[ Humanizar a Terra ]

  Humanizar a Terra - A Paisagem Interna (Notas)

A Paisagem Interna está dividida em dezoito capítulos e cada um deles em fragmentos.

Pode-se agrupar os grandes motivos do livro do seguinte modo:

A. Os dois primeiros capítulos são introdutórios e dirigem-se ao leitor com perguntas sobre a sua felicidade ou sofrimento e sobre os seus interesses na vida.

B. Do capítulo III ao VI estuda-se os diferentes tipos de paisagens (externa, humana e interna) e a sua interacção.

C. O capítulo VII desenvolve os temas da dor, do sofrimento e do sentido da vida. Esses pontos e os referidos à validade da acção no mundo vão continuar presentes até ao capítulo XIII.

D. Do capítulo XIV ao XVIII destaca-se como tema central a direcção dos actos humanos e os motivos dessa direcção, ao mesmo tempo que se efectuam propostas de mudança no sentido da vida.

A ordem dos temas é a seguinte:

I. A pergunta
Indaga sobre a felicidade e o sofrimento. Propõe uma direcção de superação do sofrimento.

II. A realidade
Discute a natureza do "real", comprometendo o que se percepciona na conformação do ser humano.

III. A paisagem externa
Destaca que toda a paisagem externa varia de acordo com o que sucede no interior de quem a percepciona.

IV. A paisagem humana
Mostra a paisagem humana, comprometendo a interioridade do sujeito. Nega que os bandos ou facções actuais tenham direito a exigir respostas elaboradas por eles próprios aos problemas que se apresentam a indivíduos e sociedades. Afirma a necessidade de definir a acção no mundo humano.

V. A paisagem interna
Explica que na base da actividade humana estão as crenças. Porém, destaca que a paisagem interna não é só um campo de crenças, mas também de recordações, percepções e imagens. Faz notar que a relação paisagem interna-externa é uma estrutura em que ambos os termos são correlatos que podem ser tomados como actos ou objectos alternadamente.

VI. Centro e reflexo
Indica a possibilidade de situar-se no centro da paisagem interna, a partir de onde qualquer direcção que se escolha é reflexo daquela. Por outro lado, mostra que a aprendizagem se realiza pelo fazer, não pelo contemplar.

VII. Dor, sofrimento e sentido da vida
Estabelece diferenças entre dor física e sofrimento mental. Na frase: "humanizar a Terra", põe a chave do sentido da vida, destacando a primazia do futuro sobre os outros tempos.

VIII. O cavaleiro e a sua sombra
Este capítulo quebra a monotonia das explanações anteriores, com uma mudança de estilo. Não obstante, volta aos problemas dos tempos na vida e neles procura a raiz da recordação, da percepção e da imagem. Essas três vias são consideradas depois como as "três vias do sofrimento" na medida em que a contradição inverte os tempos da consciência.

IX. Contradição e unidade
Continua a exposição sobre o jogo dos tempos. Marca diferenças entre problemas quotidianos ou dificuldades e a contradição. Quanto a esta, define as suas características. Efectua propostas de mudança na organização da paisagem interna.

X. A acção válida
Explica que não só a contradição gera sofrimento, como também toda a inversão na corrente crescente da vida. Destaca a importância da "acção válida" como acto de unidade superador da contradição. Este capítulo tece uma velada crítica aos fundamentos da moral conquanto não estejam elaborados com base na necessidade de dar unidade ao ser humano, dando referências para superar a contradição e o sofrimento.

XI. Projecção da paisagem interna
Destaca que os actos contraditórios ou unitivos comprometem o futuro de quem os produz e daqueles que estão em contacto com ele. Nesse sentido, a contradição individual "contamina" outros e a unidade individual produz também efeitos nos demais.

XII. Compensação, reflexo e futuro
Como pano de fundo, neste capítulo está a antiga discussão entre determinismo e liberdade. Passa-se revista muito veloz à mecânica dos actos, como jogo de acções compensatórias e também como reflexo da paisagem externa, sem deixar de lado o acidente como outro fenómeno que inabilita todo o projecto humano. Finalmente, destaca a procura do crescimento da vida sem limite como salto sobre as condições determinantes.

XIII. Os sentidos provisórios
Esboça uma dialéctica entre "sentidos provisórios" e "sentido da vida". Põe como máximo valor a afirmação da vida e insinua que a rebelião contra a morte é o motor de todo o progresso.

XIV. A fé
Considera a impressão de suspeita que se experimenta ao escutar a palavra "fé". Estabelece depois diferenças entre fé ingénua, fé fanática e fé ao serviço da vida. Dá à fé especial importância como energia mobilizadora do entusiasmo vital.

XV. Dar e receber
Estabelece que o facto de dar (à diferença do receber, que é centrípeto e morre no próprio sujeito) abre o futuro, e que toda a acção válida vai nessa direcção. É pelo dar que se pode modificar a direcção de uma vida contraditória.

XVI. Os modelos de vida
Explica os "modelos" como imagens que motivam actividades em direcção ao mundo exterior. Faz notar a modificação que sofrem essas imagens com a mudança da paisagem interna.

XVII. O guia interno
Refere que existem modelos na paisagem interna que são exemplos de acção para o sujeito. A esses modelos pode-se chamá-los "guias internos".

XVIII. A mudança
Estuda-se a possibilidade da mudança voluntária na conduta do ser humano.


[ Início da Página ]