Humberto Neves

 

HomePage

 

Home ] Up ] Discussυes ] [ Camping ] Best ]

 

 

 

 

Hit Counter

 

Diário do Acampamento no Parque da Cerdeira (Campo do Gerês)

[27/7/97----2/8/97]

Apesar dos poucos (mas bons) participantes nesta iniciativa do Jorge, os momentos passados neste acampamento, longe de tudo o que é "máquina" e onde o som da natureza reina, foram algo inesquecíveis. Este diário serve para recordar e avivar esses momentos e para dar a conhecer um pouco como se passou essa semana. As visitas que fizemos, as proezas que nos aconteceram e, quem sabe, suscitar a organização de mais iniciativas do género.



Dia 1 (27-7-97)

Eram 9:10 e já estavam na estação de comboios os bravos Hugo e Ranito. Apareceram de seguida o Das Neves a Marta a Sílvia e o Paulo, e por último e inadmissivelmente o organizador — Jorge Dias. Estava na hora de comprar os bilhetes para Braga — ida/volta —, que ficaram por metade do preço. Errado, o senhor funcionário da CP enganou-se e quase que nos enganava. O comboio Inter-Cidades chegou atrasado, o Hugo deu-se por uns instantes sem o seu bilhete (ficou vermelhão) e assim que chegou o comboio seguimos o nosso guia (Hugo) que nos levou para a carruagem errada (o Ranito até chegou a pedir a um senhor para se levantar pois estava no lugar errado, ah ah ah). Toca a carregar novamente a trouxa pelo corredor do comboio"— Desculpe, perdão, com licença". Quando todos estavam finalmente instalados, foi hora de proceder à distribuição do livro de passatempos do Gerês. Chegados a Braga...fomos à procura de um terminal rodoviário. Pelo meio do caminho, Dragon Ball Z num café e encontro com uns amigos suíços (nossos futuros companheiros de viagem e estadia — alguns dias) perdidos como nós. Entretanto lá apanhámos um autocarro, passámos por várias festas (com a habitual música pimba...) e a paisagem ia melhorando até que chegámos ao Campo do Gerês, mas a pergunta "— Será que podemos entrar?" reinava em nós. No problem. Entrámos todos, inclusive os nossos amigos Barbara e Andreas. Após reconhecimento de metade do parque e alguma discussão (tipo brainstorming) escolhemos o sítio (que foi mudado após alguns dias) e montámos as tendas. 5 minutos para todos (uns iglôs minúsculos), excepto para o Humberto que levou 2h. a escolher os tubos correctos da tenda (canadiana). Um círculo formou-se com as tendas. Ah, nas casas de banho as torneiras pegavam a empurrão, luz nas sanitas só de dia, e um artista que aparece às 23h todos os dias dizendo-nos: "— Falem, mas só baixinho". Cansados da viagem DORMIR.


Dia 2 (28-7-97)

8h. Jorge levantado. Todos acordaram com as tendas húmidas (excepto o Hugo e o Humberto). Os colegas Suíços+Paulo+Sílvia foram fazer "hicking" para as montanhas que rodeiam o parque enquanto os restantes foram à procura de sítio para tomar banho — barragem de Vilarinho das Furnas. A viagem até às margens da albufeira foi bonita. Foi assim, descemos a montanha, atravessámos uma mata densa onde havia um riacho e por fim atravessámos umas bonitas "flores" amarelas. Mergulhos numa água esplêndida, pagais brancas vistas por binóculos (Ranito e Jorge, quem viu). Para variar do atum e feijão do dia anterior, almoçámos feijão e atum. Apanhou-se um peixe com broa e o Jorge apanhou um escaldão (por sorte não teve consequência muitos dolorosas).

Entretanto os nossos colegas que foram para as montanhas seguido os trajectos das cores, ou pelo menos tentavam segui-los, mas acabaram por improvisar. Barbara aleijou-se numa perna contra uma pedra, mas foi socorrida e prosseguiram.

Chegavam a alturas relativas, que julgavam absolutas: "— Possa, isto nunca mais acaba". Sílvia escorregou num riacho, fez a espargata, e vejam lá que até se riram. Andreas feriu-se também numa perna quando saltava de pedra em pedra. Encontraram cabras e montanheses e a fonte do Suador, onde aproveitaram para tomar banho numa piscina natural ao pé da mesma. Entretanto chegava o fim da tarde e regressámos ao acampamento onde fomos encontrar os nossos "montanheses" com as pernas pintadas às riscas vermelhas (vulgos arranhões). O Paulo era o menos ferido. À noite cantou-se o hino Dragon Ball Z, pois fomos impedidos de jogar à bola nos recintos de tendas (mas onde não havia tendas). O Jantar começou por ser omoletas comunitárias, mas acabou em ovos mexidos, sabe-se lá porquê (era o Hugo a cozinhar). Os jantares no bar do parque não são bons — experiência da Barbara e Andreas.

