Ética: Sucesso profissional e empresarial

Por:
Nuno Miguel Marques Carvalho
Comunicação Técnica e Profissional, Maio 2002
DEI - FCTUC
nmarques@student.dei.uc.pt

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' .... no exercício das suas tarefas profissionais, o engenheiro deve realizar-se a si próprio, contribuir para a valorização dos outros e dignificar o próprio trabalho. Assim se exprime, na diversidade das tarefas, a dimensão ética do trabalho do engenheiro'.

Resumo

São apresentadas algumas noções de ética, evidenciando a sua importância no mundo de hoje, pessoal e profissional. Demonstra-se a importância da ética a nível profissional, indicando algumas virtudes a cultivar para ter um comportamento ético. É também demonstrada a importância da ética a nível empresarial, contribuindo de forma substancial para o sucesso de uma empresa.


Palavras-chave

Ética, ética profissional, ética empresarial, código de ética, virtudes profissionais.


Introdução

Hoje em dia, com a concorrência cerrada existente, como ser um empresário agressivo sem deixar de lado a ética? Como ser um profissional super-motivado sem se esquecer da moral e normas de conduta?

Nestes tempos de globalização e reestruturação competitiva, as empresas que se preocupam com a ética e conseguem converter as suas preocupações em práticas efectivas, mostram-se mais capazes de competir com o sucesso e conseguem obter não apenas a satisfação e a motivação dos seus profissionais, mas também resultados compensadores nos seus negócios.

Ética, enquanto filosofia e consciência moral, é essencial à vida em todos os seus aspectos, seja pessoal, familiar, social ou profissional. Assim, enquanto profissionais e pessoas, dependendo de como se comportam, por exemplo, nas relações de trabalho, podem estar a colocar seriamente em risco a sua reputação, a sua empresa e o sucesso nos seus negócios [1].

Pretende-se assim, neste trabalho, explicar o que é a ética, a sua importância no mundo profissional e empresarial, e também algumas virtudes a cultivar de modo a ter uma atitude ética.

Através da leitura deste artigo é esperado que as pessoas tenham em atenção a ética no seu trabalho e que fomentem um comportamento ético junto das outras pessoas. .

 

Noção de ética

Ética é, segundo o dicionário, o domínio da filosofia que procura determinar a finalidade humana e os meios de a alcançar; ou a ciência que tem por objecto o juízo de apreciação com vista à distinção entre o bem e o mal. Ética também pode ser entendido como a moral, ou a ciência da moral.

Mas, na verdade ética é a parte da Filosofia que menos atrai a atenção da sociedade, já que trata de moral - normalmente entendida como uma preocupação secundária [2].

De uma forma geral, ética, como disciplina ou campo de conhecimento humano, refere-se à teoria ou aos estudos sistemáticos sobre a prática moral. A ética analisa e critica os fundamentos e os princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e conjuntos de valores morais.

Por outras palavras, ética é a ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos homens em sociedade.
Ética é o processo consciente ou intuitivo que nos ajuda a escolher entre vícios e virtudes, entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto. É a predisposição habitual e firme, fundamentada na inteligência e na vontade, de fazer o bem.

Ser ético é, portanto, procurar sempre o bem, combater vícios e fraquezas, cultivar virtudes, proteger e preservar a vida e a natureza. Também abrange toda a reflexão que fazemos sobre o nosso agir e sobre o sentido ou missão da nossa vida, bem como sobre os valores e os princípios que inspiram e orientam a nossa conduta, procurando a verdade, a prática de virtudes e a felicidade.

Não devemos confundir ética e moral. A ética não cria a moral nem estabelece os seus princípios, normas ou regras. Ela já encontra, numa dada sociedade ou grupo, a realidade moral vigente e parte dessa realidade para entender as suas origens, a sua essência, as condições objectivas e subjectivas dos actos morais e os critérios ou parâmetros que justificam os juízos e os princípios que regem as mudanças e sucessão de diferentes sistemas morais.

