Igreja Matriz
de Penacova
Dedicada a Nossa Senhora da
Assunção. O actual edifício data quase todo da grande
reforma da segunda metade do século XVI. Tem várias capelas
no estilo do maneirismo coimbrão, dignas de interesse. Na sacristia
guarda-se uma lápide romana do século I que atesta o povoamento
e romanização da vila nesta época. Os condes de Odemira
e mais tarde duques de Cadaval, que eram os donatários da vila,
tinham nesta igreja a capela privativa de Nossa Senhora da Graça.
A Igreja pertencia ao padroado do Mosteiro de Santa clara, de Coimbra.
Pelourinho de
Penacova
Encontra-se hoje transformado
em cruzeiro. Situa-se junto ao local do antigo castelo, tendo na sua base
algumas pedras medievais, dele procedentes. O castelo, que deveria ter
sido construído nos séculos IX-X, desapareceu por completo.
Foi um baluarte cristão nas lutas contra os muçulmanos devendo
ter sofrido alguns reveses, pelo que a vila acabou por ter que ser repovoada
por D. Sancho I que lhe deu foral em 1192. O foral manuelino tem a data
de 31 de Dezembro de 1513.
Capela de Nossa
Senhora do Mont'Alto
Situa-se no alcantilado Mont'Alto,
a norte de Penacova.
É um santuário
de Montanha, modesto mas airoso, cujas origens podem remontar até
à época pré-histórica. A construção
actual é do século XVIII, mas tem elementos mais antigos.
Foi no passado um importante centro de romaria a que concorriam todas as
populações em redor. Dada a sua formidável posição
estratégica foi o monte ocupado pelas forças anglo-lusas,
durante batalha do Buçaco.
Capela de Nossa
Senhora da Moita
Encontra-se na povoação
de Gondelim, freguesia de Penacova, havendo a seu respeito curiosas lendas.
Numerosos documentos do Mosteiro de Lorvão atestam a existência
desta povoação no século X. Ali se instalaram os pais
da célebre Mumadona, fundadora de Guimarães.
Pelourinho de
Carvalho
Situa-se a antiga vila de Carvalho
nas faldas da serra do mesmo nome, ou do Cântaro (abas do Buçaco).
O povoamento primitivo data de meados do século XI. Nos começos
do século XII pertencia a Domingos Feirol que, com sua mulher, D.
Belida, foi o instituidor do morgado de Carvalho, o qual, esteve na origem
da vila e concelho.
Aqui existiu o solar dos Carvalhos,
família que deu às praças de África diversos
capitães, com destaque para Álvaro de Carvalho, capitão-mor
de Mazagão no cerco de 1562. Os morgados de Carvalho foram também
os ascendentes dos condes de Oeiras e marqueses de Pombal.
A vila teve foral manuelino
em 8 de Junho de 1514. O pelourinho é também do século
XVI, da época manuelina. Tem uma pinha muito singela ornada com
o escudo nacional de coroa aberta e a cruz, de Cristo.
Capela de Santo
António do Cântaro
No modesto povoado de Santo
António do Cântaro, ao lado da antiga estrada de Coimbra a
Viseu, situa-se esta capela, pertencente à freguesia de Carvalho.
Foi sede da albergaria instituída em 1215 por Bartolomeu Domingues,
mas já posta em prática por sua mãe, D. Belida, senhora
de Carvalho, com a obrigação de três camas permanentes
e, nos meses de Julho, Agosto e Setembro, um cântaro cheio de água
e um púcaro, para os viandantes se dessedentarem. Foi cenário
de lutas durante a batalha do Buçaco.
Igreja Matriz
de S. Pedro de Alva
Pertence a duas épocas
construtivas: os séculos XVI e XVIII. A povoação teve
até ao princípio do presente século o nome de Farinha
Podre e foi um dos concelhos constitucionais, extinto em 1852, abrangendo
a região natural da Gasconha. Anteriormente era um morgado anexo
ao senhorio de Góis, donde um ramo da família tomou o apelido
de Farinha.
Mosteiro de Lorvão
A fundação deste
mosteiro remonta ao século VI, de acordo com as memórias
relatadas pelos cronistas monásticos, corroboradas por uma pedra
de ornato visigótico que se encontra incrustada na torre dos sinos.
Foi o seu primeiro abade um certo Lucêncio, mais tarde bispo de Conímbriga,
que assistiu a um concílio de Braga em 561. Os monges que o vieram
fundar dedicaram-no aos mártires orientais S. Mamede e S. Pelágio.
Deveriam ter seguido uma regra do monarquismo hispânico, dado que
a regra de S. Bento só veio a ser adoptado no século XI.
Nebulosos e lendários
são os primeiros séculos da instituição pois
os mais antigos documentos escritos fidedignos apenas surgem na sequência
da reconquista cristã de Coimbra de 878. A partir desta época
o Mosteiro de Lorvão desempenhou um importante papel no fomento
agrário e repovoamento da região. As doações
dos fieis e ricos-homens conduziram-no a grande prosperidade, permitindo-lhe
cada vez mais alargar a sua esfera de influência, só interrompida
com a nova investida dos muçulmanos em 987, mas definitivamente
afastados em 1064. Os seus abades converteram-se em figuras de primeiro
plano; atingiu-se um alto nível cultural. testemunhado pelos livros
copiados e iluminados como o livro das Aves (1183) e o Comentário
ao Apocalipse (1189).