A noite terminou com música, mas, mais uma vez, ouvimos:"— Calem-se" por volta das 23h. O Jorge conseguiu iludir Andreas com alguns truques de cartas, mas de seguida fomos "corridos" do bar (23:59)


Dia 3 (29-7-97)

As tendas continuam a aparecer molhadas de manhã. Jorge + Paulo + Ranito foram de manhã à barragem, e ao chegarem depararam com as "casas" em mudança

— à procura de mais sobra durante a manhã. Um pouco antes do almoço os nossos colegas suíços fizeram a despedida a todos nós, mas o Paulo e a irmã fizeram questão de os acompanhar até Covas.

Nós, os restantes, almoçámos mais umas latas e fomos à procura das tão faladas piscinas naturais. Foi então que encontrámos um local idílico com uma água cristalina proveniente de uma pequena, mas bela cascata refrescante, onde tivemos o prazer de tomar banho. Entretanto as reuniões no bar acompanhadas de umas louras e de conversas secretas tornaram-se uma "habitué" (Ops, parece que a bola do Nuno foi interceptada por um cão que também gostava de futebol). Na vinda fomos mesmo ao centro do Campo do Gerês, à casa Baptista e seguida de uma matraquilhada. Ah, o cão era engraçado, pois era. Aquele que queria morder os pés da Marta. Entretanto o Paulo e a Sílvia, após o acompanhamento feito aos nossos amigos até Coja, tiveram azar no regresso. Por causa de uma confusão nos horários perderam o autocarro de regresso ao parque, que afinal nunca existiu àquela hora. Aproveitaram o tempo que agora dispunham e comeram, barato, num restaurante. Vieram a pé, passaram por Terras de Bouro, por pequenos riachos, mas ao fim de 2h e meia de caminhada estavam apenas em Covide (a 10 Km de Covas), faltando apenas 6 Km. Bom, acabaram por pedir boleia ao primeiro carro que viram, que os trouxe até ao parque. É noite. Mais um jantar comunitário, salgado mas bom, onde depois deste fomos até ao bar começar este diário do qual fomos novamente corridos à luz das lanternas. Ah, estava eu já na tenda para dormir, quando muito sobressaltado aparece o Jorge dizendo: "— Olha, Humberto, põe mais esta. Entrou uma pagaia branca na casa de banho dos homens quando estávamos a lavar os dentes". "— Está bem zz z z ".


Dia 4 (30-7-97)

O Jorge acordou (4h. da manhã) anormalmente — um "canis lúpus" (cão) tentava puxar o nosso saco do lixo, pendurado num pinheiro. Ranito, seu companheiro, olha para ele muito responsavelmente e volta a dormir ("— Certo Ranito"). Pois foi a Sílvia quem teve de recolher o lixo. Mas hoje foi um dia diferente, fomos à conquista de Espanha ( a 11Km).

E assim foi, em terra batida fomos andando passando por uma vegetação densa, jeiras romanas, pequenos riachos de água tão refrescante que o Hugo só dizia —"Eu fico já por aqui, estou farto de andar", até que chegámos à Portela do Homem. Mas a malta queria agora era ir almoçar a Espanha (+ 600m), e foi caminhando mais este bocado e estafados que estávamos, que chegámos à fronteira, onde nos lançámos imediatamente às nossas queridas latas. Após o almoço aproveitámos o favor de um senhor para nos tirar uma fotografia no sítio, mas também acabou por nos sugerir uma visita às piscinas de água "caliente" que existem na aldeia mais próxima — ficavam apenas a mais 7Km. Mas por força das circunstâncias (calor, km e km, ...) o grupo dividiu-se: Hugo para um lado e os outros para outro (eu fui por causa da Marta). Lá nos pusemos a caminho pelo terreno acidentado, sob um sol escaldante e sob a ameaça de cães espanhóis até que chegámos às ditas piscinas (Rio Caldo o nome da terra). Mal chegámos fomo-nos lançar de imediato à agua mas... "— Oh, mas a água é fria"— dissemos nós. Mal visto, pois o Paulo, acabou por descobrir a verdadeira água quente. Sim! não aquela água morna de "esgoto" onde o Nuno e o Jorge se deliciavam. A água está a uma temperatura de 66º e só após o exemplo do Paulo é que nos decidimos a entrar... muito devagarinho. Voltámos novamente à agua normal, onde jogámos à bola. Bom, o regresso foi pensado em termos de boleia (3 grupos de 2 pessoas) pois alguns foles ameaçavam. Fomos então regressando e pedindo boleia, mas ainda deu para passar no "Comércio Mixto" para comprar caramelos. Ao km 2 eu e a Marta apanhámos boleia com uns belgas, ao km 4 apanharam boleia o Ranito e o Jorge num compartimento de carga de uma carrinha, onde também foram o Paulo e a Sílvia ao Km. 5. O encontro final foi na Portela do Homem, onde aproveitámos para nadar nas bonitas piscinas naturais, com aquelas pedras polidas da água da cascata, e ainda por cima com quase ninguém.