A ética também estuda e trata a responsabilidade do comportamento moral. A decisão de agir numa dada situação concreta é um problema prático moral; verificar se a pessoa podia ou não ter escolhido e agido de acordo com a decisão que tomou é um problema ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual os nossos actos estão sujeitos, Se o determinismo é total e vem de fora para dentro (normas de conduta pré-estabelecidas que devemos seguir) não há qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, portanto, para a ética.

 

Ética Profissional

Ética profissional é, segundo muitos autores, um conjunto de normas de conduta que devem ser postas em prática no exercício de qualquer profissão. É a acção reguladora da ética, agindo no desempenho das profissões, que faz com que o profissional respeite o seu semelhante quando no exercício da sua profissão.

A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com os clientes, visando a dignidade humana e a construção de bem-estar no contexto sócio-cultural onde este exerce a sua profissão.

A ética atinge todas as profissões e quando falamos de ética profissional estamos a referir-nos ao carácter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de estatutos e códigos específicos. Desta forma temos o código de ética dos médicos, dos advogados, dos engenheiros, etc.

Sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância é bastante acentuada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades sociais, pois envolvem pessoas que delas beneficiam.

A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na acção humana "o fazer" e o "agir" estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo o profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir refere-se à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho da sua profissão [3].

O indivíduo não deve esquecer a sua situação profissional; quanto mais importante e elevada for a actividade desempenhada, mais ela será projectada eticamente sobre o profissional, impondo-lhe uma conduta que não o prejudique como trabalhador, nem prejudique a profissão que exerce. Quanto mais transcendente e influente for a profissão, maior será o nível de exigência sob o ponto de vista ético, e maiores deveres imporá ao indivíduo.

Sendo assim, antes de exercer determinada profissão ou antes de ingressar numa faculdade, o estudante deve fazer uma opção profissional consciente. Feita a escolha, este deve preparar-se consciente e convenientemente para o exercício da futura actividade. Os bons profissionais são aqueles que, ao ingressar numa actividade, o façam em consciência, com dignidade e não apenas com o objectivo de obter lucro e realização fácil. Na verdade, todas as profissões e, com elas, toda a sociedade, sofrerão quando exercidas por indivíduos inaptos, desajustados e sem nível ético condigno [4].

Constata-se assim o forte conteúdo ético presente no exercício profissional e a sua importância na formação de recursos humanos.

Virtudes profissionais

Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento da actuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão.
Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer da sua actividade profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.

Segundo Clauss Moller, a associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa são fundamentais para a formação de recursos humanos. O futuro de uma carreira depende dessas virtudes.

O senso de responsabilidade é o elemento fundamental da empregabilidade. Sem responsabilidade a pessoa não pode demonstrar lealdade, nem espírito de iniciativa. Uma pessoa que se sinta responsável pelos resultados da equipa terá maior probabilidade de agir de maneira mais favorável aos interesses desta e dos seus clientes, dentro e fora da organização. A consciência de que se possui uma influência real constitui uma experiência pessoal muito importante.

A lealdade é o segundo dos três principais elementos que compõe a empregabilidade. Um funcionário leal sente-se feliz quando a organização ou o seu departamento é bem sucedido, defende a organização, tomando medidas concretas quando ela é ameaçada, tem orgulho em fazer parte da organização, fala positivamente sobre ela e defende-a contra críticas.
Lealdade significa fazer críticas construtivas, mas mantendo-as dentro do âmbito da organização. Significa agir com a convicção de que o seu comportamento vai promover os legítimos interesses da organização.

As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma terceira, a iniciativa, capaz de colocá-las em movimento.

