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Neste nosso trabalho de multimédia, decidimos enveredar pelo tema do DivX, mais na sua vertente visível do que propriamente na forma como ele funciona. Isto deve-se pelo facto de este ser um assunto muito em voga hoje em dia e no entanto nem sempre nos lembramos que ao utilizarmos esta tecnologia, através de filmes pirateados estamos a infringir direitos de autor. De facto o aparecimento do DivX, permitiu que a pirataria de filmes se generalizasse e crescesse ao ponto de a indústria cinematográfica estar a desenvolver enormes campanhas em vista a tentar diminuir este hábito crescente. O seu sucesso deveu-se a que através dos vários sites e programas que disponibilizam filmes piratas, e esperando apenas meia dúzia de horas pelo download, podemos estar a ver um filme que ainda não estreou nas salas de cinema, no conforto de nossa casa, e com uma qualidade extraordinária. Claro que isto é bom, pensarão alguns de nós, no entanto esquecemo-nos que as pessoas que fazem os filmes também precisam de ganhar o seu, e que ao contribuirmos para a pirataria estamos a fazer com que os lucros da industria do cinema baixem, e possivelmente que o investimento em novos filmes também, ou seja, na tentativa de equilibrar os custos com as receitas, poderá haver a tendência a não se gastar tanto em fazer os filmes, com a clara perda de qualidade dos mesmos, e consequentemente as perdas também serão nossas, como apreciadores de cinema. Sendo assim, na nossa abordagem a este tema decidimos que seria bom começarmos por dizer o que é afinal o DivX descrevendo um pouco da história do mesmo, sem no entanto nos alongarmos no aspecto do funcionamento, até porque pensamos que outros grupos o farão, e em seguida mostramos como pôde esta tecnologia tornar-se num pesadelo de Hollywood e como para tal contribuíram os avanços tecnológicos, nomeadamente gravadores de CDs e DVDs, bem como a generalização da Internet de banda larga. Nos próximos pontos apresentamos as medidas que Hollywood tomou e está a tomar de forma a que os prejuízos que já sofreu não venham ainda a ser aumentados muito mais, fazendo para tal, investimentos na ordem dos milhões de dólares. Seguidamente passamos ao ponto em que fazemos os prós e contras do DivX, em que falamos abertamente dos prós e dos contras desta tecnologia. Esperamos que este trabalho seja mais uma ajuda no esclarecimento das pessoas quanto aos pontos de vista de quem produz filmes, de quem os pirateia e claro de quem os vê. Quem sai a ganhar com o DivX?...Será mesmo? O futuro dirá. |
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O que é o DivX? Segundo a indústria cinematográfica trata-se do seu pior pesadelo, mas para a maior parte das pessoas DivX é o Mp3 do DVD. O DivX, num todo, resulta da junção do DeCSS, um software de desencriptação usado para descodificar o código inscrito nos DVD's destinado a impedir a sua cópia digital, e da versão da Microsoft do MPEG-4, um sistema de compressão de vídeo. É devido a essa compressão que um DVD com um filme, e cuja capacidade é de 4.7 GB, passe a caber num CD-ROM de 650 MB, sem grande perda de qualidade para o olho humano. Segundo o The Wall Street Journal, Jerome Rota, um engenheiro de vídeo francês, e um "hacker" alemão de nick "Max Morice" reescreveram o código do MPEG-4 removendo um AVI lock, o que tornou possível a codificação no formato AVI. Evidentemente, a Microsoft afirmou que iria perseguir legalmente quem usasse este software, visto ter direitos de autor sob o MPEG-4. Toda esta situação leva Rota a tentar implementar uma solução de software de raiz, não utilizando, portanto, tecnologia Microsoft. Tal tarefa está actualmente em curso numa empresa de nome ProjectMayo.com. Actualmente essa empresa tem o nome de DivXNetworks Inc., e desde o lançamento do seu DivX mais de 30 milhões de pessoas fizeram downloads de filmes da Internet. É de salientar ainda que não se deve confundir DivX com DIVX. O DIVX surgiu como sistema pay-per-view, tendo sido introduzido em 98 pela Circuit City e permitindo apenas visualizar os DVD's desprovidos de todos os seus extras. Para se conseguir visualizar os filmes era necessário instalar um aparelho na linha telefónica que faria a ligação a uma central de computadores. Lá eram registadas as vezes que determinado cliente via determinado DVD sendo-lhe depois debitada uma quantia no cartão de crédito. O preço de visualização por filme e por um período de 48 horas rondava os 4,50 dólares. Este sistema veio a extinguir-se passado menos de um ano devido à escassez de filmes disponíveis para visualização, já que um grande número de estúdios se recusaram lançar filmes para esse formato. |
