Instrumentos de Luz
Luz ambiente - Ponto de Luz - Spotlights - Luz direccional
Key light - Fill light - Back Light - Set Light
Câmara - Key light - Fill light - Back Light - Esquema
Sombras - Luzes decrementais - Projector de luz - Atenuação - Exclusão
Quando se vê uma imagem qualquer um diz se gosta ou não, no entanto, distinguir os ingredientes que a compõem é um dom que alguns cinematógrafos possuem. Há algumas ferramentas básicas que se usam no mundo da cinematografia. A mais importante é a luz.
Há três aspectos a considerar na luz: posição, intensidade e tipo de luz. Cada luz têm uma função especifica e geralmente atributos distintos. Devem-se controlar a cor, intensidade e gama de luzes. O cinematógrafo digital pode fazer isto, mas acima de tudo muitos outros factores que seriam impossíveis de controlar na cinematografia tradicional.
O termo instrumento encontra no mundo digital um significado novo. Deixa de ser um instrumento palpável para ser um objecto, uma função de um software que, neste caso, permite criar ou tratar imagens.
Luz ambiente
É a mais básicas da luz com que se pode trabalhar em computação gráfica. No entanto não é uma luz de todo. É um conjunto de opções que definem o máximo nível de escuridão na cena. Não possui qualquer instrumento associada a ela, é uma luz global para todo o cenário. Quanto mais alto se define a luz ambiente, mais claro ficarão as partes escuras do cenário. Deve ser mantida baixa para não se sobrepor a tudo o resto.
Ponto de Luz
Define-se um ponto no espaço, e uma intensidade de luz que será emitida de uma forma esférica em todas as direcções partindo do mesmo. Pode-se configurar intensidade e cor.
Spotlights
Semelhante à anterior, com excepção que a emissão não é em todas as direcções, mas sim segundo uma direcção configurável, criando assim um cone de luz. Esse cone de luz é constituído por uma área no centro da luz de máxima intensidade (hotspot) e uma área que circunda esta onde a luz passa de intensidade total para intensidade nula (falloff). Esta luz era bastante utilizada nos filmes de Fred Astaire.
Luz direccional
São luzes com fontes emissoras paralelas, em comparação com os raios solares.
Ao iluminar uma cena existem várias posições previamente definidas. Cada uma delas tem uma nome associado. Cada posição não especifica o tipo de instrumento utilizado, mas sim o efeito que esse tipo de iluminação proporciona na cena. A combinação total ou parcial destas posições origina uma iluminação completa. De seguida serão apresentadas as posições mais básicas:
Key light
Como o nome indica esta luz é a principal, é ela que ilumina o sujeito do cena. As outras luzes iluminam as zonas que esta luz não preencheu, podem até iluminar mais que ela, mas é ela que ilumina o sujeito. Geralmente está posicionada em frente e para o lado do sujeito baseado na posição da câmara
Fill light
Esta luz é utilizada para dar uma pequena iluminação às zonas mais escuras não abrangidas pela luz principal. Tem geralmente metade da intensidade da principal. Está posicionada a um pouco menos de 180 graus da principal no plano do solo. Se a principal está em cima esta fica em baixo.
Back Light
É usada para separar o sujeito do fundo. Não tem origem definida e está posicionada um pouco menos de 180 graus da câmara.
Set Light
Algumas cenas têm o sujeito incorporado num conjunto que necessita de iluminação. Esta é a luz que proporciona essa iluminação, separando ainda esse conjunto do fundo. Tem um intensidade geralmente menor que a luz principal.
Para compreender como cada elemento luminoso contribui para a cena é necessário olhar para cada um deles individualmente. Os cinematógrafos recorrem a um truque para isso: desligam todas as luzes excepto aquela que querem analisar.
Para além de vermos como as luzes interagem entre si, é necessário analisar como interagem com a câmara. A única coisa que importa é o aspecto da imagem na câmara, é apenas isso que a audiência irá ver.
Por exemplo a seguinte imagem:
Câmara
O ponto de partida para uma cena é a posição da câmara. Após este estabelecido é possível dar início ao processo de iluminação. Mesmo que uma luz não resulte à vista desarmada, se através da câmara o efeito observado é o pretendido, então a luz está correctamente colocada e configurada.
Neste caso a posição da câmara é considerada média, uma vez que se vê metade do sujeito.