Tomar a iniciativa de fazer algo no interesse da organização significa ao mesmo tempo, demonstrar lealdade pela organização. Num contexto de empregabilidade, tomar iniciativas não quer dizer apenas iniciar um projecto no interesse da organização ou da equipa, mas também assumir responsabilidade pela sua complementação e implementação. [5]

Para além destas pode-se acrescentar outras qualidades importantes no exercício de uma profissão [3]:
o Honestidade
o Sigilo
o Competência
o Prudência
o Coragem
o Perseverança
o Compreensão
o Humildade
o Imparcialidade
o Optimismo

Código de ética

Um código de ética é um acordo explícito entre os membros dum grupo social: uma categoria profissional, um partido político, uma associação civil etc. O seu objectivo é explicitar como aquele grupo social, que o constitui, pensa e define a sua própria identidade política e social; e como aquele grupo social se compromete a realizar os seus objectivos particulares de um modo compatível com os princípios universais da ética.

Um código de ética começa pela definição dos princípios que o fundamentam e articula-se em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres.

Ao definir direitos, o código de ética cumpre a função de delimitar o perfil do seu grupo. Ao definir deveres, abre o grupo à universalidade. Esta é a função principal de um código de ética. A definição de deveres deve ser tal que, por seu cumprimento, cada membro daquele grupo social realize o ideal de ser humano [3].

Em anexo pode-se ver partes do código de ética da ordem dos engenheiros, onde são mostrados os deveres de um engenheiro.

Este código resulta de um 'Projecto de Código Deontológico' que a Ordem dos Engenheiros publicou em 1989, ref. 9, do qual se retira a afirmação ' .... no exercício das suas tarefas profissionais, o engenheiro deve realizar-se a si próprio, contribuir para a valorização dos outros e dignificar o próprio trabalho. Assim se exprime, na diversidade das tarefas, a dimensão ética do trabalho do engenheiro'.

 

Ética Empresarial

A ética empresarial atinge as empresas e organizações em geral. A empresa necessita de se desenvolver de tal forma que a ética, a conduta ética dos seus integrantes, bem como, os valores e convicções primários da organização, tornam-se parte da sua cultura.

Segundo Karl Marx, a ética é uma expressão das relações económicas. As empresas têm como meta o lucro, de modo que para cumprir essa finalidade elas gerem relações com os empregados, clientes, fornecedores, governo e sociedade, e concorrentes. Desta forma, como enfrentar a concorrência, cada vez maior, sem recorrer a truques sujos?

Temos, por exemplo, a seguinte situação hipotética:
Você é um mega-empresário de Informática, líder mundial do mercado de Sistemas Operativos. Mas quer mais, alguns biliões de Euros irão torná-lo 10% mais feliz. Será que você venderia um produto que é o top de vendas em conjunto com um browser Web, um novo produto, de qualidade inferior ao da concorrência? Bill Gates fez isso, vendeu o S. O. Windows com o Internet Explorer e desta forma ultrapassou a Netscape, que tinha um produto melhor. Por causa disso Bill Gates teve de enfrentar um longo processo em tribunal. Ou seja, a falta de escrúpulos pode colocar-nos em maus lençóis.

Nas empresas, o estrago de uma atitude anti-ética pode ter um impacto muito grande. Falhas éticas "arranham" a imagem da empresa e levam-nas a perder clientes e fornecedores importantes, dificultando o estabelecimento de parcerias, pois na hora de dar as mãos, além de levantar as afinidades culturais e comerciais, as empresas também verificam se existe compatibilidade ética entre elas.

Recuperar a imagem de uma empresa é uma tarefa muito difícil. Quando uma companhia age correctamente, o tempo de vida desse facto na memória do público é de cinco minutos, mas a lembrança de uma transgressão à ética pode durar cinquenta anos. A percepção do público tem um impacto directo sobre os lucros da empresa e a empresa que quiser competir com sucesso nos mercados nacional e mundial, terá que manter uma sólida reputação de comportamento

Os líderes empresariais descobriram que a ética passou a ser um factor que agrega valor à imagem da empresa.

Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus actos, as empresas (que são formadas por indivíduos) passaram a ter a sua conduta mais controlada e analisada, sobretudo após a edição de leis que visam a defesa de interesses colectivos.

A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efectiva de valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros..

