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Introdução
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Habitualmente pensa-se que a Atracção Sexual tem por base o aspecto físico de uma
pessoa. Na verdade, uma pessoa bonita, corporalmente perfeita desperta um interesse, ao
qual designamos de Atracção Sexual. Mas será que esta dita Atracção Sexual se baseia
somente nos traços do corpo humano?
Na antiguidade havia
crenças na existência do " Elixir do Amor ", uma espécie de perfume secreto,
que inconscientemente influenciava os humanos. A bebida que selou o amor de Tristão e
Isolda (duas figuras míticas) continha flores de mandrágora, trufas, tominho e cominho,
credíveis pelo seu perfume afrodisíaco. Também a Literatura está cheia de referências
à sensualidade dos perfumes. Ficou então despertado um grande interesse neste facto
desconhecido e não provado cientificamente.
Desde há alguns anos
que tem vindo a ser objecto de estudo outros factores que influenciam a dita "
Atracção Sexual ". Foi então comprovado por cientistas que de facto existem
factores que actuam no Homem de um modo inconsciente, influenciando os seus comportamentos
no processo da atracção sexual.
Este trabalho tem como objectivo dar uma ideia geral desses factores que actuam no ser humano, que o influenciam no seu comportamento sexual, e na forma como tal se processa.
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Os 5 Sentidos e os Estímulos Sexuais
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Qualquer ser humano vive num mundo e numa sociedade que está em constante mudança, quer
a nível social quer a nível cultural. O ser humano tem a percepção dessa realidade
através dos seus cinco sentidos: visão, audição, tacto,
olfacto e paladar ( ver
Os 5 sentidos e os Estímulos Sexuais ). É a partir deles que o nosso cérebro,
centro que comanda todos os sentidos, avalia todos os sinais recebidos e processa toda a
actividade humana.
No entanto, qualquer um
destes cinco sentidos tem a capacidade de receber também estímulos sexuais de quase todo
o tipo, fornecendo ao homem um conjunto de informações preciosas e extremamente úteis
quando este está no início, ou em pleno relacionamento com outra pessoa.
Há quem garanta que o sentido fundamental na atracção sexual entre duas pessoas, é a visão.
Responsável por 60% de todas as informações que recebemos acerca da realidade, a visão
desempenha papel essencial na aproximação sexual entre dois seres humanos. É através
dos olhos que recebemos os mais variados tipos de informações, tais como, as feições
de uma pessoa, que apreciamos a sua beleza, os traços do seu corpo, se a sua aparência
é agradável e se nos agrada a sua presença. A partir da visão, o ser humano tem a
possibilidade de apreciar e julgar outra pessoa, e a partir daí sentir-se ou não
atraído sexualmente por ela. A percepção visual há muito que domina a nossa
percepção do mundo exterior. Na evolução humana, a área cerebral ligada a percepção
visual foi aumentando, roubando espaço a áreas de outras percepções, e em especial a
percepção dos cheiros.
Por isso a visão é o
principal receptor de estímulos sexuais e iniciador de qualquer relação entre pessoas.
Em muitas ocasiões basta um simples olhar para cativar uma pessoa.
A audição, é outro dos nossos sentidos, sendo aquele em que a área
cerebral ocupa menor volume, ficando-se pelos 3% do córtex cerebral.
Os estímulos
acústicos existem e são recebidos pelo aparelho auditivo através de sons que podem ou
não ter a capacidade de estimular o ser humano. Geralmente esse sons são recebidos em
forma de musica e podem influenciar as nossas emoções lembrando-nos situações vividas,
ou simplesmente recordando-nos partes da nossa vida que guardamos na nossa memória, por
nos lembrarem bons momentos.
Não sendo nem de perto
nem de longe o estímulo mais influenciador numa atracção sexual, os sons poderão ter
um papel de desencadeadores de relações. Por exemplo uma musica calma poderá
proporcionar um ambiente romântico e propício a que um homem e uma mulher sintam
mutuamente atraídos sexualmente.
O olfacto é o sentido pelo qual quase todos os animais desenvolvem a sua
actividade sexual. O relacionamento sexual nos cães por exemplo, e que é conhecido por
todos, desenrola-se a partir do olfacto, pois quando dois cães estão prestes a acasalar,
a fêmea liberta um odor que é reconhecido pelo macho como o início do acasalamento. No
entanto, este sentido do cheiro tem vindo a perder muita importância no ser humano, muito
por culpa da percepção visual.
Na aproximação sexual
entre humanos, o olfacto não é suficiente mas poderá ser necessário. O ser humano tem
a capacidade de distinguir dez mil cheiros diferentes, e a memória olfactiva encarrega-se
de fixar cada fragrância recebida, para toda a vida. Existem assim cheiros que estimulam
a vida sexual, como o perfume de rosas, jasmim, patchouli ou sândalo e por outro lado
existem cheiros resfreantes da actividade sexual, tal como a manjerona.