Key Light
Quando se pergunta "De onde vem a luz da cena? ", a resposta é a key light. As outras apenas a suportam. A posição teórica desta luz, não deve restringir a imaginação do cinematógrafo, deve apenas servir-lhe de orientação. O objectivo é iluminar o sujeito de forma a obter um determinado efeito.
A escolha de uma posição sobre a cabeça ilumina o sujeito mas mantém a cara escura. A cara contem informação que define o estado de espirito do sujeito, mantendo-a escura cria-se uma cena misteriosa. Pode-se também posicionar de modo a iluminar a cara e a frente do sujeito.
Fill Light
Após se ter iluminado o sujeito, pode-se começar a iluminar o resto da cena. A fill light é a mais importante nessa função, sem que se sobreponha à key light.
A sua função é iluminar as partes escuras e dar um pouco de luz às sombras. Tem uma intensidade nunca superior a um terço da key light porque queremos manter as sombras, mesmo que um pouco iluminadas.
Back Light
O objectivo desta luz é separar o sujeito do fundo. Quer-se separar o sujeito do resto da cena, sem no entanto fazer incidir demasiada luz. Correr-se-ia o risco de perder o contraste. Esta luz delineia o sujeito sem perder contraste.
A sua posição é determinada pela posição da câmara e da key light. Está colocada um pouco menos de 180 graus da câmara, para que apenas um pequeno raio de luz seja visível. Se a key light está em cima, esta deverá ficar em baixo para a completar.
Neste caso a sua presença é quase imperceptível.
Esquema
Neste caso temos um esquema de alguma complexidade, onde todas as luzes, excepto a Back Light, desempenham um papel importante.
As luzes podem-se dividir em duas categorias: motivadas ou não motivadas. As motivadas têm uma origem definida, que pode estar visível ou ter a origem implícita, ou invisível na cena. As não motivadas não têm origem e são usadas para fins dramáticas ou estéticos. As back lights são muitas vezes não motivadas, assim como as luzes utilizadas em filmes de terror.
As luzes nem sempre caem em categorias predefinidas. Num restaurante as luzes têm uma origem definida, mas será difícil indicar quais os pontos originários de luz. Nestes casos é de ponderar se não se devem utilizar luzes não motivadas. Se o efeito resultar é legitimo utilizá-las.
É necessário ponderar a utilização de luzes motivadas ou não. Por um lado não se quer que a audiência se perca na cena a tentar descobrir a origem da luz. Por outro lado a utilização de fontes realísticas não deve impedir o cinematógrafo de fazer as melhores decisões estéticas. Se estas decisões se inclinarem para luzes não motivadas, que assim seja.
Até agora falou-se apenas de posição e intensidade de luz, mas existem outros atributos que são considerados na criação de uma cena e que podem mudar o aspecto de uma cena.
Sombras
As sombras são o efeito mais comum. No entanto têm uma particularidade, por defeito, as luzes não produzem sombra. A grande vantagem é que assim, não tem que se perder imenso tempo com combinações de luzes para evitar que algumas sombras caiam em locais indesejados. Em algumas luzes, como a key light, quer-se que exista sombra. A existência de sombra é um fenómeno muito mais natural que a ausência dela.
Luzes decrementais
Outro efeito que não existe na natureza, são luzes negativas, isto é luzes que têm como função anular o efeito de outras.
Projector de luz
Um projector de luz é um instrumento que simula algo semelhante um projector de slides. Pode-se configurar a cor e intensidade da luz. Este projecto está limitado a pontos de luz porque tem uma área específica dentro do cone de luz. Uma das aplicações é na recreação de um teatro, no entanto pode simular sombras de objectos fora da imagem, ou mesmo inexistentes. Por exemplo uma luz que se vê através de folhas de uma árvore, ou através de uma janela manchada.
Atenuação
Todos os instrumentos podem ser atenuados. A atenuação provoca uma diminuição da intensidade da luz proporcionalmente crescente em relação à distância do objecto. Este efeito trás realismo à cena e permite controlar a área afectada pela luz. A sua configuração é semelhante ao ponto de luz. Define-se dois raios envolvendo a luz, o primeiro define a zona de máxima intensidade e o segundo a zona de intensidade nula.
Exclusão
Este é outro efeito inexistente na realidade, com ele pode-se seleccionar um objecto que nunca será afectado por qualquer luz por nós escolhida. Permite ter luzes para fins muito específicos sem que tenha efeitos secundários sobre outros objectos da cena. É importante ter cuidado no uso deste efeito para não criar efeitos demasiado irrealistas.