COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL:

COMUNICAÇÃO CORPORAL

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

por

 

João Carlos Vitória dos Santos

Departamento de Engenharia Informática

Universidade de Coimbra

3030 Coimbra, Portugal

jcsantos@student.dei.uc.pt

 

Resumo -  Apresentam-se, de forma sintética, os principais cuidados a ter na comunicação não verbal . Para esse efeito, descrevem-se e comentam-se, sequencialmente, varias formas de abordagem a este assunto, visto ser em muitos casos, uma coisa que se pensa ter pouca importância no nosso dia a dia. Com este artigo, procura-se mostrar aos leitores, alguns truques para que a sua postura em  publico ou no relacionamento com os outros, seja melhorada .


Palavras chave Comunicação Não Verbal, Linguagem Corporal, Comunicação Interpessoal.

 

 

1. 1. Introdução

     Não basta que o corpo se expresse: é preciso que ele comunique! Para isso é necessário fazer uma análise 
    objectiva da força e da coerência da nossa comunicação não verbal. O corpo é um instrumento que, se 
     bem afinado, promove maior harmonia e maior consistência da mensagem.

Se quisermos conquistar a autenticidade da linguagem corporal, é preciso que haja uma intenção bem formulada e adequada da mensagem. Se isso não estiver bem definido, a gestualidade resultará em movimentos vazios, em 
falta de credibilidade, causando perturbação nos espectadores. O ideal é que a comunicação não verbal ilumine a apresentação e não se torne uma sombra que diminua o poder e a dimensão positiva das ideias veiculadas.

É necessário trabalhar pelo gesto vital! Os movimentos podem propiciar beleza, elasticidade, consistência e força simbólica à mensagem: gesto e palavra devem estar ajustados à excelência do processo comunicativo.


2. Comunicação Não Verbal

     Todos os indivíduos têm conhecimento e praticam a comunicação, apesar de nem todos conseguirem 
    defini-la satisfatoriamente (já que o fazem com extrema naturalidade).

A grande maioria, dos pesquisadores do comportamento não verbal concordam com o facto de que o canal verbal é usado, principalmente, para transmitir informação, sendo o canal não verbal reservado para negociar atitudes interpessoais e funciona, em alguns casos, como substituto de mensagens verbais. Por exemplo: uma mulher, ao olhar para um homem com um "olhar fatal", pode transmitir uma mensagem bem clara, sem dizer uma palavra (Pease,1995).

De acordo com Corraze (1982), a comunicação não verbal é um meio, de entre outros, de transmitir informação; o autor refere-se a este tipo de comunicação como “as comunicações não verbais”.
Estas são definidas como os diferentes meios existentes de comunicação entre seres vivos que não utilizam a linguagem escrita, falada ou seus derivados não sonoros (linguagem dos surdos-mudos, por exemplo). É um 
conceito que evidencia um extenso campo de comunicações, pois este não se restringe apenas à espécie humana. A dança das abelhas, o ruído dos golfinhos, a expressividade das artes: Dança, Música, Teatro,  Pintura, Escultura etc, são também consideradas como formas de comunicação não verbal.

De acordo com Corraze (1982) para o ser humano as comunicações não verbais processam-se através de três suportes. O primeiro, o corpo, nas suas qualidades físicas, fisiológicas e nos seus movimentos. O segundo, no homem, ou seja, objectos associados ao corpo,as roupas; neste suporte ainda podem ser relacionados os produtos da habilidade humana que podem servir à comunicação. Finalmente, o terceiro suporte refere-se a dispersão dos indivíduos no espaço. Este espaço engloba desde o espaço físico que cerca o corpo até o espaço que a ele se relaciona, o espaço territorial.

De acordo com Rector (1990)  “a comunicação é a prática quotidiana das relações sociais: conservar aparências e guardar distâncias; vestir a roupa da moda; adoptar tal ou qual atitude em relação a esta ou aquela pessoa; falar num certo tom de voz (...) isto quer dizer que as situações de comunicação são muitas e diversificadas.
Por sermos mais familiarizados com a comunicação verbal, quando se fala em comunicação não verbal parece que estamos a lidar com uma dimensão meramente complementar do processo comunicacional. Porém, são duas as formas de comunicação dos seres humanos, sendo a verbal feita através da expressão linguística e a não verbal, pela expressão do corpo”.

Argyle (1978), estudioso e pesquisador dos comportamentos não verbais, ao abordar o sistema não verbal, não apresenta a categorização de suportes e sim distingue os seguintes canais: expressão facial; olhar; gestos e postura; contacto corporal; comportamento espacial; roupas, aspecto físico e outros aspectos da aparência. Estes canais fazem parte de uma categorização denominada “os diferentes sinais corporais”.