Não reagindo como os
animais, que respondem ao cheiro e ao odor de uma forma inconsciente, o ser humano pode
ser atraído sexualmente por cheiros que o podem estimular ou pelo contrário o resfriar
na sua actividade sexual. Tudo terá a ver com a memória olfactiva de cada um e com as
associações que cada um faz a cada cheiro.
O paladar pertence também aos cincos sentidos e complementa cada um dos
outros de um modo insubstituível. É a partir dele que o ser humano recebe estímulos
sexuais tais como o beijo. Esta é a forma de comunicação mais elementar nas relações
sexuais, visto que todas as elas começam com o beijo. Por outro lado, as sensações de
gosto obtidas pelos seres humanos podem ser muito excitantes e trazer recordações de
experiências vividas.
Existem também
determinados alimentos que por si só estimulam sexualmente algumas pessoas, sendo o caso
mais comum o dos morangos.
Portanto o paladar tem
uma grande importância na atracção sexual entre homens e mulheres, podendo por si só
ser uma forma de comunicação bastante forte entre duas pessoas, e desenvolver a partir
dele relações sexuais constantes.
Sendo considerado por muitos como o sentido fundamental, logo a seguir à visão, o tacto
completa os cinco sentidos que o ser humano utiliza para ter a percepção da realidade
representando, no entanto, apenas 8% das informações recebidas da realidade.
Em cada centímetro
quadrado da pele, existem 3000 células sensoriais, e é a partir delas que recebemos
estímulos sexuais das mais variadas espécies. Podemos por exemplo, ter a noção mais
exacta do corpo de outra pessoa.
O tacto revela-se por
outro lado o sentido fundamental no "mundo das carícias", não sendo aí
suplantado por nenhum outro sentido.
No entanto, estes sentidos teriam uma utilidade nula se não houvesse um órgão
responsável pelo controlo de todas as operações. Esse órgão é o cérebro,
que recebe os estímulos sexuais provenientes de cada sentido, avaliando os sinais
recebidos e processando todo um conjunto de informação que tem como objectivo,
desencadear o processo que determina a maior ou menor atracção física que uma pessoa
sente por outra.
Todos estes cinco
sentidos desempenham papéis essenciais na atracção sexual entre dois seres humanos, mas
não são só eles que recebem os estímulos sexuais nos homens e nas mulheres. Da
observação de certos animais que libertavam substâncias para atrair outros animais
sexualmente, questionou-se da possibilidade dos humanos também libertarem algum tipo de
substância quando tentam cativar o sexo oposto. Anos de pesquisa revelaram que esse tipo
de comunicação também existe, e que de facto quer homens, quer mulheres libertam uma
substância idêntica há libertada por alguns animais, no sentido de atrair outra pessoa.
Restava saber então como eram recebidas essas substâncias.
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O "Sexto Sentido"
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Ao longo de vários anos, cientistas investigaram o comportamento sexual do ser humano, e questionaram-se sobre a possibilidade da existência de um órgão, cujo o papel principal seria o de receber algum tipo de sinal químico, que seria libertado para estimular sexualmente outra pessoa.
Estas investigações tinham como base o caso de alguns animais onde a actividade sexual começava pela troca de substâncias. Existe por exemplo o caso das borboletas dos Montes Atlas ( Marrocos ), que iniciam a sua actividade sexual através da libertação de substâncias para o ar, e que conseguem seduzir machos a 8 Km de distância. Em todos estes animais que trocavam mensagens químicas, havia sido detectado um órgão que tinha como função receber essas mensagens. Partindo daqui, os investigadores começaram a estudar o ser humano, e após algumas experiências levadas a cabo por David Moran da Universidade do Colorado, que tinham como base a inspecção do nariz de 200 pessoas, conclui-se que o homem possuí também um minúsculo órgão responsável pela recepção dessas substâncias, sendo-lhe atribuído o nome científico de Órgão Vomeronasal ( OVN ).
O Órgão Vomeronasal ( OVN ) ( ver
localização
do Órgão Vomeronasal ), também
designado de "Nariz Sexual", está situado no aparelho nasal lado a lado com o
aparelho olfactivo e mede entre 0,2 a 2 milímetros de diâmetro. É ele que tem o papel
de receber os sinais químicos libertados por outra pessoa. Isso mesmo ficou provado
quando o norte-americano Luis Monti-Bloch realizou algumas experiências, que tinham como
objectivo medir as respostas a alguns elementos: ar puro, substâncias químicas
sintéticas que simulariam os sinais químicos libertados pelo ser humano, uma solução
sem essas substâncias químicas e uma mistura com um cheiro intenso. Só as substâncias
químicas sintéticas provocaram uma reacção no órgão vomeronasal.
Estas descobertas
fizeram com que se começasse a falar em comunicação à distância, e que se alargasse o
estudo da atracção sexual entre homens e mulheres. A atracção não se restringe apenas
aos cinco sentidos conhecidos para a recepção de estímulos sexuais. A existência de um
outro órgão permite falar de um sexto sentido, o " Nariz Sexual ". Este veio
dar destaque há existência também entre os seres humanos, de uma comunicação
inconsciente entre os homens através de sinais químicos, com a intenção de cativar uma
determinada pessoa, tal como acontece entre os animais.