A hora tardia impediu que se realizasse o encontro nas conversas secretas (com as louras). Só faltava o regresso ao parque — + 10km — , mas o Paulo a Sílvia e o Ranito conseguiram boleia com uns lisboetas da ganza e mais a seguir apanharam também o Jorge e a Marta (algo feridos). Entretanto eu e o Hugo convencidos do nosso avanço sobre eles (vinham atrás de nós e não os vimos passar de carro) lá fomos andando, chegando a fazer tudo a pé pela noite dentro. Ah, entretanto o Paulo e o Ranito já se preparavam para nos procurar, mas já tinham espantado o Jorge e a Marta quando estes chegaram ao parque, que também não os viram passar.


Dia 5 (31-7-97)

Exaustos da longa caminhada de ontem, a malta acorda mais tarde e ressentida. Mesmo com o barulho das abelhas, com as discussões dos vizinhos, com o chilrear dos pássaros e como a luz do sol o sono e o cansaço eram mais fortes. Foi uma manhã de repouso (isto sem contar com a caminhada de alguns de manhã até à televisão para ver Dragon...) e de jogos de cartas no bar. Ao almoço decidimos e planeámos a tarde deste dia e do dia de amanhã.

Foi assim, à tarde fomos até à barragem de Vilarinho das Furnas propriamente dita ( o Paulo e a irmã ficaram pelo caminho, na albufeira da barragem) deliciando-nos com as maravilhas das silvas — as amoras, que mais tarde tiveram efeitos perversos. Quando Chegamos à barragem fizemos uma sessão de fotografia, (graças à Marta que se deu ao trabalho de ir buscar a máquina ao acampamento quando já tínhamos andado quase 1 Km. uma vez que não conseguiu convencer o Humberto a faze-lo —imperdoávelJ — e ainda por cima depois da caminhada do dia anterior), mal ela sabia a improficuidade do seu esforço. Tentámos ver a aldeia submersa com o mesmo nome da barragem mas infelizmente devido à altura das águas tal não foi possível. Regressámos ao encontro do Paulo e irmã que já se encontravam na praia fluvial à nossa espera. E foi aqui que tomámos o banho do dia, atravessámos um pequeno braço da albufeira ao encontro do Paulo (que estava do outro lado) levando o Jorge sempre o seu inseparável boné de banho. No regresso o Nuno teve "ligeiros" problemas, quase de certeza devido às amoras. Ah, mas de seguida alguém (o Jorge e o Paulo) observaram a binóculos um pagaio e uma pagaia a banharem-se em trajes menores, ou melhor sem eles. Regressámos ao parque e aproveitámos para estrear o campo de voleibol — estava aberto. O jantar foi de seguida (2º feijoada ininterrupta para o Hugo) e mais uma vez alguém pediu silêncio. Ainda tivemos tempo para preparar os mantimentos para amanhã, onde iremos às termas do Gerês. SIM, o Hugo e o Jorge viram um ONVI, perdão, OVNI (parecido com uma estrela a deslocar-se a uma velocidade estonteante. O céu à noite é muito estrelado.


Dia 6 (1-8-97)

