Cinematografia Digital

Introdução à Cinematografia Digital

Linguagem cinematográfica

Estética

Princípios de trabalho

Material de referência

 

 

Introdução à Cinematografia Digital

Cinematografia digital traduz-se na arte cinematográfica realizada por computador. Assim, a arte do cinematógrafo é apresentar imagens. Criar imagens dinâmicas não é apenas juntar luz ao cenário e apontar a câmara. É necessário orquestrar todas as ferramentas agora disponíveis, de modo a obter imagens válidas por si só, mas que se enquadrem na narrativa, e proporcionem a percepção correcta da história A história é a base da cinematografia e tudo o resto deve ser construído tendo-a em consideração.

Ao planear e criar uma cena é necessário considerar muitos factores para tentar prever como a audiência irá reagir em termos visuais. Apenas se pode fazer previsões, no entanto a função do cinematógrafo é fazer previsões educadas. Pequenos pormenores de luz ou câmara podem não alterar a história, mas, são muitos os factores que guiam a audiência, e muitas vezes alteram a forma como esta interpreta a narrativa.

Por exemplo podemos pensar numa peça de Shakespeare. Pode ser representada recorrendo ao ambiente da época, ou como recentemente o "Romeu e Julieta", adaptado aos tempos modernos. A história continua a mesma, até mesmo os diálogos são os mesmos, no entanto a percepção que a audiência tem é claramente diferente.

 

Linguagem cinematográfica

Os filmes têm linguagens distintas. As variações são ao nível da cultura do realizador e da cultura de quem vê o filme. Um realizador de Hollywood contaria a mesma história de uma forma bem distinta da de um realizador Europeu ou Africano.

Todos respondemos a idênticos estímulos visuais. Todos olhamos para o vermelho, seguimos o movimento e as figuras humanas. Se estiver uma pessoa numa imagem será para ela que olhamos, se estivem duas, olharemos para a que estiver vestida com colores mais brilhantes. A luz e a posição da câmara são formas de guiar os olhos da audiência.

Pistas visuais são a forma da audiência se aperceber quais os aspectos que deve reter. Se um filme se inicia com o protagonista numa multidão, ele pode mover-se mais lentamente que tudo o resto, pode mover-se no sentido inverso, pode-se vestir com uma camisa vermelho, enquanto que todos os outros estão com tons mortos, pode-se ainda duplicar a luz sobre ele. Daqui retiram-se os três factores que guiam o olhar da audiência: cor, luz e movimento.

Quando se produz um filme é necessário conhecer todos os aspectos da linguagem cinematográfica. Não é errado desviarmo-nos da linguagem desde que tenhamos consciência do que se está a fazer, e se saiba o que se pretende atingir com essa transgressão. Por exemplo, a presença da câmara em palco quebra a ilusão, no entanto não é invulgar verem-se filmes em que os personagem falam directamente para a câmara transmitindo a ideia de ela está presente. Este tipo de transgressões são utilizadas de modo a que o realizador obtenha uma reacção especifica por parte do audiência.

 

Estética

É importante ficar definido ao inicio quais são os princípios estéticos pretendidos. É necessário ainda definir como o aspecto visual irá suportar a narrativa. Se se pretende um filme simples, usam-se esquemas de luzes simples e uma posição de câmara em frente. Se pretendemos um filme barroco, serão utilizados esquemas de luzes por complexos e por camadas, e as imagens serão dramáticas. A escolha da estética define como se utilizarão as ferramentas para implementar o campo visual.

 

Princípios de trabalhos

È necessário ter sempre em mente os três princípios aquando da realização de um filme:

 

Simplicidade

Por mais complexa que seja a cena, por mais dramática que se pretenda, a função de um realizador é fazer as coisas da forma mais simples possível, mantendo o estilo do filme constante. Para cada cena deve-se perguntar sempre : "É possível fazer isto de uma maneira mais simples? É possível obter o mesmo efeito com uma técnica mais simples?"

