DEMOGRAFIA:
UM PROBLEMA DA SOCIEDADE

Por:

Pedro Miguel de Lemos Martins
Aluno Número 995011095
Departamento de Engenharia Informática
Faculdade de Ciências e Tecnologias
Universidade de Coimbra
Portugal
pmlemos@student.dei.uc.pt


 

           Resumo

           Apresentam-se alguns problemas demográficos que afectam o nosso planeta, como o excesso de habitantes, o envelhecimento da população e a escassez de recursos. A estes problemas são acrescentados os dados estatísticos actuais e as formas de resolver os problemas que devem ser implementadas.


           Palavras-chave

           Demografia
           Aumento populacional
           Explosão demográfica
           Envelhecimento da população
           Escassez de recursos


           Introdução

           Actualmente, a humanidade vive com alguns problemas demográficos: a população aumenta cerca de 80 milhões de habitantes por ano, tendo duplicado nos últimos 30 anos; a população está a envelhecer, aumento assim o número de indivíduos activos e diminuindo o número de passivos; os recursos agrícolas estão a aumentar para acompanhar o crescimento da população mas, em contrapartida, está-se a prejudicar o ambiente.

           Alguns especialistas afirmam que, devido a estes factos, a fome aumentará no mundo, com a morte de centenas milhões de pessoas mas outros, baseando-se em ocorrências anteriores, refutam essa ideia, pois já em 1968 se afirmava que “Ao longo dos anos 70 e 80, centenas de milhões de pessoas morrerão de fome…”. É certo que houve fome mas os números reais foram cem vezes menores que os anunciados pelos pessimistas de então.

           Seguidamente apresentam-se os factos e as previsões que apontam para um futuro não tanto negro como muitos o querem pintar.

 

           Os problemas demográficos

            A população mundial é, segundo um estimativa da ONU, de cerca de 6.1 biliões de pessoas. No ano passado, após o anúncio por parte dos EUA e da China dos resultados dos seus recenseamentos, um responsável do Instituto de Estudos Demográficos afirmou que os resultados estavam de acordo com o esperado, confirmando assim a fiabilidade das projecções da ONU a curto prazo (cerca de 20 anos). Esta fiabilidade deve-se ao facto de que as futuras mães já nasceram e pode-se então, calcular o número provável de filhos que terão, bem como a quantidade de pessoas que morrerão nesse espaço de tempo. A longo prazo, as projecções não são tão fiáveis.

            Esta estimativa tem, além da incerteza das projecções para o futuro, uma incerteza actual: os próprios números oficiais divulgados sobre os recenseamentos nos diversos países admitem margens de erro. E se, por exemplo, na França esse erro se situa nos 0.5%, equivalentes a 300.000 pessoas, na China e na Nigéria a incerteza pode significar mais de 20.000.000 de habitantes. Esta incerteza representa, a nível mundial e com base nos cálculos da ONU, uma diferença de 122.000.000 de pessoas. Se analisarmos a população estimada para o presente e a sua incerteza facilmente concluímos que podemos ainda não ter chegado aos 6.000.000, apesar de se ter festejado o nascimento do sexto bilionésimo ser humano a 12 de Outubro de 1999.

            Mas como vai ser, então, o crescimento da população mundial nos próximos anos? Após a análise do crescimento no passado, vários cenários se apresentam, desde uma baixa evolução demográfica até uma explosão demográfica. O gráfico seguinte ilustra esses diferentes cenários.


Gráfico 1 – Crescimento da População Mundial

 

            Um dos cenários que se coloca é o de explosão demográfica, com a população a seguir uma curva exponencial, com uma taxa de crescimento constante. Depois de séculos de baixo crescimento, assistiu-se a uma revolução demográfica a partir do século XVIII, com o aumento da taxa de crescimento. Mas, segundo os especialistas e para nosso bem, este aumento tem os dias contados e a taxa de crescimento tende a diminuir.

           Mas porque, então, este início de explosão? O melhoramento das condições de vida, associado aos progressos medicinais e à revolução industrial, fez com que a taxa de mortalidade infantil diminuísse substancialmente, disparando, então, o número de terrestres. A teoria da explosão demográfica ganhou contornos devido ao contínuo crescimento a uma taxa elevada, levando a projecções com números assustadores. Mas, essas projecções estavam completamente erradas porque a taxa de crescimento num passado muito recente (20 anos) mostra uma baixa significativa, passando de 5 filhos por mulher em1980 para 2.7 filhos actualmente. As estimativas para esta taxa no futuro apontam para algo entre 1.5 filhos por mulher (Baixa Evolução), 2.02 filhos por mulher (Média Evolução) e 2.5 filhos por mulher (Elevada Evolução). A diminuição da taxa de crescimento parece ser um facto certo, ficando, no entanto, por descobrir, qual o valor dessa taxa.

