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"Pretendeu-se (pretendeu o Pedro)
fazer da peça um ensaio.
O texto de António José da Silva, ainda que transporte a generalidade do
percurso das viagens do cavaleiro da Triste Figura, refere-se sobretudo ao segundo livro
da obra cervantina.
Enquanto que no primeiro livro, as várias figuras que se cruzam com D. Quixote são surpreendidas pelas suas ilusões e pelos cenários surreais que este lhes propõe, na segunda parte, os diferentes caracteres já reconhecem o andante cavaleiro alucinado, e proporcionam-lhe desta vez, eles próprios, os cenários ilusórios para alimentar o intermitente sonho de D. Quixote e para que dele se riam.
Parece-me, portanto, que esta peça-ensaio
consegue transpor, no seu cenário em construção, a evolução dos acontecimentos e dos
humores dos seus personagens.
Conduzida pelos "encantos" de D. Quixote com os demais
personagens, é fortemente apoiada no conflito, de ideais e de razões, entre D. Quixote
de La Mancha, lírico e sonhador (e talvez um tanto esquizofrénico) e o seu escudeiro,
também Andante, Sancho Pança, de espirito prático, apetites reais, necessidades
prementes, e de uma lógica profundamente
fisio[lógica].(...)."
Ricardo Mendonça | uma producão do SIN-SERA |