ENTREVISTA
Fica aqui um resumo de uma animada conversa que tivemos com dois Invisuais
(ligados à informática) nossos amigos, de onde resultou a página de Dicas
NOTA:
- Linha Braille é um linha composta por pequenos pinos de plástico que
podem estar em duas posições: para cima ou para baixo. Os que estão na
primeira posição compõem os equivalentes as letras e símbolos da escrita a
negro.
- Terminal Braille é o dispositivo que contem a(s) linha(s) braille
e as teclas de controle. É o aparelho que permita a uma pessoa cega
utilizar o computdor.
Em termos de Internet temos de começar por pensar no problema das
acessibilidades. Se há problemas de acessibilidade é porque existem
barreiras. Barreiras são um conjunto de situações ou um conjunto de
problemas que impedem que uma pessoa faça uma vida diária de forma
independente e autónoma.
A Internet começa a ser um elemento quase indispensável!
Princípio básico da Internet é acima de tudo: comunicação e
informação para todos! Internet é a Rede das redes.
Muitas páginas não estão acessíveis às pessoas deficientes em
geral! Pde-se ir a uma página toda gráfica que nem sequer nos deixa
identificar o nome da página.
Estabelecimento de regras para criação de páginas acessíveis por
deficientes visuais. (DICAS)
Existem 750 000 000 de deficientes no mundo e crê-se que 75 000
000 são cegos, logo este é um nicho de mercado interessante.
O conceito de acessibilidade significa ser funcional para qualquer
pessoa. Não se pode pensar em fazer uma página para uma pesssoa cega,
porque pode-se cometer o erro de a tornar inacessível para uma surda. Este
é mesmo o conceito fundamental da rede... Rede de Informação Mundial
acessível a toda a gente (nunca só alguns grupos)!
Comparando a Internet com há uns anos atras, esta evoluiu muito e
para melhor. Há muita mais informação disponível (houve um fenómeno
intitulado de info-explosão). Mas para os invisuais piorou muito mesmo!
Embora haja mais informação, esta nao está acessível na maior parte dos
casos, coisa que antigamente quando a net se baseava em modo texto não
constituia grande problema.
Apple tem nos seus sistemas operativos opções nativas para pessoas
deficientes, coisa que continua a não acontecer na MicroSoft (apenas
pequenas coisas, por exemplo para amblíopes). Uma das melhores coisas que
a MicroSoft já fez foi a emulação do rato por teclado, porque funciona
melhor que qualquer rato específico para cegos.
Quanto a essa linha braille do tamanho do écran, já foi
desenvolvida numa Universidade em Estugarda cujo valor comercial eram
50 000 contos. Valor que ninguém dá por isso, ainda por cima porque toda a
informação para um cego é analisada linear e sequencialmente. A mais valia
que se podia obter de uma linha braille destas não justifica a relação
custo-benefício. Pessoalmente, eu não dava mais 200 contos por esse
benefício, quanto mais 50 000 contos a mais!!!
Existem ajudas técnicas para apoiar as compras destes terminais,
mas é preciso batalhar e insistir muito para conseguir qualquer coisita.
O meu terminal permite funcionar em modo de hardware ou software!
Em modo de hardware, mal o computador é ligado, ele comeca logo a
trabalhar, ou seja, permite por exemplo aceder a BIOS e fazer alterações
sem ainda estar carregado qualquer driver. O único senão é que neste modo
ele só trabalha com placas gráficas ISA.
Existem terminais braille de uma e de duas dimensões. O primeiro é
constituído por uma linha braille e um conjunto de telas de controle. O
segundo, além disto tem mais uma linha vertical que não emite caracteres
braille, mas sim informação de controle para ajudar a posicionar-se no
écran, a linha que está activa, dizer as janelas que estão abertas, o
tamanho dessas janelas, o número de ícones no écran, etc.... Este
terminal a 2D que começa agora a generalizar-se permitiu que já tenha sido
feita uma versão do jogo Tetris para invisuais.
Não tem lógica nenhuma que os terminais braille não sejam Plug and
Play!!! Acontece que uma pessoa para instalar o windows, tem de pedir
ajuda a alguém que veja, para lhe instalar o sistema e só então se podem
instalar os drivers do terminal...
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A.C.A.P.O.
Após contacto telefónico com o Dr. Guerra da ACAPO (Associação dos Cegos e
Amblíopes de Portugal) várias conclusões se podem reter...
O maior problema que existe na interacção com o Utilizador é o
Acesso à Informação!
Para um deficiente visual o acesso ao teclado não é problema. Com
alguma facilidade memoriza-se a posição das teclas. O mesmo não se pode
fazer com a informação existente no écran... Com mais ou menos dificuldade
memorizam-se as coisas estáticas... Não é difícil decorar a posição física
de qualquer botão. Mas para resolver o problema do acesso à informação
existente no écran existem vários aparelhos. Os vulgares sintetizadores de
voz que se encarregam de "ditar" o que se encontra no écran... Mas como é
possível ditar um desenho?????? Grande problema nao?!?! Existem também os
terminais braille. Podem ser máquinas compostas por uma linha braille e
por um conjunto de teclas. Estes tratam de converter o que se encontra em
determinada posição do écran para a linha braille. O futuro diz-nos que a
tendência é para a utilização de "screen readers" em conjunto com uma
placa de som... O Screen Reader é um software que se encarrega de traduzir
o conteúdo do écran e enviá-lo para a placa de som, que através dum
sintetizador de voz "diz" o que lhe foi enviado...
Vários softwares existem e cada vez mais, mas talvez exista também
um bocado de falta de informação e divulgação. Em Espanha está a ser
adaptado um software de muito boa qualidade (o Parlas) originalmente feito
em Italiano, que mesmo preparado para a língua de "nuestros hermanos" se
porta muito bem a falar português.
Para pessoas com problemas de visão (mas não inexistência desta -
amblíopes) recorre-se com frequência a ampliadores de écran. Basicamente é
um programa que se encarrega de aumentar (ampliar) o conteúdo do que
existe no écran
A ONCE (equivalente a ACAPO em espanha) uma das mais fortes
associações de deficientes visuais, tem uma equipa de técnicos
incorporada na MicroSoft com vista a preparar já o Windows 98 para os
deficientes
visuais. Ou seja, está-se a preparar tudo para comecar a haver sistemas
operativos a preocuparem-se realmente com as pessoas menos habilitadas.
Mas será que isto vai ser mesmo uma realidade? Num encontro que houve em
espanha, o próprio Bill Gates ficou bastante sensibilizado para o facto,
mas será que ele vai mesmo passar à acção? Ou será que esta fatia de
mercado o nao conseguirá seduzir?
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