Apresentação Oral De Um Artigo De Científico

 Modelo para a apresentação oral (Não é a apresentação!)

Da Ciência à Técnica... à Extinção?

Por

Rui Pedro Direito Pereira Leitão

Departamento de Engenharia Informática

Universidade de Coimbra

3030 Coimbra, Portugal

rleitao@student.dei.uc.pt  

 

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Olá, muito boa tarde a todos os presentes!  

Para começar esta apresentação, gostaria de citar Claude Bernard:

“Se estivesse em causa avaliar os serviços prestados à ciência,

a rã ocuparia o primeiro lugar”

Mas, com o passar do tempo, este pensamento terá de ser alterado... (Alteração do acetato: Ovelha)!

O meu nome é Rui Leitão e vou apresentar um artigo científico, talvez, de carácter social, também, subordinado ao tema:

“A evolução da sociedade: Da Ciência à Técnica... à Extinção?”

A questão que se coloca é: Mas afinal o que fez e o que faz o Homem pela ciência?

Bem, como é evidente, trata-se de uma sátira que tem como objectivo, por um lado, expor determinados defeitos da sociedade e, por outro lado, dar o mote para esta apresentação.

Desde o seu aparecimento à face da Terra, o Homem, numa primeira fase por necessidade e mais recentemente pelo puro prazer, criou uma aliança com a ciência.

Ciência? Mas afinal o que é a Ciência?

Segundo algumas religiões, a ciência não passa de um dom, intrínseco à pessoa, pelo qual Deus incute a inteligibilidade das coisas sem o concurso dos sentidos. Mas o tempo, como se não fosse remédio para tudo, fez ver ao Homem que Deus, por mais religiosa que uma pessoa seja, apenas deu a oportunidade para, a seu cargo exclusivo, construir essa sabedoria.

Chegamos então a um consenso. Antes demais, a ciência é um trabalho cognitivo que resulta da interacção do indivíduo com o meio envolvente. Durante esse processo de interacção, fruto das relações que daí extrai, o Homem acaba por, inconscientemente, produzir conhecimento. Mas, a tal beleza de articulação, o Homem chama de Arte. ´

A ciência será então a Arte do Saber.

Ora, mas se o Homem inventou a Ciência, e se Homem é mortal, a ciência, também ela, será mortal? Quem o afirma é Jean-Marc Lévy-Leblond, físico francês, impulsionador de uma nova prática chamada “critique scientifique”, ou seja, crítica científica. Perante uma Ciência cada vez mais técnica e menos intelectual, urge preservá-la morte. Este método, tal como se verifica na área da literatura, permitirá preservar a ciência tornando-a menos técnica, por um lado, e devolvendo-lhe uma vertente filosófica e até ética, por outro.

Mas afinal, porque nos vamos preocupar com esta Arte que todos os dias vemos avançar continuamente com novas pesquisas e descobertas? São notícia na rádio, na televisão, na internet...

Se olharmos mais atentamente, constatamos que o Homem chegou a uma altura em que apenas se preocupa com o melhoramento das suas próprias descobertas, pois estas oferecem o prazer imediato, em detrimento de uma actividade científica, esta sim, portadora de novos conhecimentos. Observamos, portanto, o avanço da técnica, por um lado, e o recuo da ciência, por outro, que se traduz na necessidade de enaltecer as descobertas científicas. Para ganhar este ar de “triunfal”, as pesquisas científicas são divulgadas de modo a privilegiar os termos com impacto publicitário.

Ora, a crítica científica virá constituir elo de ligação que permita alcançar os significados destas novas descobertas, ou seja, o trabalho que envolve a elucidação do sentido e que permite que esse criação seja comentada e compreendida por todos. Tal como Charles Baudelaire, Poeta e crítico francês, fez no século XIX na área das artes plásticas.

Mas o que é certo é que a ciência apresenta-se, dia após dia, cada vez mais triunfal. Bem, o que é certo, é que esta aparência, ou ilusão, advêm daquilo a que as pessoas chamam de “tecnociência”, ou seja, acentua-se mais o lado instrumental e técnico da ciência em detrimento das suas capacidades intelectuais e cognitivas. A ciência vai desaparecendo em proveito de pura manipulação do planeta, uma técnica que julgamos capaz de transformar o mundo, mas não necessariamente de o compreender.

Será possível falar de ciência sem técnica? Não! Mas será possível falar de técnica sem ciência? Com bastante facilidade! A razão para tal acontecer prende-se com o facto de que os avanços apresentados como científicos são, na realidade, dE carácter técnico. Já que o exemplo da Dolly foi aqui referido, falemos de clonagem. Os próprios  pesquisadores que criaram a ovelha Dolly, ou mais recentemente a clonagem de um porco, por exemplo, não compreendem muito bem por que a técnica funciona. Isto até porque a técnica funciona mal, pois apenas 2% das fertilizações têm sucesso. São necessárias várias tentativas para que o método resulte. O próprio facto de se utilizar a técnica da insistência quando não compreendemos algo revela um abandono dos domínios da ciência e da biologia para o domínio exclusivamente da técnica.

Nos últimos 50 anos, não nos apercebemos de que somos mais complexos do que o que pensávamos então.

Estamos perante uma ciência estagnada e adormecida.

O grande problema está em reencontrar o elo de ligação entre a ciência e a cultura. Quando a ciência moderna surgiu, no século XVII, ela estava inserida na cultura. Grandes figuras dessa época tal como Galileu, Descartes ou Pascal faziam de tudo dentro do mesmo movimento, não havia separação. A ciência era parte integrante na cultura. Ao longo dos tempos, verificou-se uma evolução no sentido de uma autonomização da ciência, que acabou por separá-la da cultura. 

            O século passado, desde o seu início, veio lembrar-nos que as culturas são mortais, e, seguindo os passos do anterior, este novo século que se iniciou poderá muito bem vir a mostrar-nos que as ciências, também elas, não são imortais. As tensões políticas e as forças económicas, tal como, num passado próximo, trabalharam no sentido de levar à Europa o renascer da sua cultura, assim como ao nascimento da ciência, também ela poderá, num futuro próximo, conduzir, conjuntamente, ao seu desaparecimento. Não será de espantar que daqui a 20, 30 ou 50 anos, a ciência, como a conhecemos nos últimos quatro séculos, tenha desaparecido e venha dar origem a uma espécie de tecnicismo.

Restar-nos-á obter, das relações complexas entre ciência e cultura, uma visão clara à escala continental. Caso contrário poderá morrer, tornar-se em cinzas semelhantes às que foram reduzidos os conhecimentos da ciência grega, armazenados em Alexandria. E, finalmente, transformar-se em pó, assim como o Homem que a criou ao longo de quatro séculos.A ciência é, por incrível que pareça, mortal!” (Rui Leitão - Adaptado)

Rui Leitão, 16 de Maio 2001

 

 

 

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Data da última actualização: 17/05/2001