AMD 64 bits : Evolução ou Revolução? | |||
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A persistência do modelo de computação x86, ainda que cada vez mais afastado do real funcionamento interno dos processadores, não deixa de ser negativa. Se por um lado a quantidade de código existente para esta arquitectura é avassaladora, e a principal razão para a subsistência destes processadores, as insuficiências do modelo tornam-se cada vez mais óbvias e tornam-se mesmo entraves a uma melhoria de desempenho futuro. É interessante neste contexto citar (numa tradução aproximada) Hennessey e Patterson: «O design de qualquer arquitectura implica que se assumam compromissos no contexto de um conjunto de tecnologias de hardware e software. Ao longo do tempo essas tecnologias estão provavelmente sujeitas a alterações, e decisões que seriam correctas no momento em que foram tomadas são depois consideradas como erros. Por exemplo, em 1957 os desenhadores do VAX sobrestimaram a importância da eficiência do tamanho do código, subestimando a importância que a facilidade de descodificação e pipelining teriam 10 anos mais tarde. Quase todas as arquitecturas sucumbem eventualmente à falta de espaço de endereçamento suficiente. No entanto, evitar este problema a longo prazo daria provavelmente origem a um sério compromisso da eficiência da arquitectura a curto prazo.» (John L. Hennessy e David A. Patterson, Computer Architecture: A Quantitative Approach, 2ª edição, Morgan Kaufmann 1996, pág. 111) Este excerto ilustra a situação da arquitectura x86. O processador Opteron é uma implementação completamente diferente que opera num contexto completamente diferente do que os arquitectos originais do x86 tinham em mente. A necessidade de manter o suporte para arquitecturas antigas, tendo em conta a enorme base de software x86, converteu a ISA x86 em parte de um problema. Até que as condições tecnológicas tornem o suporte de compatibilidade do código x86 irrelevante, a ISA x86 continuará a ser uma característica necessária no futuro próximo em muitas plataformas futuras. Inevitavelmente, código antigo continuará presente no mundo informático de uma forma ou outra. Uma outra questão a ter em conta é a posição da Intel em relação à estratégia da AMD. É algo evidente que o Itanium não permitá prestações x86 de topo, sendo essa a grande esperança da estratégia da AMD: que a Intel abdique da liderança nos processadores x86 permitindo ao Opteron e sucessores tornarem-se nos herdeiros de um império de software. No entanto, a empresa criadora dos processadores x86 não parece estar disposta a arriscar o seu legado, havendo rumores de que a Intel está a desenvolver algo que dará aos futuros Pentium's (não os Itaniums, arquitectura IA-64) uma vantagem nas suas prestações. Numa curiosa reversão de papéis, a Intel poderá estar mesmo a seguir os passos da AMD nas extensões de 64 bits para a arquitectura x86. O nome de código do projecto já várias vezes negado pela Intel é "Yamhill". Processadores baseados nesta tecnologia poderão aparecer já no final deste ano, pouco tempo depois do lançamento do Athlon64. Os rumores dizem que o próximo Pentium 4, nome de código Prescott, além de outras melhorias como a fabricação num processo de 0.09 microns e hyperthreading melhorado, incluirá extensões de 64 bits Yamhill para imitar a tecnologia AMD64. A própria existência deste projecto é um ponto sensível para a Intel, já que esta não quer minar a confiança nos processadores Itanium e na sua própria tecnologia IA-64. Não pode também, no entanto, ceder o domínio da plataforma x86 a um concorrente directo. Além disso, apareça ou não em futuros Pentiums, as extensões de 64 bits da Intel poderão aparecer num futuro processador da arquitectura IA-64. Um aspecto a ter em conta é a possibilidade de a Intel introduzir nos seus processadores Pentium extensões de 64 bits não compatíveis com as da AMD. Isto irá dar origem a uma fragmentação do mercado x86, com a possibilidade clara de a Intel ganhar uma supremacia esmagadora sobre a AMD, ou de se criarem duas plataformas paralelas, o que provavelmente seria negativo para ambas as empresas.
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© 2003 João Pedro Alves Ferreira Luis Filipe Barreto Ribeiro | Introdução Porquê 64 bits? Vantagens Desvantagens Conclusão Bibliografia |