É verdade que, numa empresa, os recursos materiais e os investimentos são importantes, no entanto,
na grande maioria dos casos não são eles que trazem às organizações a vantagem competitiva e estratégica
que estas necessitam para sobreviverem e properarem no mercado dos dias de hoje.
Actualmente,
do ponto de vista estratégico, o bem mais importante de uma organização é o conhecimento, o seu capital
intelectual. A Gestão do Conhecimento é o novo paradigma da gestão de Informação e das Tecnologias da
Informação.
O que é gestão do conhecimento ?
O grupo Gartner sugere que "Gestão de Conhecimento
promove uma aproximação integrada à identificação, captura, reutilização, partilha e avaliação do capital
de informação de uma organização. Este capital inclui bases de dados, documentos, políticas e procedimentos,
tal como a experiência implícita e a experiência armazenada na cabeça de cada um dos membros da organização".
Por ser uma área recentes há ainda muitas definições possíveis para ela.
Segundo Nina Burns, analista
e presidente da Creative Networks, enquanto que " tradicionalmente se pensa em Tecnologias da Informação
em termos de sistemas e processos, a gestão de conhecimento envolve uma aproximação às TI que [Nina Burns]
pode denominar-se "web thinking" " . E explica "O pensamento acerca das TI é orientado a processos, linear
e sequencial, enquanto que o "web thinking" é lateral, enfatizando a rede de relações entre as várias
partes da informação e entre a informação e as pessoas ".
Conhecimento é poder
Até à pouco
tempo as organizações eram encaradas como caixas negras que recebiam num extremo matéria prima e serviços
e produziam, no outro extremo, produtos acabados e serviços. Hoje em dia, as organizações passam também
a ser analisadas no que são no seu interior, em termos de passos, métodos e processos que acontecem nessa
organização. E é isto que é mais importante numa organização: o que se passa entre o ponto em que apenas
existe matéria prima e o ponto em que estão produzidos os produtos acabados. Em muitas organizações muito
do conhecimento inerente e envolvidos nestes processos apenas existe na cabeça dos empregados.
Na
situação actual, cada vez mais a vantagem competitiva é procurada pelas organizações, e reside em saber
como funciona o negócio, como é feito o design e manufactura dos produtos, etc , ou seja é no conhecimento
que reside a vantagem competitiva das organizações.
Hoje em dia a tecnologia, através da web e
de produtos tais como Lotus Notes ou Oracle InterOffice, permite e incentiva o desenvolvimento da gestão
do conhecimento.
A base tecnológica
Muito do conhecimento existente numa empresa é implícito
e intangível, não estando escrito. E quando está escrito está muitas vezes na forma de relatórios, documentação,etc
logo dificilmente reutilizável e partilhável. Para que esse conhecimento possa realmente ser partilhado,
retutilizado, gerido é necessário que seja escrito, de forma concreta.
Um sistema de Gestão de
Conhecimento tipicamente envolve e-mail, groupware e software de trabalho cooperativo, documentos de
gestão e workflows, bases de dados , motores de busca, juntamente com acesso à Internet e um web-brouser
para interface.
Estas tecnologias , segundo Thomas Davenport, permitem lidar facilmente com variadas
formas de informação, como texto, gráficos e vídeo. A web é particularmente importante porque permite
facilmente ligar várias partes de informação através de hiperlinks e, por vezes, parte do conhecimento
reside nas relações entre diferentes tipos de informação.
Nina Burns sugere que uma componente
importante de um sistema de gestão de conhecimento deve ser uma base de dados relacional. Segundo ela,
após uma análise de custos da aquisição de hardware e software e da administração e gestão do sistema,
conclui-se que o sistema da gestão de conhecimento perfite uma diminuição de custos e de tempo utilizado
em algumas tarefas deixando, por isso, mais tempo disponível para outras tarefas que podem trazer valor
acrescentado à organização.
A prática ...
Apesar de, na teoria, haver várias definições
relativamente à gestão do conhecimento, na prática as soluções adoptadas parecem convergir: um sistema
de gestão do conhecimento deve ser pesquisável, partilhado e permitir a fácil reutilização de informação
de um repositório de tipos heterogéneos de informação.
Todos os sistemas de gestão do conhecimento
envolvem , segundo Philip J.Gill, um modelo comum: identificar, armazenar, reutilizar, partilhar e avaliar.
Identificar o capital intelectual e de conhecimento da organização, aplicação por aplicação em vez de
tudo de uma vez o que seria uma tarefa ciclópica. - Armazenar esse conhecimento pode ser uma dos passos
mais difícil do processo de criação de um sistema de gestão do conhecimento, uma vez que as organizações
têm que estabelecer um conjunto de processos formais por forma a garantir que o conhecimento implícito
e a experiência dos empregados se transforme em partes explícitas da base de conhecimento e possa se
reutilizado .
A melhor recompensa do investimento em sistemas de gestão do conhecimento é a possibilidade
de reutilização da base do conhecimento e de utilizar o conhecimento em outras aplicações não só as correntes
como, potencialmente, nas futuras.
Caso de Estudo
BP - British Petroleum
Na BP,
o departamento responsável pela descoberta e produção de petróleo e gás (BPX - BP Exploration), está
organizado em 42 unidades. O manager responsável pela introdução de um sistema de gestão do conhecimento
pretendia que cada uma dessas 42 unidades tivesse liberdade para desenvolver processos e soluções adaptados
aos seus problemas particulares, e que as inovações fosse usadas da melhor forma sendo partilhadas com
as outras unidades e passíveis de ser utilizadas em toda a empresa, o que permitiria combinar a agilidade
dessas pequenas unidades com os recursos de uma organização como é a BP.
Assim, em 1994, a BPX
lançou o Virtual Teamwork Program, uma experiência piloto de 18 meses que permitisse desenvolver formas
efectivas de colaboração entre membros de diferentes equipas que se encontrem em diferentes localizações.
As principais características deste programas são:
- identificação e ligação de membros da
comunidade de conhecimento da organização, - construir relações entre estes através de encontros cara
a cara, - usar a tecnologia para comunicar e colaborar, valorizando treino que enfatize os objectivos,
- apoio das camadas superiores de gestão para o treino que valorize o novo comportamento, - apoio
dessas camadas para lançar, financiar e fornecer os recursos humanos necessários para o projecto, -
iniciar o projecto piloto com um conjunto pequeno e simples de objectivos - criar medidas de quantificar
e qualificar o sucesso, por forma a poder avaliar a iniciativa - deixar espaço para o inesperado
No estudo que realizaram em várias organizações, incluindo a BP, Thomas Davenport e Laurence Prusak encontraram
um conjunto de factores que creem contribuir para o sucesso dos projectos de sistemas de gestão do conhecimento:
- orientação positiva da organização para o conhecimento , como por exemplo, pessoas com vontade
e liberdade para explorar novas soluções; - ausência de inibidores do conhecimento; - clareza da
visão e da linguagem; - um processo simples de orientação; - motivações não triviais; - multiplos
canais que permitam a transmissão de conhecimento.
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