Resumo Descrevem-se os principais truques e
aspectos que se devem ter em conta quando nos é dada a oportunidade de
divulgar um produto ou a empresa na rádio. Como guiar a entrevista e como
passar a melhor imagem faz parte do artigo que se segue.
Palavras-chave Comunicação para rádio, entrevista,
rádio, lidar com a imprensa
1.
Introdução Quando aparece o alívio de terminar
uma conferência poderá muito bem aparecer um jornalista a pedir declarações.
Não se trata de uma ameaça, mas de mais uma oportunidade de divulgar e
dar conhecimento de um produto ou da empresa. Tem se de aproveitar.
A Rádio é um dos
meios possíveis de transmissão desse conhecimento e embora bastante
semelhante à televisão, tem os seus truques próprios, pois não
existindo a imagem, não se pode fazer uso de linguagem não verbal para
ajudar a exprimir o que se pretende. Podem-se consultar dois sítios na
internet [1], [2] que poderão ser proveitosos a quem quiser saber como
comunicar para outros media. Vou ao longo
deste artigo mostrar a forma do jornalista trabalhar e dar exemplos do que
se pode fazer para que a comunicação que vai surgir aos ouvintes seja
interessante e de qualidade. Em primeiro lugar fala-se das entrevistas
curtas,normalmente feitas no
final de uma conferência, no decorrer de uma exposição (feira), ou via
telefone, entrevistas que serão editadas e das quais mais tarde serão
transmitidos excertos num noticiário. Depois dá-se a saber as diferenças
que existem para as entrevistas longas efectuadas em estúdio no âmbito
de um debate ou de uma entrevista sobre determinado assunto em específico.
2. O que é uma
entrevista Uma
entrevista é um acto de pergunta - resposta onde o entrevistador tenta
saber informações e/ou opiniões sobre determinado produto, empresa ou
assunto. O jornalista tenta informar-se minimamente sobre o que se trata e
depois pensa em perguntas suficientemente abrangentes para informar o público
numa reportagem.
Quando a
entrevista é feita via telefone, nem sempre surge na melhor altura e é
preciso saber lidar com a situação. Não se sabe sobre o que vão ser as
questões nem se esteve, certamente, a pensar e falar no assunto nos
momentos anteriores.
Se for no final
de uma apresentação ou numa exposição, o jornalista surge com um ar
ameaçador, com um microfone, um gravador à frente. Tem de se lembrar que
se trata de uma oportunidade. Não pode desperdiçar.
A melhor situação é quando aparece um convite
para ir à rádio ser entrevistado. Aqui tem-se tempo de se preparar como
se fosse para uma apresentação. Estas entrevistas longas geralmente
versam sobre um tema específico e são a melhor forma de divulgar a
capacidade pessoal ou da empresa.
3. Entrevista
curta O objectivo de uma entrevista curta é recolher declarações
de alguém, para dar forma a uma pequena peça de um ou dois minutos.
Estas peças são totalmente feitas pelo repórter que irá escrever um
pequeno texto a descrever o que se passou e utilizará a voz o
entrevistado para comprovar o divulgado. Haverá apenas tempo para três
ou quatro perguntas.
A primeira coisa a saber é que não se deve pensar que se consegue dizer
tudo nem que tudo o que afirmamos vai ser transmitido.
Por outro lado, não será o entrevistado a escolher o que
irá fazer parte da reportagem. No entanto, deve-se ser capaz de conduzir
o repórter a utilizar certa parte da entrevista em detrimento de outras.
Para isso há que seguir a forma como o jornalista age na edição:
·uma ou duas declarações para toda a peça ·quinze, vinte, no máximo trinta segundos por declaração ·declarações que adiantem alguma coisa
Estes três pontos
abarcam tudo o que tem a ver com o acto de ser entrevistado.Deve-se permanentemente passar
neles.
3.1 Antes da entrevista Ao ser
convidado a dar uma entrevista, normalmente é informado do objectivo e
qual a rádio. É fundamental sabê-lo! Isto porque é completamente
diferente dar uma entrevista para a Rádio Renascença, onde terá de ser
muito mais simples pois o ouvinte varia desde a dona de casa até ao
taxista; para a Antena 3, onde deve utilizar exemplos conhecidos dos
jovens; ou para a TSF, rádio onde a linguagem a utilizar poderá ser um
pouco mais técnica.