Alvorada às 7:30 da manhã, pois o autocarro para Covide é às 8:30. O Hugo não se queria levantar, como aliás, foi sendo habitual, e por causa do frio matinal vestiu erradamente "roupa de Inverno", azar. Passados 500m já se estavam a despir. O autocarro chegou atrasado, o bilhete foi 100esc. Chegados a Covide soubemos que o autocarro para o Gerês era só às 11:20. Esperámos num café das proximidades onde aproveitámos para escrever o dia de ontem e o de hoje até aqui. Vamos agora TODOS ver o DB Z, por força das circunstâncias. Será que ainda chegamos ao Gerês? Como ? A que horas? Apanhámos o autocarro em Covide que nos levou até ao Rio Calvo, onde finalmente tivemos de mudar para o autocarro que vai para as termas. Eram 12h. e pouco. Chegados lá acima fomos à procura de um lugar para almoçar — acabaram por ser os bancos de um jardim ( a entrada no parque das termas era a pagar 130esc). Fomos ao turismo para nos aculturarmos e orientarmos mais um pouco. A partir daqui cada um fez o que quis: o Nuno dormiu num banco que nem um mendigo, o Paulo foi à descoberta de novos lugares (deu por aí uma queda) e os outros colocaram-se a jogar ao disco (aqui o Boris também deu uma queda muita gira). Entretanto o tempo fez cinza da brasa, fomos ver a água medicinal das termas, e nem sequer nos quiseram dar para provar. Vamos embora apanhar o autocarro até as pontes (Rio Calvo) para tomarmos banho na barragem da Caniçada. A água estava muito suja, a música ambiente estava numas alturas e era do pimba pior que existe e as margens sujas também. Tínhamos um autocarro para Covide às 8:30, mas o Jorge teve a feliz ideia de subirmos a pé até S. Bento (+2 km) para queimar tempo. O Boris estava de rastos e parecia explodir com esta ideia, mas valeu a pena porque a 3/4 do caminho sentimos um cheirinho irresistível a frango no churrasco a pairar no ar e acabámos por não resistir e comprar 2 frangos e 2 pacotes de batatas fritas (ofereciam 2 Pepsi — que bom Boris). Chegados a S. Bento, aproveitámos para visitar a capela e tivemos uma simpática conversa com uma freira e 2 cães (a primeira deu-nos uma explicação sobre S. Bento — patrono da Europa e fundador da ordem dos beneditinos). O senhor Carvalho, motorista simpático, levou-nos até Covide de borla, que bom. Mal chegámos aproveitámos o resto do dia e um coreto que ali se encontrava para jantar os nossos franguinhos (já estávamos fartos de comida de latas). Faltava ainda chegar ao parque (+/- 3 km) e já era de noite. O Jorge saiu logo (fugitivo) a caminho, e nós fomos de seguida. A subdivisão do grupo foi natural: Paulo quase com 1 km de avanço dos restantes. Sorte a do Boris e da Marta, que graças a mim conseguiram boleia dando assim descanso ao cansaço dos seus pés. O Jorge foi o primeiro a chegar (será que veio a pé? não quis dizer), depois seguiram-se a Marta o Boris e eu, logo a seguir o Paulo e por fim o Ranito e a Sílvia - os Bravos. Chegadas as 23:00 ouviu-se: "— Têm de fazer menos barulho, obrigado e boa noite".


Dia 7 (2-8-97)

O último dia, o dia da despedida.

Todos dormiram mais, pois o autocarro para Braga era só às 13:00 e o resto da manhã era para desmontar as tendas e arrumar as trouxas. Apesar da ajuda que o Jorge e o Ranito deram ao Hugo, este não quis deixar de ser o último a chegar à recepção para o pagamento colectivo. De seguida fomos ao bar beber os últimos Ice Teas ( o Boris decidiu arrancar logo para a paragem para não se atrasar ainda mais) e saborear, além das bebidas, os últimos instantes no parque. Apanhámos o autocarro e descemos em Braga. Fizemos o trajecto inverso ao da vinda até à estação (mas o Paulo o Nuno e o Hugo não resistiram a mais um episódio do DB Z). Almoçámos na estação — o que restava das latas — e decidimos apanhar o comboio regional das 16:17 até ao Porto, para aí seguirmos num inter-regional até Coimbra. Vamos neste momento no comboio onde aproveitei para começar a escrever este dia. Chegámos ao Porto (estação da Campanhã), o Paulo foi à procura da bilheteira, passaram pelo turismo e ao regressarem por mero acaso o Nuno carrega num botão dessas máquinas de bebidas, a qual devolve inesperadamente uma garrafa e o troco. Que sorte. Estamos agora a aguardar a partida no inter-regional.

Quando chegamos a Coimbra B a Marta fez as últimas fotografias do Jorge, Paulo e Sílvia a acenar da janela, uma vez que estes seguiram no comboio. Infelizmente os fotógrafos não ficaram aprovados, pois as fotografias da Marta ficaram estragadas, as da Sílvia ficaram com manchas e o Jorge ficou com poucas uma vez que não conseguiu trocar os rolos!. O Paulo ainda não se deu ao trabalho de revelar as dele, esperemos que estejam uma obra prima como as nossas J .

 

To be continued...