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Devido ao seu crescimento, aliado ao crescimento da banda larga e às enormes perdas financeiras que provoca, o DivX é o pior pesadelo de Hollywood. Actualmente qualquer pessoa pode ter ou passar filmes em/para DivX, não só porque existem inúmeros tutoriais na Internet explicando como o fazer, mas também porque nos dias de hoje todos aqueles que detestavam ver filmes no ecrã do computador podem comprar um leitor de DVD que leia DivX. Mas a grande ferida causada pelo DivX aos estúdios de cinema é a nível monetário. Vejamos: hoje em dia é normal um filme estrear nos Estados Unidos, ser passado para DVD, por sua vez convertido para DivX e lançado na Internet. Isto leva a que o público dos países onde esse filme ainda não estreou faça o seu download e o veja comodamente no seu computador ou televisão em vez de ir ao cinema ou esperar que o filme saia em DVD ou Vídeo. Muitas vezes é possível ver o filme em Portugal mesmo antes de ele ter saído em DVD nos Estados Unidos, devido aos "screeners", que são nada menos que filmes gravados nas salas de cinema a partir de micro-camaras sofisticadas, que passam indetectáveis aos olhos dos porteiros. Podia ainda pensar-se: "Então mas se o filme vem dos Estados Unidos não vem legendado na minha língua, logo não vou o perceber muito bem". Este problema foi rapidamente resolvido, com a criação de websites só de legendas em várias línguas e vários programas que integram essas legendas no filme, mesmo para quem use o Windows Media Player. Todo este ciclo vicioso causa uma perda de mais de 3 biliões de dólares por ano às indústrias cinematográficas, valor estimado pela MPAA (Motion Picture Association of America). |
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Tal como o fenómeno Napster, o DivX tende nos dias de hoje para o mesmo caminho, dada a sua extraordinária capacidade de comprimir ficheiros de vídeo que permite converter um vídeo em formato DVD com cerca de 5Gb para um irrisório ficheiro capaz de ser armazenado num simples CD (650Mb) sem que a redução de qualidade seja notória veio permitir, com a ajuda da Internet que funciona como plataforma impulsionadora de distribuição, uma grande facilidade na partilha de vídeos nesse formato, o que seria impraticável antes do aparecimento do DivX, pois nenhum algoritmo de compressão de vídeo até então criado havia conseguido tal compressão de dados. O pânico provocado em Hollywood é bem justificado, pois os esforços encetados até hoje por parte da indústria cinematográfica para travar a distribuição ilegal têm sido em vão, os sites que distribuem este tipo de produtos continuam a surgir sem tendência para parar. Seria impossível lançar os processos legais suficientes para fechar todos esses sites pois parece existir um universo paralelo, completamente dedicado à partilha ilegal de filmes. Os meios de distribuição destes vídeos através da Internet vão desde sites com repositório próprio, FTP's, sistemas de ligação ponto a ponto, etc.… Se um individuo comum com um PC e uma linha de Banda Larga quiser ver um filme, basta pesquisar alguns sites e um pouco de paciência, para em poucas horas poder desfrutar do prazer de ver um bom filme no conforto de sua casa, e sem ter de pagar mais por isso. |
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Os grandes estúdios cinematográficos estão a mexer-se rapidamente e em força para parar a pirataria on-line dos seu filmes, enquanto, e ao mesmo tempo procuram maneiras de lucrar com a sua distribuição legítima através da Internet. Um dos últimos passos nesta batalha deu-se há bem pouco tempo, quando os estúdios tomaram a simbólica decisão de pararem de enviar discos e cassetes “screener” para os júris dos prémios da academia e outros concursos de beleza de Hollywood. Os "screeners" em DVD ou em VHS, frequentemente saíam para a Internet ainda antes das suas estreias nos principais cinemas, e claro meses antes de serem comercializados para aluguer ou venda, sendo comum aparecerem nos filmes pirateados notificações destinadas ao júri do género “For your consideration”. A