            Se a taxa de crescimento tende a diminuir, algo deve estar relacionado com isso, tal como houve razões para o seu aumento. Que está, então, na origem da diminuição? Uma das razões que levou à diminuição foi, também, aquela que levou ao anterior aumento, a diminuição da mortalidade infantil Como é que isso é possível? Simples! Ao notarem que mais crianças vivem, os pais apercebem-se que já não necessitam de muitos filhos para assegurar a descendência e que é mais fácil garantir um bom futuro para 2 ou 3 filhos do que para 7 ou 8. A melhoria no nível de educação também contribuiu para a diminuição da taxa de crescimento populacional, bem como a igualdade de direitos entre homens e mulheres. As jovens passaram a estudar até mais tarde, adiando assim o seu casamento e o primeiro filho. Este adiamento reduz a hipótese de ter muitos filhos. Também a contracepção contribuiu para este decréscimo do número de filhos por mulher, notando-se, a nível mundial, a diferença entre os países onde os meios contraceptivos são prática corrente e aqueles onde esses meios estão ainda pouco difundidos.

            Um outro problema demográfico mundial é o envelhecimento da população. Exceptuando a África, onde a epidemia da sida mata milhares de pessoas, a Esperança Média de Vida tem vindo a aumentar um ano em cada 4 / 5 anos. A Esperança Média de Vida no mundo era, em 1800, de 25 anos, estando hoje nos 66 anos e prevendo-se, para 2050, a chegada aos 76 anos. Este envelhecimento traduziu-se na quase quadruplicação do número de pessoas com mais de 65 anos nos últimos 50 anos. Este aumento tende a continuar conforme podemos observar no gráfico seguinte.

 


Gráfico 2 – Distribuição dos habitantes da Terra por grupos de idades

 

           Como consequência deste aumento, há um maior número de reformados, que provoca o problema do financiamento das reformas. Os sistemas de reforma foram concebidos no início do século passado, numa altura em que se começava a trabalhar por volta dos 13 anos e aos 60 era-se velho. Actualmente, uma pessoa com 60 anos não é velha e o primeiro emprego surge, em média, aos 20. Com os cuidados de saúde que se têm actualmente e com a diminuição do desgaste físico, uma pessoa chega à idade da reforma ainda em condições de continuar a trabalhar. Por esta razão, há quem defenda que se deve elaborar um novo modelo de reformas, que alargue o período de trabalho ou aumente o valor das contribuições.

            A escassez de alimentos é um dos maiores receios que se prevê que venha a acontecer devido ao aumento da população mas, segundo os especialistas, esse receio não tem razão de existir. Apesar do aumento da população, o nosso planeta alimenta melhor hoje os seus 6 biliões de habitantes do que em 1800 alimentava um bilião… Se a fome ainda afecta uma em cada sete pessoas, isso não é um problema de quantidade mas de distribuição e qualidade. Por exemplo, na Índia, as exportações de alimentos são maiores do que as importações. Mas, se por um lado, os recursos têm vindo a aumentar, por outro lado o ambiente tem vindo a ser destruído através da poluição dos solos com produtos químicos, da desflorestação e do efeito de estufa, por exemplo. O novo grande desafio será conseguir alimentar o nosso planeta sem o destruir.

 

           Conclusões

            Este trabalho visou alertar a população para alguns problemas demográficos existentes no nosso planeta. Tentou-se uma abordagem dos assuntos através de dados reais e não de ideias erradas que existem nas pessoas. Conclui-se que a tão falada explosão demográfica não deve ocorrer, o crescimento da população tende a diminuir, a população tende a envelhecer e os recursos alimentares não vão escassear.

 

          Agradecimentos

            O autor agradece ao professor da cadeira de “Comunicação Técnica e Profissional” da Licenciatura em Engenharia Informática pelo facto de ter sugerido a elaboração de um artigo.

 

           Referências

1.      Jomalepe, Pr., A terra espera o seu 6000000000º filho

2.      Pouilloux, David (2001) “A demografia em P&R”, Notícias Magazine, Nº 476, Someios – Edições e Publicidade, Lda., pp.38-46

3.      Introdução à demografia

4.      “O terceiro milénio – Um mundo de 6 biliões de Pessoas.” O que nos espera?
 


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