Ao construir uma cena deve-se começar pelo mais simples, pelo mais básico. Uma vez obtida a estrutura base, sobrepõem-se camadas de efeitos até obter o que se pretendia. Esta abordagem permite analisar o que se obtêm com a aplicação de cada efeito, podendo detectar qualquer efeito não pretendido a tempo de o retirar.

 

Consistência

É importante manter a coerência dentro do filme. Se se faz uma cena dentro de um estilo e outra com um estilo diferente perde-se a fluência. A audiência de um filme acredita na realidade que lhe é transmitida. Se o filme não é coerente, essa relação perde-se e a audiência não entrará jamais no filme.

 

Planeamento

A chave para trabalhar eficazmente e eficientemente no mundo cinematográfico é planear todas as tarefas. Não se quer com isto que se esteja fechado a ideias novas, não se pode estar é dependente dessas mesmas ideias novas. É necessário que exista um fio condutor onde essas ideias possam ser integradas e que guiem para o filme pretendido.

Ao planear pode-se testar a utilização de ferramentas que reflictam várias abordagens cinematográficas da cena. Tendo esses exemplos concretos, pode-se ver qual deles funciona melhor para o fim que se tem em mente.

Uma tendência no mundo da produção gráfica por computador, é a meio do projecto o cliente alterar o aspecto da programa. Planeando todo o projecto e testado os diversos efeitos obtêm-se exemplos concretos que podem ser alvo de uma análise por parte do cliente, permitido assim a alteração do guião, protótipo e não a alteração de partes do programa já elaboradas.

 

Material de referência

Por mais ferramentas que se conheça, por mais técnicas ou efeitos que se conheçam, esses conhecimentos nunca são suficientes. É indispensável estudar o que já foi feito. Imagine-se um pintor que saiba usar um pincel mas que nunca estudou o trabalho de outros artistas. Pode ter gasto toda a sua vida para descobrir uma técnica que afinal já existe desde a Renascença.

Ao conceber o estilo visual para um filme, quando se vê o que já foi feito, facilmente se descobrem técnicas que fazem o efeito que se tinha em mente; se descobre o esquema de luzes para uma cena; o jogo de cores que se pretende. Não se pretende fazer uma cópia, mas sim extrair de cada filme o que mais interessa para o filme que se está a construir.

Deve-se estudar não só material cinematográfico, mas também fotógrafos, pintores, e outros artistas.

 

Cinema e Televisão

Todos nós já fomos ao cinema ou assistimos a filmes na televisão. No entanto isso não faz de nós conhecedores de técnicas, muito menos realizadores. É necessário olhar de outra forma o filme que todos assistimos para extrair dele informação técnica, ideias novas, influências que permitam criar algo. Essa diferente forma de olhar, é a visão de um cinematógrafo que vê vezes e vezes o mesmo filme até que descubra o ambiente que pretendia recriar. O tipo de filmes que se observam dependem do tipo de cenas que se pretendem recriar. A chave é focarmo-nos nos efeitos visuais e como as ferramentas foram utilizadas para os conseguir.

Por vezes apreciar um estilo visual envolve um processo de aprendizagem, tal como se aprende linguagem verbal é necessário aprender a linguagem dos filmes. Por exemplo nos filmes dos finais do séc. XIX, quando um comboio ia em direcção à plateia, todos se desviavam. Eles não eram estúpidos, no entanto não estavam familiarizados com a linguagem dos filmes e apenas conseguiam interpretar um comboio da forma que já conheciam.

Outras fontes de referência

O cinema e a televisão não esgotam o material de referência, qualquer arte visual contém elementos de utilização possível. O movimento é apenas uma pequena parte do todo, e só porque os quadros são uma imagem estática não se pode desprezar uma arte que têm estado presente há vários séculos. Uma galeria de arte provavelmente contém mais efeitos do que um clube de vídeo.

O mundo real é outra grande fonte. Não nos esqueçamos que é o mundo real, ou alguma interpretação dele que se pretende reproduzir.