poderosa Motion Picture Association of America (MPAA ), estima que a industria cinematográfica perca cerca de 3 biliões de dólares anualmente em revendas não autorizadas de filmes devido à pirataria. Devido à dificuldade em calcular as perdas devido à pirataria na Internet, nestes números ainda não estão incluídos os números estimados do total de perdas, no entanto asseguram que a Internet causa perdas inestimáveis à indústria. Devido a isto, a MPAA fez uma jogada inteligente ao organizar a abolição dos "screeners", embora os júris não tivessem gostado muito desta decisão pois agora terão de sair de casa e ver o filme no cinema mais próximo, ou então assistir a uma sessão privada, organizada para o efeito, se quiserem votar para os Óscares. Contra isto a MPAA vai refutando dizendo que não pode pedir acções anti-pirataria sem eliminar a pirataria que vem de dentro da própria Hollywood, e sempre vai dizendo “nós sabemos que os "screeners" são uma pequena parte da pirataria, mas se pudermos tapar qualquer buraco que seja neste grande dique, já é uma vitória”. Hollywood tem boas razões para estar receosa, pois já viram o que sucedeu com o MP3, e o que aconteceu com a indústria musical. As grandes editoras discográficas fizeram quase tudo de errado para responder à pirataria on-line de música: demoraram muito tempo a tomar medidas legais, não fizeram campanhas persuasivas direccionadas para o público dizendo que a pirataria era algo errado, e arrastaram-se até perceberem que podiam oferecer aos consumidores alternativas legítimas tais como comprar musica on-line. As vendas de CDs estão neste momento num impasse, porque milhões de pessoas usam regularmente serviços de partilha, para fazerem o download e a partilha de música pela qual não pagam um cêntimo. Tal situação levou a que a associação fonográfica americana tivesse processado 261 pessoas por todos os EUA, decisão indiscutível como arma eficaz no combate à pirataria on-line, mas que certamente não é uma forma de terem a admiração dos consumidores. Hollywood tem a enorme vantagem de estar cinco anos atrás da indústria fonográfica, e até há bem pouco tempo estava quase comparável à fase em que a troca de música ainda era uma actividade praticada por estudantes renegados, e não uma actividade que se tornou um passatempo banal. No entanto a maior limitação que a partilha de filmes tinha, está quase a desaparecer. Os filmes piratas são ficheiros enormes e é precisa uma ligação à Internet rápida para os sacar, ligações essas que já se tendem a generalizar, bem como o aparecimento de sites e redes de partilha, o que torna fácil encontrar qualquer título desejável. A estimativa da MPAA, através de uma pesquisa feita por um grupo independente, é a de que são ilegalmente transaccionados entre 400,000 a 600,000 filmes por dia, e que a tendência é este número subir exponencialmente. A MPAA declarou que a lição tinha sido claramente aprendia, e que estão determinados em não permitir que sejam alvos da pilhagem que a industria fonográfica sofreu, dizendo que têm de encontrar contra medidas de imediato, pondo toda a imaginação e empenho em arranjar essas contra medidas. Ficar inerte e calada enquanto estão a ser alvos de uma pilhagem seria de facto uma decisão demasiado estúpida para ser compreendida. Entretanto, e enquanto a abolição dos "screeners" era manchete nos media do mundo do espectáculo, Hollywood ia tomando outras decisões, entre elas:
Além disto, a MPAA implementou e reforçou medidas legislativas de protecção de direitos de autor, ajudando os governos locais e os agentes legais na investigação e perseguição de caso de pirataria, iniciando processos civis, em nome dos seus membros e contra os infractores dos direitos de autor. Por outro lado, Hollywood ataca noutros termos não em tão grande escala, mas eficazes na mesma que é a de enviar pessoal equipado com material de visão nocturna e detectores de metais para as salas de cinema, no intuito de descobrir camcorders que possam entrar despercebidas. No entanto parece que isso continua a não resultar, visto que os piratas estão a adoptar cada vez mais tecnologia bastante avançada, usando pequeníssimas câmaras de vídeo em carteiras e gravadores digitais do tamanho de canetas. Alguns computadores de mão têm extras que podem gravar ate 122 minutos, o que em muitos casos corresponde a um filme inteiro. Pode-se colocar esse extra numa