A Varanda  de Jean Genet
"Devemos deixar os preconceitos à porta do teatro. Hoje, como sempre. Especialmente com Genet.(...) Ambições e ambiguidades misturam-se na relação entre homens e mulheres numa sociedade intemporalmente representada por um bordel, dito Casa de Ilusões. Genet insiste que se trata somente de uma peça sobre a Imagem e o Reflexo.(...).
Cada vez mais fechados naquele submundo, cada qual é o que sempre sonhou ser, e a determinada altura o público compreende que, muitas vezes, está a ver representação dentro da representação (...). Uma vez por outra, o riso solta para longe alguns medos, mais cedo voltará sensibilidade perturbada.
Ferida a consciência, já não sabemos se o palco não será o reflexo da própria imagem de uma certa humanidade (...). Uma selva a que cobardemente fogem personagens inventadas que acabam poderosas. Irma é a experiência amarga da vida a caminhar de rompante para o seu destino.(...)

Em tom elevado e à flor da pele veremos evoluir quadros de uma selvajaria controlada ou de uma calma assustadora. Mais uma vez, depara-se-nos um caleidoscópio de emoções contrastantes que fará perder completamente e desde o início qualquer noção de "bons" e de "maus". É a vida, tal como Genet a conhece, falsa, hipócrita, violenta, interesseira...

Pede-se o mínimo de coragem. Vai-se rir do ridículo. Se calhar, a nossa própria imagem." E lembrem-se, "em vossas casas, tudo será ainda mais falso do que aqui".

Joaquim René uma producão do Cénico de Lisboa

ficha técnica:

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