Depois do
convite deve-se ser capaz de pedir alguns minutos para pensar. Se a
entrevista for via telefone pode-se pedir para voltar a ligar; se for no
final de uma conferência ou apresentação, oferece-se brochuras e
material escrito sobre o tema ao repórter para o “educar” e para este
fazer perguntas inteligentes.
Nesse tempo
prepara-se a entrevista. Como? Primeiro que tudo, sabendo que apenas vão
ser aproveitadas uma ou duas declarações, basta pensar e condensar em
notas ou pensamentos simples o máximo de três pontos chave. Não mais
que isso irá ser necessário ao longo da entrevista.
Agora é
respirar fundo.
3.2 Durante a entrevista Não se deve
fugir do microfone. O jornalista irá colocar o microfone ou gravador na
melhor posição para obter a voz. Também, como se trata de som, não é
conveniente estalar os dedos ou mexer nas moedas no bolso ao longo da
entrevista.
A voz deve ser
segura, ter brilho e mostrar entusiasmo a falar. Não podemos esquecer que
se trata de uma oportunidade e, na rádio, é a voz que prende os
ouvintes.
Como
oportunidade, é igualmente muito importante que a audiência compreenda e
entenda a mensagem que se tenta transmitir. Posto isto, tudo o que se diz
deverá ter a par uma analogia ou ser dito com uma metáfora de modo a que
todos, desde os técnicos às pessoas comuns percebam tudo e fiquem com
uma ideia boa da empresa ou mesmo do entrevistado.
Por outro lado não
se pode assumir que a audiência está ao mesmo nível em termos de
conhecimento do contexto. É um erro frequente dizer “Como
provavelmente sabe, a versão anterior foi um sucesso...”. O melhor
a fazer é pensar que se está num bar a falar com uma pessoa amiga que
esta não sabe nada sobre o assunto. Outro erro frequente é colocar a
audiência ao nível de conhecimentos do entrevistador. Normalmente este
encontra-se melhor preparado que a audiência.
Guiar a
entrevista. É isto que deve estar em primeiro lugar de importância. Não
é difícil ser o entrevistado a guiar a entrevista para os pontos chave
que definiu anteriormente. Na minha opinião, a escolha do rumo deverá
ser feita logo em resposta à primeira pergunta do entrevistador, qualquer
que esta seja. Para o fazer basta tornear as questões para o que se quer
ver tratado. Isto faz-se utilizando “Sim, e por outro lado...”;
“Não, deixe-me explicar...” ou “Quanto a isso não sei. O
que sei é...”. Deste modo consegue-se, quase infalivelmente, dar o
essencial da entrevista ao jornalista e fazer com que ele retire uma
declaração dessa primeira resposta.
Não se pode
esquecer no entanto o máximo de tempo por declaração que enunciei
anteriormente: quinze, vinte, no máximo trinta segundos por resposta.
Quando se termina de responder deve-se parar. Isto porque se se continua
à volta, alongando a resposta poder-se-á ser mal citado e não é esse o
objectivo. Normalmente, tal período de tempo é suficiente para
transmitir um ou dois pontos chave. O resto poderá ser dito na resposta
seguinte. A partir da terceira resposta normalmente já não há muito a
dizer e, a menos que note que não se lembrou de algo importante, pode
passar a utilizar respostas mais curtas e com menos entusiasmo. A
entrevista rapidamente terminará.
Outros aspectos
a saber quando se é entrevistado são nunca responder com pequenas
frases, do tipo “Sim, claro” ou “Não”, pois poderá
ser-se editado, isto é, juntar essa pequena frase a outra e transmitirem
uma ideia diferente daquela que era a pretendida. Também, quando não se
sabe a resposta a uma questão deverá dizer-se claramente. Depois é
conveniente oferecer-se para procurar a resposta após a entrevista. É
preferível assim do que enrolar uma resposta e possivelmente contradizer
algo dito anteriomente.