gravata ou através de um pequeno orifício numa camisa. Esta forma de pirataria está a tentar ser travada através de uma tecnologia de topo criada pela própria industria. Estão a criar um sistema de modulação de luz num ecrã de projecção de modo a criar um "flicker" constante que seria apanhado pelas câmaras, mas não pelo olho humano, que resultariam em imagens impossíveis de ver. No entanto este sistema foi desenhado para ser usado apenas em salas com projectores digitais, que guardam os filmes em discos, em vez do tradicional filme de 35mm, no entanto ainda existem poucos deste projectores em salas de cinema, embora se espere que a maioria dos cinemas adoptem este sistema ate ao fim desta década. A pesquisa custou 2 milhões de dólares. A tecnologia tira vantagem do facto do olho humano e das câmaras de vídeo verem o mundo de maneira diferente. Por exemplo o monitor de um computador está constantemente a refrescar a imagem, criando barras horizontais através do ecrã, essas barras são vistas pela câmara, o olho humano não as vê. No entanto os investigadores estão cientes de que estes "flickers" podem afectar algumas pessoas provocando-lhes ataques, e que usando o "flicker" para ir escrevendo palavras do género “copy”, não são incomodativas o suficiente. Aliás tratando-se de uma imagem parada, é fácil para os piratas removê-la. Esta tecnologia será uma grande melhoria nas contra medidas da industria em travar as gravações piratas, no entanto alguma da pirataria continua a vir de dentro do próprio sistema, sendo que alguns projeccionistas deixam-se subornar para o pirata poder montar um tripé mesmo ao lado da maquina de projecção. A indústria continua convencida que qualquer ganho tecnológico da sua parte será mais tarde ou mais cedo superado pela tecnologia pirata, requerendo cada vez mais medidas mais elaboradas, no entanto a tentativa é tentar que os filmes piratas não cheguem ao mercado antes da estreia dos mesmos para o mercado doméstico de aluguer e venda.
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O objectivo deste trabalho era o de dar a conhecer um pouco do DivX, e da forma como ele se desenvolveu e está a desenvolver. A ideia subjacente a este tema não era somente o DivX, mas também o da pirataria de filmes, onde por acaso se usa esta tecnologia, mostrando que o DivX como coisa boa que é, nas mãos erradas e como é costume, pode dar maus frutos. Esta questão dos maus frutos é relativa, atendendo ao ponto de vista de piratas e industriais de cinema, no entanto e tentando que esta análise seja imparcial, há que referir que ambos os lados têm razão nos seus pontos de vista. Ora se por um lado os piratas afirmam que os bilhetes de cinema são caros, que os filmes demoram muito a sair para o mercado de venda e de aluguer, e com preços também não muito acessíveis, os industriais de Hollywood afirmam que o fabrico de filmes é uma actividade onde se investe muito e nem sempre se vêem os frutos monetários desse investimento, o que torna essa actividade de risco, onde estúdios podem fechar por causa de um mau filme, com os consequenciais desempregos. O certo é que para o bem e para o mal, o DivX consegue taxas de compressão de vídeo elevadas sem perda significativa de qualidade, e que por certo é uma tecnologia que tem muito futuro e certamente com varias evoluções, que farão com que cada vez mais o vídeo faça parte do nosso dia a dia, tanto para brincadeiras com vídeos caseiros, como para "streeming" de vídeo de qualidade na Internet. A utilização da tecnologia é da responsabilidade de cada um, ela está aí, faça-se como se entender. |
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http://www.cbsnews.com/stories/2003/04/18/tech/main550005.shtml http://www.estadao.com.br/tecnologia/internet/2000/jul/18/97.htm http://www.the-doa.com/Pages/DoaDivxHistory.html http://www.theregister.co.uk/content/6/21407.html http://www.zdnet.com.au/news/software/0,2000061733,20279346,00.htm http://www.theregister.co.uk/2002/08/13/hollywoods_private_war_for_social/ http://joi.ito.com/archives/2002/08/12/hollywoods_private_war_for_social_control.html http://www.respectcopyrights.org/main.html http://www.wired.com/news/digiwood/0,1412,60950,00.html?tw=wn_story_related http://slashdot.org/articles/03/04/19/137230.shtml?tid=97 http://www.fool.com/portfolios/rulemaker/2000/rulemaker000127.htm
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