Nessa dimensão ética distinguem-se dois grandes planos de acção que são propostos como desafio às organizações: de um lado, em termos de projecção dos seus valores para o exterior, fala-se em empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade social, etc.
Por outro lado, sob a perspectiva do seu público mais próximo, como executivos, empregados, colaboradores, fornecedores, accionistas, fazem-se esforços para a criação de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando a filosofia da organização e os princípios do direito.

Muitas empresas de respeito empreendem um esforço organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre os seus empregados. Para tal, criam princípios e valores que são transformados em baluartes da organização. Através deles, implantam códigos de ética, idealizam programas de formação para os seus executivos e empregados, criam comités de ética, capacitam líderes que percorrem os estabelecimentos da organização incentivando o desenvolvimento de um clima ético, além de outras acções.

Nessa perspectiva, as empresas que utilizam todos estes instrumentos, conquistam um clima muito favorável à assimilação, por parte de todos os seus colaboradores, daqueles princípios e valores, que pouco a pouco vão-se disseminando por toda a organização. Adquirem a consciência de que a ética nasce de um imperativo, que emerge de uma convicção interior, reclamando coerência entre os princípios defendidos e as atitudes tomadas.

Com efeito, a empresa que desenvolve programas de ética, preocupando-se com a criação e desenvolvimento de clima ético no ambiente de trabalho, terá agregada à sua imagem um excelente factor de competitividade [6].

E como é uma empresa ética? Bem, na verdade quem tem ou deixa de ter comportamento ético são as pessoas que a dirigem e que nela trabalham.

Receitas prontas quando se trata de ética podem ser inúteis. Porém alguns cuidados podem manter uma empresa em terreno mais seguro [2]:
1. Saber exactamente quais são os seus limites éticos. Não fazer nada que não se possa assumir em público.
2. Avaliar detalhadamente os valores da empresa. Verificar se eles combinam com os seus.
3. Trabalhar sempre com base em factos. Cuidado com as suposições.
4. Avaliar os riscos de cada decisão que se tomar. Avaliar as consequências de cada acto em relação a todos os envolvidos.
5. Saber que, mesmo ao optar pela solução mais ética, poderá envolver-se em situações delicadas.
6. Ser ético significa, muitas vezes, perder dinheiro, status, benefícios.

 

Conclusão

Com este artigo pretendeu-se dar uma noção de ética, explicar o que é a ética profissional e sua importância no exercício de uma profissão, virtudes a cultivar e o que é a ética empresarial e qual a sua importância para o sucesso da empresa.

É esperado que ao ler este artigo a pessoa sinta vontade de ter uma atitude ética no seu trabalho e perante a restante sociedade. Pois esta é deveras importante para o sucesso pessoal. Sem ética não se pode esperar grandes resultados pois, mais cedo ou mais tarde, se tornará visível aos olhos dos outros a falta de ética, que tornará essa pessoa ou empresa mal vista aos olhos dos outros, denegrindo de forma drástica a sua imagem.

 

Referências

1. Filho, Pedro de Souza, "Ética nas organizações modernas", http://www.rh.com.br/ler.php?cod=3203
2. Revista Você SA, (Julho 2000), "Você aceitaria uma comissão do seu fornecedor", http://www.mercosulsearch.com.br/magazine/prod_semana1610.htm
3. Anónimo, "Ética profissional", http://www.unai.ada.com.br/etica/index_etica_profissional.htm
4. Anónimo, "Ética profissional", http://www.direitovirtual.com/dc/etica_profissional.htm
5. Moller, Clauss, (1996) Revista Exame, p.103-104
6. Anónino, http://www.academus.pro.br/eticaempresarial/index.htm

Anexo A

Estatuto da Ordem dos Engenheiros, decreto-lei 119/92 de 30 de Junho, ref.8 :
....
deveres decorrentes do exercício da actividade profissional


art. 86 - Deveres do engenheiro para com a comunidade

" 1 - É dever fundamental do engenheiro possuir uma boa preparação, de modo a desempenhar com competência as suas funções e contribuir para o progresso da engenharia e da sua melhor aplicação ao serviço da Humanidade.
" 2 - O engenheiro deve defender o ambiente e os recursos naturais.
" 3 - O engenheiro deve garantir a segurança do pessoal executante, dos utentes e do público em geral.
" 4 - O engenheiro deve opor-se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem comum, do seu trabalho.
" 5 - O engenheiro deve procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a economia e a qualidade da produção ou das obras que projectar, dirigir ou organizar.


