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Resumo - Este é um pequeno guia que visa motivar estudantes
que se encontram a meio do seu curso, para a preparação
de um plano de carreira para a iniciação da sua vida profissional,
e onde são abordados os cuidados a ter e a gestão de imagem.
Palavras chave - Plano de carreira, marketing pessoal, motivação
no emprego.
Introdução
O mundo do trabalho está a sofrer grandes alterações.
Os recursos humanos deixaram de ser um bem valioso para passarem a ser
o cerne da empresa. Por outro lado, os empregos deixaram de ser constantes
para toda a vida e as mudanças de empresa ao longo da carreira
são cada vez mais frequentes. Já não existem empregos
para toda a vida, sobretudo na área da informática.
Esta era de mudanças revolucionárias é assustadora
para muitas pessoas. Como resultado, muita gente toma decisões
pouco interessantes, onde as perspectivas de carreira são mínimas.
O facto de descobrirmos qual a melhor carreira para cada um de nós
pode fazer a diferença, não apenas entre o sucesso e a mediocridade,
mas sobretudo entre o sucesso e o fracasso. Por isso, é cada vez
mais importante pararmos um pouco e reflectirmos sobre o que é
que desejamos realmente para nós. Que caminhos queremos seguir,
que opções queremos tomar. Uma dessas opções
já a tomámos, é sermos alunos do Departamento de
Engenharia Informática da Universidade de Coimbra. E agora? Que
passos seguir? Que carreira é que queremos para nós? Quanto
é que queremos valer daqui a alguns anos? É necessário
definir os nossos objectivos desde já, não apenas quando
terminarmos a nossa licenciatura, sob pena de ser tarde demais. É
altura de fazer o nosso plano de carreira. Por outro lado, o mercado de
trabalho é cada vez mais uma selva, onde a única ferramenta
que nos pode auxiliar na sobrevivência é o nosso marketing
pessoal. Não basta ter a melhor nota do curso e ter um currículo
brilhante se não soubermos comunicar e transmitir uma boa imagem
aos empregadores. Temos de saber como nos auto-promover, para podermos
ser reconhecidos com justa causa no mundo do trabalho. Temos de nos destacar
no meio da multidão. Temos de brilhar! Por fim, irá ser
tratado o tema da auto-motivação, que é tão
importante quando uma pessoa já está inserida numa organização,
altura em que o factor psicológico é determinante para a
produtividade da empresa e para o nosso enriquecimento pessoal.
Plano de carreira
Todos nós sabemos que as saídas profissionais que o nosso
curso oferece são muitas e variadas e que estas estão a
ser alvo de muita procura pelo mercado de trabalho. No entanto, temos
muitos caminhos pela frente, muitas escolhas a fazer na nossa vida profissional.
Algumas dessas opções já estão aqui mesmo
à porta: é no quarto ano que devemos escolher quais as cadeiras
opcionais que queremos frequentar e consequentemente qual ou quais as
áreas em que nos queremos especializar. Está na altura de
definir-mos o nosso futuro, e isso só nós o podemos fazer.
Até agora, podemos ter sofrido a influência de familiares
ou amigos nas nossas decisões até chegarmos onde estamos.
De hoje em diante, somos nós que temos de decidir por que vida
profissional enveredar. Se não soubermos onde queremos chegar,
dificilmente iremos escolher o melhor caminho. Por outro lado, não
devemos ficar à espera que um convite nos caia do céu, nem
que alguém no seio de uma organização elabore esse
projecto de carreira por nós. O fundamental é termos objectivos
bem definidos e sabermos criar as nossas oportunidades. Sendo assim, e
para não sermos surpreendidos por alguém com objectivos
nitidamente mais bem traçados que os nossos, é melhor começarmos
por definir o nosso plano de carreira.
O primeiro passo começa com uma identificação clara
dos nossos pontos fortes e fracos. Temos que fazer o nosso auto-diagnóstico.
