9. Que camada protocolar é o ATM?

Como provavelmente é evidente agora, o ATM é designado para troca de pacotes pequenos de comprimento fixo no hardware sob ligações de até Gbit/s ao longo de distâncias muito grandes. Deste modo o seu lugar no conceito de camadas protocolares é algures perto da camada de ligação lógica. Apesar disso não se ajusta perfeitamente ao modelo abstrato de camadas, porque dentro da própria rede ATM, as conexões ponto-a-ponto, o fluxo de controle e encaminhamento, são feitos pela camada de pacotes ATM. Logo existem alguns aspectos das tradicionais funções de camada alta presentes. No modelo de referência OSI, será considerado camada 2 (onde a camada 1 é a camada física e a camada 2 é a camada de ligação lógica no protocolo de camadas internet). Mas não é muito importante assinalar claramente qual a camada em que o ATM se integra, desde que seja reconhecido que é um protocolo de troca de pacotes implementável em hardware, usando pacotes com o comprimento fixo de 53 bytes.

O que é porventura mais relevante é como é que tudo isto vai interagir com as actuais redes TCP/IP e IP em geral, e com aplicações que querem comunicar com a camada ATM directamente. Um modelo conveniente para um interface ATM é considerá-lo outro porto de comunicações no sistema. Deste modo, de um ponto de vista de sistemas de software a camada ATM pode ser tratada como outro porto da camada de ligação de dados. Portanto em redes IP conectadas via gateway a redes ATM, o modelo não será diferente do que presentemente é para uma conexão de circuíto virtual transportado sob uma ligação STM excepto, que um pacote IP sob uma rede ATM é fragmentado em células na transmissão UNI, e reassemblado num pacote IP no destino UNI. Sendo assim, uma pilha de protocolos terá o seguinte aspecto:

Fig. 9.1 - Camadas protocolares.

Deste modo parece um porto ethernet numa host sendo atribuído um endereço IP, ao porto ATM pode também ser atribuído um endereço IP. Logo o software IP num router decide para que porto deve enviar um pacote baseado no endereço IP, e leva o pacote até esse porto. O porto depois sabe o que fazer com ele. Para um porto ethernet, o cabeçalho ethernet é assinalado e o Frame é transmitido em estilo ethernet. Similarmente, para um porto ATM, o datagrama IP é fragmentado em células para as quais a camada de adaptação ATM é especificada nos padrões. A fragmentação e reassemblagem é feita em hardware por quem envia e por quem recebe os dados. O rótulo VCI obtido na fase de estabelecimento da ligação, é colocado no cabeçalho de todas as células, sendo estas lançadas para a camada de ligação lógica ATM.

Para um interface directo para uma sequência de pacotes ATM de uma aplicação, novos interfaces tem de ser desenhados no software que possam fornecer a aplicação com mecanismos rápidos e fáceis de estabelecer a comunicação, transferir os dados, manter-se vivo, desligar-se e até controlar o nível de fluxo da aplicação. Neste caso os passos do processamento do software podem ter o seguinte aspecto:

Fig. 9.2 - Fases do processamento de software.

onde o manejamento de circuítos virtuais ATM representa software que percebe os cabeçalhos específicos ATM, liga e desliga as conexões, faz a multiplexagem da carga para as conexões devidas e responde a qualquer protocolo de sinalização padrão que seja empregue pelo interface ATM no UNI para a manutenção da conexão.


Página seguinte ...


Voltar à página inicial ...