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Robert Stephnson Smith Baden Powell, nasceu
em Londres, a 22 de Fevereiro de 1857 e foi o quinto dos sete filhos do
casal Baden Powell. Seu pai, Reverendo H.G. Baden Powell era pastor da
igreja anglicana, sua mãe, Henriqueta Smith era filha do Almirante
Wiliam Smith. O pequeno BP conhecido entre os familiares e amigos por
Ste, era uma criança magra, nervosa, rosto miúdo, inteligente
e esperto.
O pai morreu quando BP tinha ainda 3 anos,
ficando a sua mãe com sete filhos para criar: o mais velho com
12 anos e o mais novo somente com um mês de vida.
Henriqueta não se apavorara com esta
difícil missão, assumindo o papel de mãe meiga, mas
ao mesmo tempo enérgica e forte. No tempos livres ela gostava de
levar os filhos a passear pelos bosques, explorando a natureza e descobrindo
em conjunto os segredos dos animais de das plantas. Entregou a cada filho
uma porção de horta para que a cultivassem; depois todos
comiam o que cada um produzia. O irmão mais velho de BP, Warington,
era muito aventureiro levando muitas vezes o jovem Ste com ele. Recorda
BP: “...à noite acampávamos ao ar livre e cozinhávamos
as nossas refeições, adquirido os víveres nas fazendas
e nos lugares por onde passávamos ... também pescávamos
muito ”. BP regressava de férias com os joelhos arranhados,
com calos nas mãos e os músculos fortalecidos, mas sobretudo
com muitas aventuras vividas em contacto com a natureza e muitos conhecimentos
e recordações da flora e da fauna da região.
Logo na escola primária BP escreve
a seguinte frase “Quando for grande farei com que os pobres sejam
tão ricos como nós, eles devem, como nós, ter o direito
à felicidade”.
Mais tarde Ste ingressa na escola de Chaterhouse
(1870), em Londres. BP era um aluno médio, mas com grande propensão
para o desenho, teatro, desporto (futebol) e ciências naturais.
Ste, adorava passar horas a fio na pequena mata de Chaterhouse a observar
e conviver com os animais e com as plantas.
O director do colégio afirmava “este
rapaz vale mais do que o seu trabalho de classe faz supor”
Terminado o colégio BP tinha que
escolher uma carreira. Com 19 anos sonhava com novas aventuras e viagens,
quis por isso ser missionário; sua mãe foi claramente contra
e conseguiu convence-lo a não o fazer. Robert escolhe então
a carreira militar.
No exame de admissão para o exército,
entre 700 candidatos, foi classificado em 2º lugar para cavalaria
e em 4º lugar para infantaria. Devido a esta brilhante classificação
ficou isento de treino militar. o que lhe deu dois anos de avanço.
Em 11 de Setembro de 1876, Baden Powell
foi nomeado Sub-Tenente (Alferes) do regimento Hussards nº 13 que
cumpria uma missão na Índia. Em 6 de Setembro do mesmo ano
já estava em Bombaim.
O seu desempenho neste regimento foi bastante
bom e em 1883, com apenas 26 anos foi promovido a capitão.
Em 1886 partiu para a Rússia com
o seu irmão, oficial da polícia escocesa, para serviço
de espionagem militar, onde viveu inúmeras aventuras, tendo inclusivamente
experimentado o cativeiro, do qual conseguiu escapar.
Em 1887, os Zulos revoltam-se e BP, nesse momento na África do
Sul é escolhido para acompanhar o Major McKean numa missão
com o objectivo de socorrer os ingleses e esmagar a revolta dos Zulos.
Nessa sangrenta batalha com os Zulos, BP jamais esqueceria o INGONYAMA
(o célebre coro dos zulos em marcha) e para sempre ficou marcado
por aquele enorme massacre, onde a nobreza e a coragem dos zulos foi impotente
contra o poder bélico britânico.