art. 87 - Deveres do engenheiro para com a entidade empregadora e para com o cliente

" 1 - O engenheiro deve contribuir para a realização dos objectivos económico-sociais das organizações em que se integre, promovendo o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos e das condições de trabalho, com o justo tratamento das pessoas.
" 2 - O engenheiro deve prestar os seus serviços com diligência e pontualidade, de modo a não prejudicar o cliente nem terceiros, nunca abandonando, sem justificação, os trabalhos que lhe forem confiados ou os cargos que desempenhar.
" 3 - O engenheiro não deve divulgar nem utilizar segredos profissionais ou informações, em especial as científicas e técnicas obtidas confidencialmente no exercício das suas funções, salvo se, em consciência, considerar poderem estar em sério risco exigências de bem comum.
" 4 - O engenheiro só deve pagar-se pelos serviços que tenha efectivamente prestado e tendo em atenção o seu justo valor.
" 5 - O engenheiro deve recusar a sua colaboração em trabalhos cujo pagamento esteja subordinado à confirmação de uma conclusão predeterminada, embora esta circunstância possa influir na fixação da remuneração.
" 6 - O engenheiro deve recusar compensações de mais de um interessado no seu trabalho quando possa haver conflitos de interesses ou não haja o consentimento de qualquer das partes.

art. 88 - Deveres do engenheiro no exercício da profissão

" 1 - O engenheiro, na sua actividade associativa profissional, deve pugnar pelo prestígio da profissão e impor-se pelo valor da sua colaboração e por uma conduta irrepreensível, usando sempre de boa fé, lealdade e isenção, quer actuando individualmente, quer colectivamente.
" 2 - O engenheiro deve opor-se a qualquer concorrência desleal.
" 3 - O engenheiro deve usar da maior sobriedade nos anúncios profissionais que fizer ou autorizar.
" 4 - O engenheiro não deve aceitar trabalhos ou exercer funções que ultrapassem a sua competência ou exijam mais tempo do que aquele de que disponha.
" 5 - O engenheiro só deve assinar pareceres, projectos ou outros trabalhos profissionais de que seja autor ou colaborador.
" 6 - O engenheiro deve emitir os seus pareceres profissionais com objectividade e isenção.
" 7 - O engenheiro deve, no exercício de funções públicas, na empresa e nos trabalhos ou serviços em que desempenhar a sua actividade, actuar com a maior correcção e de forma a obstar a discriminações ou desconsiderações.
" 8 - O engenheiro deve recusar a sua colaboração em trabalhos sobre os quais tenha de se pronunciar no exercício de diferentes funções ou que impliquem situações ambíguas.

art. 89 - Dos deveres recíprocos dos engenheiros

" 1 - O engenheiro deve avaliar com objectividade o trabalho dos seus colaboradores, contribuindo para a sua valorização e promoção profissionais.
" 2 - O engenheiro apenas deve reinvidicar o direito de autor quando a originalidade e a importância relativas da sua contribuição o justifiquem, exercendo esse direito com respeito pela propriedade intelectual de outrem e com as limitações impostas pelo bem comum.
" 3 - O engenheiro deve prestar aos colegas, desde que solicitada, toda a colaboração possível.
" 4 - O engenheiro não deve prejudicar a reputação profissional ou as actividades profissionais de colegas, nem deixar que sejam menosprezados os seus trabalhos, devendo quando necessário, apreciá-los com elevação e sempre com salvaguarda da dignidade da classe.
" 5 - O engenheiro deve recusar substituir outro engenheiro, só o fazendo quando as razões dessa substituição forem correctas e dando ao colega a necessária satisfação.
....