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"Manual
de Pirotecnia - Introdução" VOLTAR | PÀGINA
SEGUINTE
A fabricação de pirotécnicos e foguetes ,
iniciada com a descoberta da pólvora, no oriente, passou
por diversos estágios, recebendo aperfeiçoamentos
oriundos da pesquisa empírica. As guerras foram
indubitavelmente a principal razão do engajamento de
homens de excepcional inteligência na industria pirotécnica.
Observando hoje a subida de um foguete espacial muitos de
nos encaramos esse espetáculo como obra da ciência, e
da invenção humana. Pensamos dever isso a homens de gênio,
sem os quais não teríamos sequer chegado a lua , quanto
mais a outros planetas. Em certo sentido isso é verdade.
Mas precisamos entender que nenhum golpe de gênio
inventivo poderia colocar mil satélites em orbita, ou
vinte mil foguetes de sinalização nos navios que cruzam
os oceanos neste momento. Isso é obra do fabricante .
Uma coisa é conceber um foguete , outra coisa é colocar
l00 por dia no ar, como na guerra do Golfo.
Tornar útil esse universo de inventos e teorias sobre
foguetes e pirotécnicos, sem sempre foi tarefa fácil.
Os construtores antigos mantinham o mesmo segredo que os
construtores modernos.Planos de fabricação, resultados
de testes, e toda tecnologia da área foi sempre mantida
em sigilo. Isso fica evidente quando verificamos que
apenas alguns países são capazes de fabricar algum tipo
de foguete.
Em tese, qualquer nação do mundo moderno poderia ter
uma fabrica de foguetes, quando não para uso militar ,
para uso em meteorologia ou comunicações. A falta de
tecnologia, (representada por pessoal técnico e projetos
industriais ) é o obstáculo.
Os relatórios e planos industriais recolhidos pelos
Aliados, ao termino da Segunda Guerra, bem como a
transferencia de pessoal especializado, deram inicio a
uma verdadeira industria de foguetes. Afinal a passagem
da teoria á pratica , do laboratório á fabrica não
era tão complexa como parecia.
Todavia o sigilo que na industria pirotécnica já era
grande, na industria bélica ou espacial tornou-se
absoluto.
A proposta das paginas seguintes é uma tentativa de
desmistificar todo esse mistério que envolve a
tecnologia da industria pirotécnica , em sentido amplo.
E tornar simples o que os textos sobre pirotécnicos e
foguetes mistificaram . Uma aventura que apenas arranha a
superfície do problema.
Não podendo justificar amplamente as soluções
propostas, a técnica é sempre colocada de modo objetivo
e direto. O conhecimento teórico será sempre exigido,
para o entendimento, sob pena de se considerar simplista
a proposta pratica. Contudo é um custo a ser suportado
no intuito de despertar o interesse e estimular novas técnicas.
Um lance no sentido do fabricante, contra o status do
cientista .
Afinal não se pode negar que assim como os fogos de
artificio , que hoje não vão muito alem dos shows de
fim de ano, também a industria bélica de foguetes , mísseis
e pirotécnicos esta em declínio .
Mesmo assim , a técnica de construir foguetes, ou bombas
de fogos, não morreu.
Nas paginas seguintes, o enfoque é industrial, e deve
ser de fácil entendimento para os técnicos . Ao leigo vão
faltar partes e detalhes. Em verdade esses detalhes foram
omitidos deliberadamente para evitar que leitores afoitos
precipitem-se em experiências pessoais perigosas. Com o
amadurecer do conhecimento, a cautela aumenta , e alcançam-se
os detalhes que parecem faltar.
Inicialmente uma visão didática sobre fogo e como
projetar um artefato pirotécnico.
Vamos ver um apanhado geral sobre os espetáculos pirotécnicos
e as bombas . Como bombinhas , estrelinhas , vulcões e
os milhares de fogos de artificio que existem já são
bem conhecidos, vamos nos deter apenas em alguns pontos não
muito conhecidos.
Depois vamos tratar de foguetes de modo pratico. Para
isso os foguetes descritos e possíveis de construir serão
pequenos . Um missel ou um foguete para transportar um
satélite não são mais que ampliações dos que vamos
ver.
Logo passaremos por partes técnicas construtivas de uso
geral em pirotecnia e industriais bélicas.
Fumaças coloridas é um capitulo pirotécnico pouco
conhecido. Poucos textos tratam desse assunto.
Por ultimo a parte industrial de testes. O controle
industrial e alguns artefatos militares .
Uma ligeira passagem pelos efeitos especiais para cinema.
As formulas e composições foram distribuídas ao longo
dos capítulos .
Um
pouco de historia
De um modo bem simples podemos definir pirotécnicos como
:
A composição química de um agente
oxidante e um combustível que produzem uma reação
exotermica , auto-sustentável.