Este tipo de
comunicação não é tão importante para nós como o é para os animais, visto o ser
humano desenvolver mecanismos de inteligência e um sistema cultural e social muito
complexo que lhe permite não responder apenas aos estímulos criados pela Natureza. No
entanto, este tipo de comunicação existe e influencia-nos inconscientemente na
atracção sexual que sentimos por outra pessoa.
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Feromonas
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A investigação do ser humano provou que ele comunica sexualmente com outro ser humano de uma forma inconsciente, libertando para isso uma substância química que terá por objectivo cativar o sexo oposto. Esta substância química, que existe tanto nos homens como nos animais, é denominada de feromona.
As feromonas não são mais do que sinais químicos que permitem a membros de uma mesma
espécie comunicarem entre si. Estes mecanismos a que o homem não liga importância, são
moléculas transportadas pelo ar tais como os odores e detectadas pelo nariz, ou mais
propriamente pelo Órgão Vomeronasal ( OVN ). No entanto, não poderemos comparar as
feromonas com os odores, visto que estes sinais químicos são inodoros e por isso actuam
a um nível inconsciente, ao contrário dos odores.
Esta substância está
presente no suor, e actua nos seres humanos alterando os seus comportamentos. Alguns
cientistas descobriram que todos os seres humanos escolhem para seu par alguém com um
sistema imunológico o mais diferente possível do seu. Um estudo realizado, em que
algumas mulheres cheiraram camisolas impregnadas de suores de homens, concluiu que as
mulheres preferiam os cheiros dos homens imunitariamente diferentes, dizendo que lhes
faziam lembrar antigos namorados ou o actual companheiro, e por outro lado gostavam das
camisolas dos homens com sistemas imunológicos parecidos com os seus, dizendo que lhes
fazia lem-brar os seus pais ou irmãos.
Uma coisa é certa, as
feromonas actuam no ser humano de um modo inconsciente, alterando a sua maior ou menor
atracção por outro ser.
Com base nisso e devido ao facto de as feromonas poderem ser criadas artificialmente,
empresas fabricantes de perfumes e t-shirts desenvolve-ram estes produtos empregnando-os
de feromonas. É discutível se estes produtos, que estão à venda em muitos sítios
inclusivamente na Internet, poderão ter efeitos noutras pessoas, porque como foi dito
atrás os seres humanos são sensíveis a parâmetros de inteligência e a factores
culturais.
Existem no entanto
várias formas de abordar o assunto, e qualquer uma delas é justificada. Para uns as
t-shirts e os perfumes poderão ter efeito, não por conterem feromonas, mas pela
auto-estima adquirida pela pessoa que usa esses produtos, que aumenta significativamente,
por julgar que está irresistível, e isso sim pode ajudar na atracção sexual. Para
outros é tudo uma questão de ficção, visto que uma pessoa ao usar esses produtos fica
diferente com a ideia de que isso mudou a sua vida.
Não sabemos ainda se a comunicação química é significativa entre os seres humanos, mas podemos afirmar que as feromonas influenciam o nosso comportamento, alterando de uma forma ou de outra as sensações do homem. No entanto, podemos verificar que as feromonas desempenham um papel muito importante no desencadear de estímulos que podem levar a uma atracção sexual.
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Conclusão
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Podemos dizer que o homem é influenciado sexualmente por uma substância denominada
Feromona. Esta substância actua no ser humano de uma forma inconsciente, condicionando os
seus comportamentos sexuais. As Feromonas são substâncias químicas inodoras, que são
transportadas pelo ar através do cheiro que qualquer pessoa liberta para cativar o sexo
oposto.
É, então, possível
ser encontrado no homem um órgão responsável pela recepção das Feromonas. Este
órgão, só muito recentemente descoberto e objecto de estudo, é designado
cientificamente por Órgão Vomero-nasal ( OVN ) ou " Nariz Sexual ".
Para além dos cinco sentidos conhecidos no ser humano e que lhe permitem receber
estímulos sexuais, das mais variadas espécies, o Órgão Vomeronasal, constitui um 6º
Sentido, visto também ele fornecer informações ao homem, que neste caso são as
feromonas, na sua actividade humana.
Portanto, o homem não
foge à sua natureza animal, uma vez que as suas relações sexuais se baseiam também na
troca de substâncias químicas. No entanto, e ao contrário dos animais, as relações
sexuais do homem não se restringem apenas à troca dessas substâncias, embora sejam uma
realidade. Os seres humanos desenvolveram mecanismos de inteligência e um sistema cultual
e social muito complexo, que lhes permite não responder apenas aos estímulos sexuais
criados pela natureza, mas conjugar um conjunto de factores que lhes permite escolher o
seu parceiro sexual.
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Referências Bibliográficas
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1. Almeida, P. D. A Química do Amor, VISÃO nº273, 1998