Neste pequeno balanço, há que fazer um inventário
das nossas acções passadas, de todas as qualificações
e formações adquiridas e sobretudo das nossas áreas
de interesse, sempre com elevado sentido de honestidade. Para além
de nos ajudar a obter uma base para a construção do nosso
currículo, isto também nos permite definir nitidamente o
nosso perfil. Conhecendo-nos melhor ajuda-nos a perceber o quanto é
que valemos e o quanto poderemos ser importantes para uma empresa. Por
outro lado, isto também nos poderá servir para tentar melhorar
as nossas fraquezas.
A segunda etapa passa pela definição dos nossos objectivos
de carreira: que funções queremos desempenhar, que metas
pretendemos atingir. É também nesta fase que se faz uma
análise cuidadosa de todos os pontos adquiridos na primeira etapa
deste processo. O que é que nos distingue dos outros, quais os
factores através dos quais podemos criar valor.
No início da terceira etapa, o nosso caminho está traçado.
Resta apurar as oportunidades existentes no mercado de trabalho e quais
as exigências inerentes de forma a compará-las com o que
nós temos para oferecer.
No quarto passo, é necessário definir quais as condições
e empresas ideais para trabalhar. É importante recolher todas as
informações sobre as empresas: valores e missão,
cultura organizacional, negócio e dirigentes. A escolha da empresa
onde iremos pela primeira vez exercer funções tem um factor
importantíssimo na criação de imagem. É esta
que irá aparecer destacada no nosso currículo e é
por isso que devemos "seleccioná-la" com muito cuidado.
É verdade que esta visão do mercado parece um pouco irrealista,
mas não é. Se olharmos para o mercado de trabalho actual,
temos perfeitamente o direito de ser ambiciosos, e muitas das vezes os
nossos sonhos concretizam-se. Embora seja difícil traçar
cenários a longo termo, devido ao hábito que tomámos
de gerir apenas o nosso dia-a-dia, é importante definir o que é
que queremos fazer daqui a cinco anos e perceber onde é que queremos
exercer essas funções.
Na quinta e última etapa, é interessante fazer a avaliação
de alternativas de carreira, para o caso em que algo corra mal ou mesmo
para o caso em que nos apercebemos que o nosso perfil não se adequa
aos objectivos por nós traçados. Podemos sempre voltar atrás,
o importante é que tudo esteja planeado e que não fiquemos
completamente desorientados quando esta situação se apresenta.
Não nos podemos esquecer que fazer um plano não é
tudo, é preciso mantê-lo actualizado. Por isso, não
basta rascunhar uma folha de papel hoje e colocá-la na gaveta para
o resto dos nossos dias.
Como se auto-promover?
A percepção de que uma carreira bem sucedida tem muitas
semelhanças com um produto de sucesso, está por trás
da filosofia do marketing pessoal. Este conceito, inventado por consultores
de recursos humanos, tomou emprestado do mundo dos negócios ideias
como pesquisa de mercado, desenvolvimento de produto, rede de distribuição,
relação custo-benefício e, principalmente, criação
da embalagem e projecto de divulgação. Se para as empresas
funciona, porquê é que haveria de ser diferente para as pessoas,
se são elas que dão vida às organizações?
O marketing pessoal é o instrumento através do qual podemos
construir o nosso nome, fazer com que as nossas especialidades e reputação
sejam conhecidas. É o caminho pelo qual podemo-nos tornar um especialista
na nossa esfera particular de influência.
Investir em marketing pessoal torna-se cada vez mais necessário,
considerando o aumento da competitividade no mercado de trabalho.
A primeira fase deste processo já está concluída:
o nosso plano de carreira está pronto. E agora?? Que se segue?
Já temos o "onde", mas não temos o "como".
Vem então a parte talvez mais complicada, que é comunicar
o nosso potencial ao mercado de trabalho, quer num currículo, numa
entrevista ou mesmo no quotidiano dentro da empresa. A comunicação
é um factor importante em qualquer etapa de uma carreira profissional.