Não são raras as
vezes em que as questões abordam temas controversos e que não se
gostaria de comentar. Mas mesmo quando o assunto é complicado de gerir,
nunca se deve recusar fazer comentários, pois o mais certo é nunca mais
ser contactado pelo jornalista e assim perder outras oportunidades de
divulgar o que se pretende. Para além disso, dizer “não comento”
leva o ouvinte a pensar que as coisas são tão más que não há defesa
possível. Mostrar abertura é importante e quando se trata de algo que não
é bom falar muito, o melhor é dizer que apenas se está a dar o ponto de
vista pessoal e que este é tão válido quanto os outros.
Quando se trata
de uma entrevista após uma conferência ou apresentação, tem de se ter
em conta que quem vai ouvir a entrevista não esteve presente e por isso não
se poderá referir ao que se disse ao longo da apresentação, com frases
como “Tal como disse há pouco...” ou “O quadro que
apresentei mostrava isso”.
3.3 Após a entrevista No final da
entrevista, e caso se achar o jornalista simpático e interessado, não se
perde nada em saber o seu nome e contacto para que o possa contactar
quando no futuro quiser ter cobertura num evento realizado por si ou pela
empresa. É assim que se consegue as melhores divulgações.
4. Entrevistas
longas As entrevistas longas só
acontecem quando a empresa tem renome ou num debate onde a área em que
trabalha está a ser alvo de notícias. Os jornalistas conseguem através
da sua teia de contactos obter os das pessoas que podem ser interessantes
para estar em estúdio e contactam, via telefone, fax ou e-mail com alguns
dias de antecedência. Nesse contacto para além de indicarem a data do
programa, certamente dizem qual o tema e âmbito da entrevista.
4.1 Antes da entrevista Nos dias
anteriores à entrevista deve-se estudar o tema, reunir um conjunto de
ideias e condensar em notas, para além de juntar numa pasta papéis que
possam ser úteis no debate.
Já no estúdio,
é normal fornecerem auscultadores que podem ser ou não colocados. Estes
permitem ouvir o som tal e qual como vai para o ar, o que é importante
quando se tem alguma música a acompanhar. De outro modo não é essencial
colocar e talvez se sinta mais à vontade sem eles.
4.2 Durante a entrevista Há muito
pouco a dizer sobre as entrevistas longas. Estas entrevistas, normalmente
feitas em estúdio e em directo, são de debate de ideias. Aqui há um
ponto muito importante e que raramente é lembrado. Quando é feita uma
pergunta do género “Concorda que a versão anterior do produto tinha
muitos problemas?”, nunca se deve repetir na resposta os aspectos
negativos da questão. Em vez de responder com “Não acho que tivesse
muitos problemas, nós fizemos o melhor que podemos...”, que é uma
resposta que mostra defesa e algo a esconder, o melhor é esquecer a negação
e utilizar “De modo algum. Nós alcançámos o que queríamos em
circunstâncias difíceis”. Esta forma mostra muito mais
positivismo.
De resto, no
caso das entrevistas longas só se deve tornear as perguntas quando estas
não são favoráveis. De outro modo deve-se responder sempre com
sinceridade e tentar que fique bem claro o que se pretende exprimir, sem
dar respostas muito longas.
4.3 Após a entrevista A entrevista
correu bem. Tem ideias que poderiam servir de base outros programas ou
debates. É agora a melhor altura de os expor em conversa com o
jornalista. Mostrar-se continuamente interessado é importante para
estabelecer uma excelente relação entre a empresa e o jornalista, relação
que pode ser importante para futuros contactos.
5. Conclusões Espera-se que
este artigo tenha de algum modo levantado ideias que talvez nunca tivessem
surgido sobre como se deve actuar numa entrevista para a rádio. Optou-se
por utilizar uma linguagem simples e dar o exemplos dos variados aspectos
salientados ao longo do texto. Pensa-se que a leitura do artigo é
importante para que numa futura entrevista radiofónica a imagem que é
transmitida seja a melhor de todas e o entrevistado se torne num convidado
frequente do jornalista para qualquer esclarecimento na sua área,
permitindo deste modo a divulgação da empresa ou produto em qualquer
altura que for útil.
7. Referências 1.[Iowa State University - College of
Agriculture - Information Service] Tips
for being an effective spokesperson [Online]. Disponível:
http://www.ag.iastate.edu/aginfo/spokesperson.html [1-Mar-2000].
2.
[Media Training Associates] Media training tips [Online]. Disponível:
http://www.mediapeople.freeserve.co.uk [1-Mar-2000].