E assim podemos supor que no principio isso deu-se pela
mistura acidental de salitre e carvão. Talvez na Índia
, ou Oriente Médio, onde ha muitas minas de salitre, por
volta do ano 3000 A.C.. Ha menção de uso de misturas
incendiarias e fumaças em celebrações religiosas e
entretenimentos na Arábia, China , Egito , Grécia e Índia
por volta de 2000 A.C. Alexandre , O Grande , fez uso de
misturas incendiarias em guerras por volta de 365 A.C.
Temos referencias a queima de luzes coloridas nos Circus
Romanos , ao tempo de Augustus (Ano 27 A.C.)
Foguetes chineses e romanos são descritos por volta do século
X nos ataques mongois ( Ano l232). Ha registros
comerciais de pólvora na Bélgica , Inglaterra e Escócia,
nos anos de l3l3 e l327.
Atribui-se a Claude F. Ruggieri o desenvolvimento de
chamas coloridas em fogos de artificio, no século
passado. O clorato de potássio base dos modernos
fireworks é mencionado em formulações de l786. Em l850
o seu uso era comum. É desse ano também a inclusão do
magnésio nas composições. A pistola Very que lança
sinais foi patenteada em l878.
No livro de Alan St. Brock, A history of Fireworks (
George G. Harrap and Co. Ltd. London) ha referencia a Lla
Pyrotechnie de Jean Appeier , livro de l630, bem como
Elemens de Pyritechnie de C. Ruggieri de l80l- l812.
Sempre ligada a guerras ou eventos festivos a pirotecnia,
como arte do fogo , chegou ao nosso século como base
para uma industria de fogos de artificio, material bélico,
e foguetes espaciais.
Ao tempo da Primeira Guerra desenvolveram-se inúmeros
artefatos bélicos , como traçadores de tiro,
sinalizadores , fumaças toxicas, e bombas incendiarias
para uso pelos aeroplanos.
Durante a Segunda Guerra a pirotecnia militar avançou
muito , principalmente no sentido dos foguetes, separando-se
definitivamente dos fogos de artifícios. A industria
cresceu e saiu do artesanato, e do resultado aleatório.
Estima-se que somente os EUA produziram 48 milhões de
bombas incendiarias durante o período da guerra.
FOGO
Para que exista fogo é necessário que se reunam
estes três factores
Calor <==> Oxigénio <==>
Combustivel
Na falta de um , não ha fogo.
.
Entenda-se como oxigênio qualquer composto que o
contenha . O ar atmosférico. O oxigênio em sais , líquidos
ou gasoso.
Combustível é todo produto que pode ser oxidado. Os
mais fáceis de oxidar são os produtos organicos, a base
de carbono. Os mais difíceis são os inorgânicos , já
parcialmente oxidados.
Calor é qualquer radiação acima do zero absoluto. Uma
fonte de menos 5 graus, ainda assim fornece calor.
As fontes de calor, são , entre muitas , as reações químicas
exotermicas, ou seja , produtos quaisquer que unindo-se
desprendem calor.
Nos produtos pirotécnicos, não ha necessidade de ar
atmosférico para a produção da queima. A maioria dos
fogos e similares queima , p.e., submersos na água.
Alias a água nem sempre é eficiente na extinção da
chama de fogos. Normalmente isola-se o fogo dos pirotécnicos
, impedindo a propagação, mas não ha como extingui-los
enquanto houver produtos.
Duas coisas importantes são : a temperatura do fogo e a
quantidade de calor (kilocalorias) emitida.
A facilidade com que os produtos queimam , costumam ser
explicados por uma palavra: afinidade. Ela explica a
facilidade com que dois produtos se combinam, e sua
importância para iniciar e sustentar o fogo.
Artefato
Pirotécnico
Palitos de Fósforos
Fogos de Artificio
Bombas e Foguetes
Sinalizadores Marítimos
São produtos pirotécnicos que produzem :
Fogo,
Fumaça,
Calor,
Forca, Ruído, Espetáculo, etc.
E foram fabricados a partir de dois produtos básicos:
Polvoras e Mistos
Sendo que polvoras e mistos apenas se diferenciam na
velocidade de queima. Numa escala de 0 a 5 mil metros de
velocidade de queima por segundo temos:
5000 m/s..................... ...400m/s
..................0m/s...................
________________________________________________
| Alto Explosivo | Explosivo | Polvoras | Mistos
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Dentro da idéia do fogo, o artefato pirotécnico tem
oxidante e combustível. O calor somente aparece no
momento do uso.
Mistos rápidos são pólvora , e polvoras lentas são
mistos
Para qualquer pirotécnico temos:
OXIDANTE + COMBUSTÍVEL + UTILITÁRIO
Oxidante Combustível --------> Para causar a reação
básica
+ Utilitário --------------> Que permite o resultado
esperado
O componente utilitário , a partir da reação básica ,
é o responsável pelo trabalho ou efeito que se pretenda
obter do artefato pirotécnico.
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