Saber comunicar significa saber ouvir e compreender o outro. Muitas vezes,
o simples facto de ouvir atentamente o interlocutor é um primeiro
passo para a resolução dos problemas. No entanto, para comunicar
é necessário saber expressar-se e argumentar, e para argumentar
é preciso ler e manter-se actualizado. A solução
passa por ler muito sobre os assuntos abordados no meio profissional,
de forma a manter um elevado conhecimento técnico aliado a um elevado
interesse por acontecimentos actuais e cultura geral. Por outro lado,
não há que ter medo de investir em formação
para obtenção de novos conhecimentos, disponibilizando tempo
e recursos, dado que os dividendos que daí se podem retirar são
imensos. Por vezes, e cada vez mais, para ser um mestre na comunicação
é necessário falar mais do que uma língua estrangeira.
É nesse sentido que muitas vezes é determinante a vivência
durante um logo período em países estrangeiros. Durante
essa viagem, podemos aproveitar para aprender o que por lá se faz
de novo, na nossa área ou não, mas sempre com o intuito
de estar a privilegiar a nossa formação pessoal e consequentemente
a nossa carreira.
Quando falamos em comunicação oral, muitas vezes também
falamos em dicção e sobre os efeitos que uma pessoa ao falar
bem, pode provocar ao receptor da mensagem. Um bom exercício consiste
na leitura em voz alta, um método muito usado pelos actores. Por
outro lado, a expressão facial e a postura a adoptar durante uma
entrevista ou durante qualquer outro tipo de comunicação
representam uma marca exterior notável de credibilidade. Para melhorar
estes aspectos, nada melhor que praticar em frente ao espelho.
O vestuário usado também pode constituir uma mensagem muito
fácil de descodificar e pode reflectir muita da nossa personalidade.
Por isso, não se deve tomar este factor com demasiada superficialidade,
mesmo em situações de informalidade no seio da empresa.
Um outro aspecto importante quando se pretende vender uma boa imagem de
si próprio é a sinceridade e naturalidade com que se vende
esta imagem. Não vale a pena entrarmos em mentiras durante uma
entrevista, uma vez que o pano acabará por cair mais cedo ou mais
tarde.
A forma como nos relacionamos com os outros também é determinante.
Temos de saber defender as nossas ideias sem para isso utilizar qualquer
tipo de agressividade. Por outro lado, é importante que as outras
pessoas não nos imponham a sua opinião. É este equilíbrio
que nos pode justamente favorecer. Temos de demonstrar flexibilidade.
Não se poderia falar de marketing pessoal sem falar na rede de
contactos profissionais. Quanto maior a rede de relacionamentos, mais
portas se abrem na carreira. As pessoas a inscrever nesta lista podem
ser das mais variadas. Vale tudo, desde professores a colegas de faculdade.
É bom começar por separar os contactos que podem auxiliar
no presente dos contactos que poderão vir a ser interessantes no
futuro. Para cada um dos contactos , é importante indicar quais
os cargos ocupados e os locais onde os conhecemos. Nunca se deve desvalorizar
uma boa rede de contactos, esta pode funcionar como um importante trampolim
para conhecer pessoas inacessíveis, através de contactos
já existentes. Pode assim servir de um importante auxílio
no acesso a mercados de trabalho mais fechados ou às vagas não
publicadas nos jornais.
Poderá pensar-se que todos estes conceitos aqui tratados apenas
poderão servir aquando da preparação de uma entrevista
ou do primeiro contacto com uma empresa. Nada de mais errado. O marketing
pessoal continua mesmo dentro da empresa. Quem mantém esta postura
tem mais hipóteses de vender ideias e projectos, portanto, de sobressair.
Como já foi dito, a carreira não se descreve com uma linha
horizontal e duas perpendiculares. Descreve-se com várias linhas
sinuosas. Por isso, se quisermos ser reconhecidos fora de uma organização,
temos de começar por brilhar dentro dela.
A ideia a reter é esta: temos que fazer a diferença!! E
para isso, é preciso dar aquela contribuição única,
no momento certo, que gera os resultados esperados.