Birdwhistell (1970, citado por Hogan, 1998) verificou que durante uma conversa social entre duas pessoas, 35% são expressões através do comportamento verbal e 65% pelo comportamento não verbal.

Davis (1979), jornalista, ao apresentar no seu livro uma visão sintética sobre a área da comunicação não verbal, relata a temática das pesquisas sob os seguintes subtítulos: índices de sexo; comportamentos de namoro; o mundo silencioso da cinética; o corpo é a mensagem; o rosto humano; o que dizem os olhos; a dança das mãos; mensagens próximas e distantes; interpretando posturas físicas; o ritmo do corpo; os ritmos do encontro humano; comunicação pelo olfacto; comunicação pelo tacto, entre outros tópicos. Assim, os canais de comunicação do nível não verbal podem ser classificados em dois grupos: o primeiro, que se refere ao corpo e ao movimento do ser humano e o segundo, relativo ao produto das acções humanas. O primeiro apresenta diferentes unidades expressivas como a cara, o olhar, o odor, a  linguagem, os gestos, as acções e a postura. O segundo também apresenta várias unidades de expressão como a moda, os objectos do quotidiano e da arte, até a própria organização dos espaços: físico (pessoal e em grupo) e ambiental (doméstico, urbano e rural).Esta diversidade na categorização das condutas não verbais é reflexo da difícil tarefa de conceituar ou classificar um determinado fenómeno. No entanto, a diversidade de posicionamento permite verificar diferentes aspectos de uma mesma temática e possibilita um leque maior de enfoques e reflexões.
Segundo Davis, a espécie humana, antes da evolução da linguagem, comunicava-se através do corpo, gestos e grunhidos, que eram os meios de que dispunham para a compreensão mútua, ou seja, a comunicação efectuava-se através de canais não verbais. A espécie humana, como decorrência de seu processo evolutivo, elaborou e dominou códigos, articulados entre si, que foram e são utilizados tanto para a comunicação oral quanto para a escrita.


3. Linguagem Corporal

    Procure conhecer o impacto que a sua linguagem corporal provoca. Isso ajuda processo de auto 

     conhecimento e permite identificar o que nos aproxima ou nos afasta das pessoas.

Quando estamos a comunicar, precisamos sentir nosso corpo muito firme no chão. Imagine um fio que sai da terra, passa pelas pernas, pela cabeça e alcança o telhado. É um fio flexível, mas firme, que sustenta muito bem a estrutura corporal e evita que ela desmonte, conferindo maior domínio físico e permitindo uma dança mais equilibrada dos gestos. Os pés e pernas devem ficar paralelos sem estarem rígidos.

Evite a postura subserviente: os ombros caídos, o olhar baixo, as costas curvadas e uma expressão de desamparo não contribuem para uma comunicação efectiva. Em contrapartida, um nariz "arrebitado", olhos ameaçadores, queixo erguido e ar de superioridade costumam criar um distanciamento e uma certa animosidade.

Estabeleça a interacção visual. O ser humano gosta de ser olhado, valorizado e aceite. Olhe para as pessoas. Os olhos existem também para promover o diálogo silencioso.

Quando se sentir tenso, olhe para a pessoa que lhe parecer receptiva, guarde essa imagem como uma âncora positiva. Caso haja um olhar hostil por parte de alguém, evite-o durante algum tempo, até se sentir mais seguro. A rigidez muscular interfere na harmonia dos gestos.

A segurança e simpatia com que olhamos são alavancas importantes para o envolvimento e a busca da sintonia com os outros. Olhe com simplicidade para os seus ouvintes.

Cuide das expressões faciais. Elas são o termómetro das emoções do comunicador. A partir delas depreendem-se a afectividade, a segurança, a autoridade sobre o assunto, o entusiasmo e a crença na mensagem que está a ser transmitida. O jogo fisionómico expressivo, desperta o interesse dos outros.

Se o assunto permitir, exiba o seu melhor sorriso, aquele que reflecte o seu lado mais bonito. O sorriso espontâneo e natural é um convite ao público: "a porta está aberta, seja bem-vindo". Os espectadores tendem a sentir-se mais à vontade diante de pessoas com sorriso franco, receptivo.  