Os feitos e as aventuras militares de BP não pararam, o seu sucesso
com as ferozes tribos dos guerreiros Achantis e com os selvagens Matabeles
não deixou ninguém indiferente. Os indígenas tinham-lhe
tanto medo que lhe chamaram IMPISA – o lobo que não dorme;
por causa da sua audácia, da sua habilidade de explorador e da
sua perícia em seguir pistas. As promoções de B-P,
eram tão frequentes que em 1899, aos 32 anos era já coronel.
“O Cerco de Mafeking”
Em 1899 era grande a agitação na África do Sul. As
relações entre os Ingleses e o Governo da república
do Transval, tinham chegado ao ponto de ruptura. B-P recebeu ordens para
formar dois batalhões de carabineiros montados e dirigir-se a Mafeking,
pois afirmava-se que "quem possuísse Mafeking teria nas mãos
as rédeas da África do Sul".
Mafeking era uma vilória, mas era um importante ponto estratégico
pois possuía uma linha de comboio. A BP foi dada a missão
de defender Mafeking dos Boers (colonos brancos da África do Sul
de descendência holandesa). Quando começou o cerco desproporção
de forças era enorme (1 para 9). Confrontado com esta escassez
de efectivos, Robert lembrou-se de utilizar em pequenas tarefas os rapazes
e adolescentes a partir dos nove anos. Muitos deles tinhas bicicletas
e puderam servir de estafetas, mensageiros para a distribuição
do correio, sentinelas e muitos outros serviços, que desempenhavam
com coragem e grande risco. Os êxitos destes rapazes entusiasmou
Baden Powell.
Durante 217 dias B-P defendeu Mafeking resistindo ao gigantesco cerco
imposto pelos Boers, até que no dia 18 de Maio de 1900 lhe chegaram
reforços. A cidade nunca foi tomada. BP era agora um herói
militar conhecido em toda a Inglaterra. Com este retumbante sucesso, Baden
Powell foi promovido a General com apenas 43 anos de Idade (O general
mais novo do império).
Foi como herói de homens e de rapazes
que em 1901 regressou da África do Sul à Inglaterra, para
ser cumulado de honrarias e para descobrir, com grande espanto seu, que
a sua popularidade se estendera ao seu livro "Aids to Scouting",
destinado ao exército. Estava a ser usado como livro de texto nas
escolas masculinas.
B-P viu nisto um chamamento especial. Compreendeu que tinha agora excelente
ocasião para ajudar os rapazes da sua pátria a converterem-se
em jovens fortes. Se um livro sobre exploração destinado
a homens havia atraído tanto os rapazes, quanto mais os atrairia
um livro escrito para eles.
Pôs mãos à obra, aproveitando as suas experiências
na Índia e na África, entre os Zulos e outras tribos selvagens.
Reuniu uma biblioteca especial de livros, que leu, a respeito da educação
dos rapazes através dos tempos – desde os Espartanos, antigos
Bretões, Peles Vermelhas, até aos nossos dias.
Lenta e cuidadosamente B-P foi desenvolvendo a ideia do escutismo. Para
ter a certeza de que daria resultado, no verão de 1907 levou consigo
um grupo de 20 rapazes para a Ilha de Brownsea, para realizar o primeiro
acampamento escutista de todos os tempos. Este acampamento foi um grande
êxito.
A seguir nos primeiros meses de 1908, publicou
em seis prestações quinzenais, ilustradas por ele próprio,
o seu manual de instrução Escutismo para Rapazes, sem imaginar
que este livro iria desencadear um movimento que haveria de afectar os
rapazes do mundo inteiro.
Mal Escutismo para Rapazes começara a aparecer nas livrarias e
nos quiosques, começaram a surgir patrulhas e grupos escutistas,
não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países.
A obra cresceu cada vez mais e em 1910 tomara já tais proporções,
que B-P, compreendeu que o escutismo ia ser a obra da sua vida. Teve a
visão e a fé de reconhecer que poderia fazer mais pela sua
pátria educando os jovens formando-os como bons cidadãos,
do que instruindo alguns homens para serem bons soldados.
