(Re)Introdução ao Correio Electrónico

por Luís Oliveira <luismbo ... @ ... gmail ... . ... com>
última alteração: 2008/03/31

Resumo: este é um pequeno guia de regras e conceitos básicos da utilização do correio electrónico habitualmente negligenciados pelos utilizadores e é fruto da observação ao longo dos anos da prática corrente na Usenet e em diversas listas de discussão. É destinado àqueles que nunca as aprenderam ou que já as esqueceram.


Se deseja dar a conhecer este guia, por favor utilize o seguinte endereço:
http://purl.oclc.org/NET/luis/correio-electronico

Índice

  1. Introdução
  2. Como Redigir
  3. Como Responder
  4. Como Reencaminhar
  5. Regras Gerais de E-tiqueta
  6. Privacidade
  7. Conclusão
  8. Bibliografia

Introdução

Porquê um guia de utilização do correio electrónico? Na escola primária ensina-se a escrever e a endereçar cartas. Ensina-se a começar e a terminar uma carta, ensina-se a colocar o remetente e o destinatário nos locais correctos do envelope, etc... Começa-se, felizmente, a dedicar algum tempo às novas tecnologias nas escolas mas, geralmente, esse tempo é dedicado na sua totalidade às dificuldades técnicas colocadas pelos irritantes computadores. Em que botão é que se carrega? Como é que se escreve a arroba? Porque é que agora deu erro? E por aí fora.

Ainda que existam, indubitavelmente, várias semelhanças entre as cartas de papel e as virtuais e que muitas das regras se apliquem a ambas, a sua forma de utilização é bastante diferente.

Muito dinheiro é investido em tornar o acesso à Internet fácil, acessível ao comum mortal. «Instale a Internet em menos de 1 minuto», ou «É só aderir e começar a navegar!» são alguns dos slogans utilizados pelas empresas. Ora, o comum mortal não aprenderá a utilizar um novo meio meio de comunicação num minuto e certamente um minuto também não será suficiente para aprender as regras de boa utilização. É talvez irrelevante; só é preciso um minuto para começar a pagar.

Este guia é, portanto, destinado às pessoas que têm acesso à Internet mas que nunca pararam para aprender (ou que já esqueceram) as regras de utilização de um dos meios de comunicação mais importantes que esta oferece: o correio electrónico. Naturalmente, muitas destas regras aplicam-se a outros meios, como, por exemplo, as mensagens instantâneas (MSN, Jabber, Skype, GTalk, IRC, ICQ, etc...).

Como Redigir

Comecemos pela redacção de uma mensagem. Um erro surpreendentemente comum (especialmente ao escrever mensagens para listas de discussão) é iniciar uma reposta (quando na realidade não o é) e apagar o assunto assim como o corpo da mensagem. Não faça isso. A mensagem irá ser identificada como uma reposta e agrupada com a mensagem original para confusão do destinatário.

Carregue, portanto, no botão «Nova mensagem» ou clique no endereço para o qual deseja enviar uma nova mensagem, etc... Posto isto, há que preencher os seguintes campos:

De:

Este campo parece trivial à primeira vista mas é surpreendente a quantidade de pessoas que não o preenche correctamente. Assim sendo, atente nos seguintes conselhos:

Para:
Cc:
Bcc:

Um ou mais destinatários podem ser especificados de três maneiras que podem ser utilizadas em conjunto. Embora a mensagem acabe sempre por ser entregue independentemente dos campos utilizados, há diferenças importantes a nível do significado e não só:

Assunto:

Este campo deve descrever concisamente o assunto do corpo da mensagem.

Corpo da Mensagem

Por último, há que escrever a mensagem propriamente dita. É aqui que o processo se torna bastante mais semelhante ao das cartas tradicionais, mas há também diferenças a ter em consideração. Tenha em atenção os seguinte aspectos:

Como Responder

Naturalmente, os conselhos da secção anterior aplicam-se também a esta. Ao responder a uma mensagem tenha em atenção os seguintes aspectos adicionais.

Responder a quem?

Tenha em atenção que pode não ser o único destinatário de uma mensagem. Antes de responder, verifique os campos Para: e Cc: para ver a lista completa de destinatários.

Responder a todos

Na grande maioria das situações, é esta a opção que quer utilizar. Assim, a resposta é também enviada para os outros destinatários da mensagem original. É geralmente a opção a utilizar quando, por exemplo, está a responder a uma mensagem numa lista de discussão.

Responder ao autor

Obviamente, se pretende dirigir-se ao autor — e apenas ao autor — utilize esta opção.

Responder a quê?

É importante que o contexto da resposta seja claro:

Como Reencaminhar

Não se esqueça de explicar ao(s) destinatário(s) porque lhe(s) está a reencaminhar uma determinada mensagem.

Pense também se essa pessoa estará de facto interessada na mensagem que tenciona reencaminhar. O facto dessa pessoa lhe ter dado a conhecer o seu endereço não significa que esteja interessada em receber a mais recente anedota que anda a circular na Internet. Perguntar não custa.

Regras Gerais de E-tiqueta

Seguem-se alguns trechos do excelente livro de José Magalhães, «Roteiro Prático da Internet»1:

«Sendo uma comunidade diversa, descentralizada e desprovida de órgãos de regulação, fiscalização e tutela coactiva do tráfego mundial, a Internet não dispõe de um Código da Estrada internacional, carregado de multas e coimas, nem de Brigada de Trânsito electrónica. Mas os que nela circulam não se movem no vazio ou numa floresta povoada exclusivamente por máquinas. (...)

Como é natural, não existe, neste como noutros domínios, livro de estilo único, mas antes um mosaico de fontes de regras de conduta. Abundam na Rede os conselhos gerais e particulares sobre as boas maneiras. Por vezes, em certos sítios que visitamos há mesmo quem tenha a gentileza de prevenir que seremos expulsos se não cumprirmos certos rituais, quantas vezes algo bizarros.

Traga para a Internet o seu próprio código de honra, mas aceite algumas prevenções filiadas no mais simples do bom senso:

Privacidade

Esta secção foge um pouco ao âmbito deste guia mas, pela sua importância, é incontornável. O correio electrónico não é seguro! Encare uma mensagem de correio electrónico como um postal sem envelope. É mais fácil do que imagina que outras pessoas a possam ler, especialmente se tiverem essa motivação.

É, no entanto, possível trocar mensagens de correio electrónico com alguém recorrendo ao uso de ferramentas como o PGP. Se deseja comunicar com privacidade, informe-se e aprenda a utilizá-lo.

Conclusão

É de salientar que os maus exemplos utilizados neste guia, ainda que tenham sofrido pequenas adaptações, são todos inspirados em casos verídicos. O autor espera que este guia contribua para alterar este panorama. Contribua também.

Críticas e sugestões serão sempre bem vindas.

Bibliografia

  1. Magalhães, José. Roteiro Prático da Internet. Lisboa: Quetzal Editores, 1995.
  2. Hambridge, Sally. RFC 1855 — Netiquette Guidelines. Outubro 1995.
  3. Kehoe, Brendan P. Zen and the Art of the Internet. Janeiro 1992.
  4. Shea, Virginia. Netiquette. Albion Books. May 1994.