Procure seguir os elementos regularizados da gesticulação eficaz:
                        - espaços pequenos pedem gestos menores;
                        - espaços abertos, grandes, pedem gestos amplos;
                        - o gesto deve ser acompanhado de uma intenção e deve estar sintonizado com a palavra;
                        - não utilize gestos exagerados e estereotipados;
                        - deixe que as mãos acompanhem naturalmente a sua fala. Se não souber o que fazer com 
              elas, deixe-as ao longo do corpo. Aos poucos elas encontrarão espaço para expressar-se.
                        - fique atento para que seus movimentos estejam alicerçados numa ideia que os fortaleça e 
              ganhem significado na transmissão da mensagem.

4. Comunicação Interpessoal

Uma das formas básicas de se comunicar ou informar não verbalmente outra pessoa, é através do contactos 
físicos. Alguns exemplos de contactos físicos estudados pelos psicólogos sociais e como eles são convencional-
mente interpretados, serão apresentados a seguir:

Bater em uma outra pessoa. Trata-se de um padrão de contacto que evidencia a existência de algum grau de 
agressão. O tipo de contacto físico que se evidencia no comportamento agressivo parece ser culturalmente
definida, envolvendo sobretudo actos como  palmadas, socos e empurrões.

Afagar, acariciar ou segurar. Tratam-se de modalidades de contactos físicos que se manifestam sobretudo em 
relações entre pessoas próximas, tais como nos contactos entre pais e filhos, nos jogos e comportamentos
sexuais, nas danças e festas, assim como nos jogos e demais actividades lúdicas.

Saudações e despedidas. Envolvem sobretudo actos como apertar as mãos, dar abraços e em alguns casos, o 
tocar e o acariciar.

Segurar - Segurar a uma outra pessoa, especialmente as mãos, é um padrão muito difícil de ser interpretado, sobretudo porque pressões diferenciadas produzem significados diferentes. Além disso, segura-se não só as mãos, mas também braços e outras regiões do corpo. Geralmente o acto de segurar associa-se com o que poder-se-ia denominar de dialéctica da aproximação e do afastamento.

Um estudo algo antigo, Jourard demonstrou que a frequência de contactos físicos por hora de casais em cafés ou restaurantes varia bastante a depender da cultura e da forma pela qual os contactos físicos são aceites. Em 
dados comparativos obtidos em quatro cidades diferentes, observou-se o  seguinte padrão de contactos físicos 
por hora:

                       San Juan (Porto Rico)                            180

                       Paris                                                      110

                       Gainsville (Florida)                                    2

                       Londres                                                    0


5. Conclusões


Para que possa existir comunicação, quer seja verbal ou não verbal, tem antes de mais que haver uma intenção, tem que se sentir a necessidade de exprimir algo, quer seja bom ou mau, desde que nos façamos entender. Não é por acaso que alteramos a nossa forma de estar perante duas pessoas diferentes,
por exemplo; dois namorados agem e comunicam de forma diferente quando sozinhos do que se estiverem perante alguém que lhes é totalmente alheio.A comunicação no seu todo é gesto vital de se viver em sociedade e para com a sociedade.
A comunicação não verbal tem que ser feita com sabedoria, tem que haver arte ao comunicar, não se consegue definir satisfatoriamente a comunicação se esta for feita com extrema naturalidade, ou seja algo que é banal que acabe por não dizer nada do que acabe por não dizer nada do que pretendemos dizer, inclusive ser mal interpretados. A concordância entre tempo e espaço é muito importante, visto que existem situações diferentes, muito diversificadas para a expressão, para a comunicação quer corporal, gestual, oral, interpessoal.
A  comunicação não verbal supera largamente qualquer outro tipo de comunicação.



Agradecimentos

    Autor agradece a sua cara metade, pela disponibilidade para dar algumas sugestões para que o artigo tivesse uma 
     melhor apresentação. Desde já, um grande obrigado.



    Referências

1.   

1.   BEDOYERE, Q. (1996). Conquistando o que você quer. Rio de Janeiro: Record.

2.   BIRDWHISTELL, R.  El lenguage de la expression corporal. Barcelona, Gustavo Gill, 1970.

3.   RECTOR, M.;TRINTA, A.  A comunicação não verbal: a gestualidade brasileira. Petrópolis, Vozes, 1985.

4.    ARGYLE, M. Bodily communication. London, Metheuen, 1978.

5.    CORRAZE, J. As comunicações não verbais. Rio de Janeiro, Zahar, 1982.

6.    DAVIS, F. A comunicação não verbal. São Paulo, Summus, 1979.

7.    Laboratório de Psicologia Cognitiva e Social - Departamento de Psicologia - Instituto de Ciências Humanas e Letras da    Universidade Federal de Juiz de Fora.

8.   Material retirado dos Programas de Comunicação com Foco em Resultados e Técnicas de Apresentação em Vendas. www.institutomvc.com.br