Abandonou o exército e embarcou na sua segunda vida, como ele lhe
chamava – vida de serviço para o mundo por meio do escutismo.
A sua recompensa teve-a na expansão do escutismo, no amor e no
respeito dos rapazes de todo o mundo.
Em 1912 empreendeu uma viagem à volta do mundo para visitar os
escuteiros de muitos países. Foi este o primeiro começo
da fraternidade mundial escutista. Em 1920, reuniram-se em Londres, vindos
de todas as partes do mundo, muitos escuteiros para formarem a primeira
reunião internacional escutista – o primeiro jambori mundial.
Na última noite desse jambori, em 6 de Agosto de, B-P, foi proclamado
e aclamado Escuteiro Chefe Mundial.
No dia em que o movimento escutista fez
21 anos de idade, contava mais de dois milhões de membros, em praticamente
todos os países do mundo. Nessa altura B-P recebeu do seu rei Jorge
V, a honra do baronato com o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell…Todavia
para os escuteiros será sempre "B-P Escuteiro Chefe Mundial".
O primeiro Jambori mundial, foi seguido de muitos outros. Mas os jamboris
foram apenas parte do seu esforço para constituir a fraternidade
mundial do escutismo. B-P viajou muito em prol do escutismo, correspondia-se
com os dirigentes escutistas de muitos países e continuava a escrever
sobre assuntos escutistas, ilustrando os seus livros e artigos com os
seus próprios desenhos.
Quando finalmente, chegado aos 80 anos as
forças lhe começaram a faltar, voltou para a sua terra amada
em companhia de sua esposa, que fora colaboradora entusiástica
de todos os seus trabalhos e que além disso, era chefe das Guias
– Obra também criada por Baden-Powell.
Instalaram-se no Quénia, num lugar tranquilo, com uma magnifica
perspectiva de milhas de florestas e montanhas cobertas de neve.
Aí faleceu a 8 de Janeiro de 1941 – pouco mais de um mês
antes de completar 84 anos.
ÚLTIMA MENSAGEM DE BP
"Caros escuteiros:
Se já vistes a peça Peter
Pan, haveis de recordar-vos de como o chefe dos piratas estava sempre
a fazer o seu discurso de despedida, porque receava que, quando lhe chegasse
a hora de morrer, talvez não tivesse tempo para o fazer. Acontece-me
coisa muito parecida e por isso, embora não esteja precisamente
a morrer, morrerei qualquer dia e quero mandar-vos uma palavra de despedida.
Lembrai-vos de que é a última palavra que vos dirijo, por
isso meditai-a.
Passei uma vida felicíssima e desejo que cada um de vós
seja igualmente feliz.
Crei que Deus nos colocou neste mundo encantador para sermos felizes e
apreciarmos a vida. A felicidade não vem da riqueza, nem simplesmente
do êxito de uma carreira, nem dos prazeres. Um passo para a felicidade
é serdes saudáveis e fortes enquanto sois rapazes, para
poderdes ser úteis e gozar a vida quando fordes homens.
O estudo da natureza mostrar-vos-à as coisas belas e maravilhosas
de que Deus encheu o mundo para vosso deleite. Contentai-vos com o que
tendes e tirai dele o maior proveito que puderdes. Vede sempre o lado
melhor das coisas e não o pior.
Mas o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir
para a felicidade dos outros. Procurai deixar o mundo um pouco melhor
de que o encontrastes e quando vos chegar a vez de morrer, podeis morrer
felizes sentindo que ao menos não desperdiçastes o tempo
e fizestes todo o possível por praticar o bem. Estai preparados
desta maneira para viver e morrer felizes - apegai-vos sempre à
vossa promessa escutista - mesmo depois de já não serdes
rapazes e Deus vos ajude a proceder assim."
O Vosso Amigo
BP
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