Em 1205 sofreu o mosteiro profunda
reforma, operada pela ex-raínha de Leão e filha de D. Sancho
I, D. Teresa. A fama que ela deixou de suas virtudes. bem como sua irmã,
D. Sancha, fundadora do mosteiro de Celas, em Coimbra levou-as a alcançar
a honra dos altares, em 1705. Os restos mortais das duas santas encontram-se
hoje na capela-mor da igreja. Esta reforma fez de Lorvão a primeira
comunidade feminina da ordem de Cister em Portugal.
Por volta de 1337 o mosteiro
foi colocado sob a invocação de Santa Maria, como era uso
nas casa Cistercienses. Na longa história cisterciense de Lorvão
contam-se vários períodos de grande fervor religioso e de
não menor esplendor artístico, sendo memoráveis os
abadessados de D. Catarina d'Eça (1472-1521), D. Bernarda de Alencastre
(1560-1564), D. Bernarda Teles de Meneses (1712-1715 e 1721-1724), além
de outros. Não faltam também, épocas de perturbação
umas vezes relacionadas com a eleição das abadessas, como
no caso de D.Filipa d'Eça (1537), outras com a conjuntura política,
como durante as invasões napoleónicas ou após a revolução
liberal.
Foi, aliás, a revolução
de 1820 que provocou a decadência irremediável da comunidade,
dando início à depredação de todas as riquezas
acumuladas durante séculos. Espoliadas dos seus bens, as últimas
monjas de Lorvão acabaram praticamente na miséria.
Quase tudo o que resta hoje
em Lorvão é fruto das reformas dos edifícios operadas
nos séculos XVII e XVIII. O mosteiro ficou então com quatro
dormitórios, noviciaria. hospício e hospedaria, coro, igreja,
dois claustros, refeitório, sala capitular, enfermaria, botica,
cartório, oficinas, celeiro e outras dependências. Alem da
igreja, coro e claustros, restam apenas os cascos; do hospício e
dois dormitórios. Na fachada voltada ao exterior destacam-se os
arcos da portaria e da igreja.
A Igreja é uma construção
magnífica, levada a cabo entre 1748 e 1761, luminosa de proporções
clássicas e monumentais e decoração sóbria.
Segue o estilo joanino de Mafra, mas numa visão mais intimista,
que é a do rococó. Nela são especialmente merecedores
de atenção: a porta da entrada de pau preto com aplicações
de bronze dourado; as grandes telas de Pascoal Parente, nos altares sob
o zimbório, representando S. Bernardo e S. Bento; os túmulos
de prata de Santa Teresa e Santa Sancha, feitos em 1715 pelo ourives portuense
Manuel Carneiro da Silva, que se encontram nos altares da capela-mor.
Na Sacristia podem-se admirar
três grandes tábuas pintadas em 1623 por Miguel de Paiva,
além de outras obras de pintura, designadamente dos italianos Agostino
Masucci e Pascoal Parente.
Na Sala do Capítulo
encontra-se provisoriamente instalado o museu que tem algumas peças
de grande merecimento artístico. Para além de pinturas, cerâmica,
mobiliário e tapeçaria dos séculos XVII e XVIII, destacam-se
as esculturas de S. Bento e S. Bernardo, de cerca de 1510, além
de um Cristo do século XV. Entre os paramentos salienta-se o véu
da píxide, bordado a ouro e aljôfar, e das peças de
ourivesaria são notáveis uma virgem com o Menino, do início
do século XVII, e a custódia, de cerca de 1760, primorosa
obra de ourivesaria de Lisboa.
A separação entre
a Igreja e o coro é feita através de uma grade de ferro forjado
com aplicações de bronze dourado, única no seu género
no país. Sobre ela se ergue o órgão de 61 registos,
obra de António Xavier Machado Cerveira, datado de 1795 e com a
característica invulgar de ter duas fachadas opostas, compostas
de um delicado rococó.
Num dos altares do coro encontra-se
a formosa imagem de Nossa Senhora da Vida, do século XIV, também
conhecida por Santa Maria do Lorvão. Mas o que ali mais desperta
a admiração é, sem dúvida, o vasto cadeiral,
terminado pouco antes de 1748, pela delicadeza dos ornatos, pela espiritualidade
dos santos esculpidos sobre as cadeiras e pela nota de fantasia dada pelas
máscaras existentes na parte inferior dos assentos. O jacarandá
preto do Brasil e a nogueira, únicos materiais utilizados, na sua
cor natural, contribuem em grande parte para acentuar a sua beleza.
O claustro é um recinto
acolhedor e harmonioso, edificado em duas grandes campanhas: 1597 (arcadas
do piso térreo) e 1677 (sobreclaustro). É bordejado por 13
capelas devocionais. Hoje despojadas, construidas durante todo o século
XVII, a partir de 1601.