Auto-motivação
Hoje em dia, vivemos num mundo de trabalho globalizado, em que a abertura
do mercado gera mais competitividade e a exigência quanto ao desempenho
profissional é cada vez maior. Por outro lado, existem cada vez
mais fontes de conhecimento onde podemos aprender a melhorar o nosso desempenho:
livros, revistas, artigos. No entanto, nada disto funciona sem motivação.
Nada disto funciona sem um envolvimento total na actividade a desempenhar.
Mas afinal, o que é a auto-motivação? Esta depende
sobretudo de traços emocionais, como o entusiasmo, a persistência
face aos contratempos e o optimismo. As pessoas que demonstram auto-motivação
acabam por tornar-se menos propensas a ceder ao desânimo, ficar
paralisadas, encolher-se em situações de stress ou perder
a cabeça sob pressão. Aceitam os desafios e mantêm-se
firmes sem desistir mesmo face a dificuldades. São seguras, confiantes
e dignas de confiança. Ao mesmo tempo, tomam iniciativas e envolvem-se
em projectos. A questão que aqui se coloca é, como obter
essa motivação? A solução pode passar pela
busca da realização do "sempre se pode fazer mais e
melhor", por ter um grau máximo de satisfação
e orgulho em tudo aquilo que se faz e em nunca se acomodar com o que está
realizado. No final, basta transmitir este sentimento às outras
pessoas, garantindo-nos assim essa motivação que tanto desejávamos.
É importante manter uma postura positiva face às pessoas
e à vida, mas também em relação ao trabalho.
Quem o vê como uma obrigação, dificilmente se sentirá
incentivado para o fazer. O truque é encontrar e realçar
aqueles pontos que nos trazem mais alegria, mesmo que estes sejam poucos,
quando se está a realizar um trabalho monótono.
De facto, nos dias que correm, a auto-motivação pode ser
um trunfo muito importante que os empregadores procuram desesperadamente
nos candidatos. As pessoas motivadas podem apresentar desempenhos de produtividade
nitidamente superiores aos das pessoas apáticas. Estudos revelam
que a produção pode aumentar para além dos 200% com
funcionários altamente incentivados. E esta diferença aumenta
significativamente com o grau de complexidade da actividade.
A auto-motivação pode ser a chave do sucesso, mas é
verdade que existem momentos em que apetece deitar tudo a perder. É
o caso quando fracassamos por qualquer motivo. Vem o medo de passarmos
novamente pela mesma situação. Se alimentarmos os nossos
pensamentos de pessimismo e imaginamo-nos um fracassado novamente haverá
insucessos, pois nós somos aquilo que imaginamos a nosso respeito.
A auto-estima deve entrar então em acção, pois quando
acreditamos em nós e sabemos que somos capazes de realizar, os
desafios não nos ameaçam, mas são para nós
uma possibilidade de sermos vencedores. É importante que estejamos
prontos para as mudanças, começando por nós, mudando
os nossos pensamentos e atitudes.
De facto, fracassar é bom. Como disse David Kelley, um génio
do design e líder da Ideo, "Fracasse sempre para ter sucesso
rápido". Quando acontecer uma situação destas,
o melhor é comemorar e aprender com os erros.
Quando o projecto no qual estamos envolvidos começa a tornar-se
monótono, temos a sensação que as nossas capacidades
não estão a ser suficientemente aproveitadas e a motivação
começa a diminuir a olhos vistos, a melhor solução
é mudar de projecto. Mudar sim, mas com a sensação
de que já demos o nosso melhor. A partir daí, podemos procurar
algo novo, que faça maior apelo à nossa criatividade e à
nossa imaginação. Algo que nos dê vontade de aprender
e de lutar.
Para finalizar, apenas resta dizer que nunca devemos esperar que a motivação
venha de outra pessoa. Só nós é que temos a capacidade
de criar a motivação que nos permite ultrapassar os obstáculos
mais adversos. |