encontra a letra é congratulada; caso contrário, recebe indicações especiais relativamente à posição correcta da letra (exemplo: mais à esquerda, mais à direita,etc)

Ricardo Rosas et al. propuseram uma extensão ao ITS que incluisse mais dois modelos:

- projecção dinâmica da aprendizagem - conjunto de informação que permite informar o professor da razões que podem justificar os erros dos alunos

- projeccção estática da aprendizagem - dados detalhados das interacções do sistema com a criança, por exemplo, estratégias utilizadas e resultados obtidos desse uso.

Esta informação permite orientar os professores quanto à forma como a criança está a aprender e permite ainda que psicólogos educacionais e professores possam sugerir correcções ao funcionamento do programa. O sistema passa a ter capacidade de fazer uma mediação entre o conhecimento que contém e os professores que o utilizam.

"Canta Letras" tem uma componente de mediação que permite avaliar a motivação da criança, o seu grau de aprendizagem,etc e em concordância com estes pode fazer sugestões ao professor.

Este programa poderia vir a ser melhorado por forma a que pudesse ser utilizado por professores que também fossem invisuais.