Portugal na mira da Heinz
Adaptado apartir do artigo com o mesmo titulo, que a jornalista Margarida Fiúza assina na revista Exame de 13 de Dezembro de 2000.

A Heinz, fundada em 1869, por Henry John Heinz, tinha como objectivo a qualidade. Desde então a Heinz tem crescido a bom ritmo em todos os quadrantes, as vendas subiram dos milhares no ínicio para os biliões dos dias de hoje quase a chegar às dezenas de bilião. Enquanto a Heinz crescia de local para nacional e de nacional para global – de um produto para 12, marcando a sua possição com o slogan “57 Varieties” no virar do século e chegando vários milhares de produtos (cerca de 5700) – a ideia da qualidade renasceu nas mais diversas teorias de gestão.

Para exemplificar como para a Heinz a qualidade é importante, voltemos então até 1869 quando Henry então com 25 anos lança o primeiro produto, que curiosamente nada tem haver com o produto pelo qual é conhecido por esse mundo fora. O primeiro produto da Heinz foi ração para cavalo, que tal como várias empresas vendiam na altura era apresentado em boiões de vidro verde, aqui Heinz resolveu ser diferente, apostou no vidro branco, transparente, mostrando toda a qualidade do produto.

Depois das rações para cavalos, vieram os pickles, sauerkraut e vinagre. Em 1875 dedicou-se ao ketchup de tomate, seguiu-se a pimenta, manteiga de maçã, chili, mustarda, etc...

Heinz explorou muito bem uma grande fatia de mercado sabendo que a maioria das pessoas prefere comprar produtos embalados e previamente preparados que preparalos na hora, este factor aleado a uma boa qualidade e um bom marketing fez da Heinz o que é hoje.

A criação de novos produtos tem ajudado a Heinz a marcar bastante bem o seu território, com o recente lançamento do ketchup verde especialmente desenhado para crianças.

Porquê verde? Quando confrontado com esta pergunta Daniel Spinath, director da Heinz para a Europa do Sul, explica que “queremos ser entertainers do estomago”, por isso no 2 trimestre do passado ano, o mundo assistiu à maior evolução do ketchup dos últimos 20 anos.

A estratégia adoptada pela Heinz é muito igual à da McDonald’s visto que querem por de lado a ideia de “ter fome e comer” apostando numa clara ideia de que comer é divertido, transformando assim a Heinz tal como a McDonald’s numa empresa que também faz entreteniemento.

A ideia da Heinz é a globalização, para isso vai proceder a uma descentralização, isto é, os produtos vão deixar de ser exclusivos de certos paises, todos os produtos vão estar à venda em todos os países, tal como faz a McDonald’s

Hoje em dia a Heinz está a reorganizar-se e tendo em vista o crescimento, apenas duas soluções aparecem: ou cresce organicamente, desenvolvendo novos produtos, ou adopta uma política de aquisições. A decisão está tomada e ao que parece o verbo preferido da empresa é comprar.

Desde 1998 que a Heinz tem vindo a investir mais e mais, passando de 33 milhões de contos aos 95 milhões gastos no ano passado. Em apenas três anos o investimento em aquisições triplicou.

A Heinz tem vindo a escolher empresas cujo interesse é a liderança de mercado em vários países e com vários produtos. As ultimas empresas adquiridas pela Heinz foram a United Biscuit’s European Frozen and Chilled Division, líder de comida congelada no Reino Unido e na Irlanda; Quality Chef Foods líder em sopas instantâneas, entradas e molhos; a Yoshida, especialista em molhos asiáticos nos EU; a Thermo Pac, líder em condimentos também nos EU. A juntar a estas empresas a Heinz entrou com participações em outras tais como na Remedia Limited (51%) lider em Israel de comida para criança; Hain Celestial Group (19.5%) especialista em comida orgânica.

Mas não é só com aquisições que a Heinz se preocupa, e Portugal é indispensável para a empresa, visto que fornece tomate para o sector de retalho na Europa, com duas fábricas apenas (ambas adquiridas pela Heinz).

Não querendo adiantar muito, Daniel Spinath não deixou de parte a ideia do interece em Portugal, em noutros sectores de mercado, mas adiantou a intecção de duplicar no corrente ano a facturação na Europa. De novo as aquisições, neste caso a Heinz procura oportunidades pan-europeias.

Segundo William Johnson, presidente da Heinz,  o mercado Asiático tende em crescer bastante, paises como a Índia, a Indonésia, as Filipinas e a China, abertos pela primeira vez a oferta ocidental, “é o momento certo para ganhar a lealdade destas pessoas”.

E a Heinz deu já o passo em frente fazendo uma joint-venture com a Nutri Asia, de Manila, com o objectivo de se tornarem na empresa líder de ketchup das Filipinas.

Anytime, anyplace, anywhere.
É assim que a Heinz pretende estar no mercado. Fazendo com que os seus produtos sejam consumidos por todos, em todo o lado e em qualquer altura.
 
 
 

Frederico Lopes
Geni Gomes
Sónia Coimbra