Esta igreja de Santa Cruz, começada a edificar a 14 de Setembro de 1596, dia da Exaltação da Cruz do Redentor, no lugar que então se chamava "Vila de Rei", é um dos mais amplos templo de Lamego.

Se o exterior não nos atrai em requintes de lavor, ultrapassado o pórtico principal ficamos encantados pelo ambiente de luminosa paz e podemos deter-nos em ricos pormenores de arte dos séculos XVII e XVIII.

Na capela-mor, um belo retábulo seiscentista oferece-nos apreciáveis painéis evocativos da Descoberta da Santa Cruz e da Sua Exaltação: nas paredes laterais, admiramos valiosa decoração de azulejaria inspirada no Apocalipse e ao gosto setecentista, como também os azulejos representando jardins palacianos.

Os magníficos revestimentos cerâmicos figurativos no transepto recordam-nos passos da vida de Santo António de Lisboa e de S. Bento de Núrcia. Junto a estes painéis encontram-se os tumultos, com estátuas jacentes, de dois ilustres lamecenses: o bispo D. João de Brito de Vasconcelos e D. Manoel Pinto da Fonseca, bailio de Acre, da Ordem de Malta.

Nas capelas do corpo da igreja, atrai a nossa atenção bela talha dourada, pintura e escultura de apreciável mérito. De particular nota é a decoração cerâmica na Capela da Sagrada Família (Séc. XVIII).

Não ficará sem menção especial a imagem setencista de Nossa Senhora Vale, que nos faz recordar a vetusta invocação de Nossa Senhora de Roncesvales.

Em Lamego impõe-se uma vista a Santa Cruz, igreja que foi do Convento dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista, de 1632 a 1834.