Inteligência Emocional                            

 

Introdução

Neste contexto são apresentadas as ideias gerais da Inteligência Emocional. São  aqui  resumidas os três primeiros capítulos do livro

"Inteligência Emocional" de Daniel Goleman. Se perguntaram porque só os primeiros capítulos e não todo o livro? Porque?!   Porque considere-os mais importantes e dão uma melhor visão do tema que se esta aqui a tratar.

         A primeira parte (do livro) trata sobre como o sentimento por muitas vezes se sobrepõe a toda a racionalidade.  Momentos de raiva, medo, paixão e alegria; como dominar os impulsos emocionais.  A segunda parte, relaciona-se com os sentimentos íntimos, saber gerir as nossas relações, como disse Aristóteles:

         " Qualquer um pode zangar-se  - isso é fácil. 

            Mas zangar-se com a pessoa certa, na justa medida,

            No momento certo , pela razão certa

             E de maneira certa  - isso não é fácil. "

             (Aristóteles, Ética a Nicómaco).

 

E por último, como o mercado está a reformular as nossas vidas que dão-lhe uma importância sem precedentes a Inteligência Emocional no plano do êxito profissional; tal como o equilíbrio emocional pode ajudar a proteger o nosso bem-estar.

 

O que é Emoção?

No sentido  mais literal, emoção é uma agitação ou perturbação do espírito, sentimento, paixão, qualquer estado mental excitado. Os investigadores continuam a debater que emoções podemos considerar primarias, os principais candidatos, temos:

Ira: fúria, aborrecimento, irritabilidade e no extremo: ódio;

         Tristeza: dor, pena, desânimo, melancolia, solidão;

         Medo: ansiedade, nervosismo, preocupação, receio, desconfiança,          aflição, pânico;

         Prazer: felicidade, alegria, alívio, satisfação, orgulho,       gratificação, bom humor, entusiasmo;

         Amor: aceitação, amizade, confiança, bondade, adoração;

Surpresa: choque, espanto, admiração;

         Aversão: desprezo, desdém, repugnância, nojo, desagrado;

Vergonha: culpa, embaraço, remorso, humilhação,arrependimento,           mortificação.

Claro que esta lista não resolve o problema de como categorizar a emoção.

O impulso é o meio através do qual a emoção se exprime; a semente de todo o impulso é um sentimento que quer traduzir-se em acção.  A capacidade de controlar o impulso é a base da vontade e do carácter.

 Em "Ética e Nicómaco", investigação filosófica de Aristóteles  sobre a virtude, o carácter  e a boa vida, o desafio que ele nós faz é gerir a nossa vida emocional com inteligência.  As nossas paixões , quando bem exercidas, têm sabedoria.  Tal como Aristóteles, o problema não é a emocionalidade, mas o sentido da emoção e das suas expressões.

Cada emoção representa uma diferente predisposição para a acção;  cada uma delas aponta-nos numa direcção que já noutras ocasiões resultou bem para enfrentar o mesmo tipo de problema.  Todos nós sabemos por experiência própria, quando se trata de formular ao nossas decisões ou as nossas acções, o sentimento conta tanto, e muita vezes mais, do que o pensamento.  Para melhor ou para pior, a inteligência pode não Ter o mínimo valor quando as emoções falam.

 

Quando as paixões ultrapassam a razão

Um dos legados emocionais da evolução é o medo que nos mobiliza para defender  a nossa família contra todos os perigos.  Muito embora as nossas emoções se tenham relevado guias sensatos e seguros (a longo prazo evolutivo), a verdade e que as novas realidades que a civilização nos apresenta, surgiram a uma velocidade tal que o passo lento da evolução não  pode acompanhar.  Aqui entra quando as nossas paixões estão permanentemente a sobrepor-se a razão.

Todas as emoções são, essencialmente, impulsos para agir, planos de instância para enfrentar a vida que a evolução instalo em nós.  A própria raiz da palavra "emoção" é metere, o verbo latino "mover", e mais o prefixo "e"  para dar "mover para" sugerindo que a tendência para agir está implícita em todas as emoções.

  As nossas duas mentes

Uma  é o acto da mente emocional, a outra, um acto de mente racional. Num sentido muito real, temos duas mentes, uma que pensa e outra que sente. Estas duas maneiras fundamentalmente diferentes de saber interagir para construir a nossa vida mental.  Uma, a mente racional, é o modo de compreensão de que temos tipicamente consciência: mais proeminente em matéria de atenção, pensativo, capaz de ponderar e reflectir.  Mas ao lado  deste existe um outro sistema de conhecimento: impulso e poderoso, ainda que por vezes ilógico - a mente emocional.  Estas duas mentes, a emocional e a racional, funcionam a maior parte  das vezes em perfeita harmonia, combinando os seus dois modos diferentes de saber para guiar-nos através do mundo.

 O sistema "Límbico", território neuronal veio acrescentar as emoções propriamente ditas ao repertório do cérebro.  Quando estamos dominados pelo desejo ou pela fúria, completamente apaixonados ou encolhidos de medo, é o sistema límbico que nos goberna.  Este sistema é responsável por duas ferramentas  muito poderosas:  aprendizagem e  a memória.

"A vida é uma comédia para aqueles  que pensam,

E uma tragédia para aqueles que sentem." (Horace Walpole)

 

Um dos segredos abertos na psicologia é a relativa incapacidade das notas escolares, do QI (Quociente Intelectual) ou das pontuações dos exames de admissão (SAT - Scholastic Aptitude Test - Teste de Aptidão Escolar), para predizer infalivelmente quem será bem sucedido na vida,  Há uma relação entre QI e as circunstâncias da vida para os grandes grupos como um todo:  muitas pessoas com um QI baixo acabam por desempenhar funções elevadas (importantes e de grande porte) e as que têm um QI elevado tendem a ser só, bem pagas, mas nem sempre.  O que se pretende  enfocar são outras características, a Inteligência Emocional:  a capacidade de a pessoa se motivar a si mesma e persistir a despeito das frustrações; de controlar os impulsos e adiar a recompensa; de regular o seu próprio estado de espírito e impedir que o desânimo subjugue a faculdade de pensar; de sentir empatia e de ter esperança.  Ao contrario que o QI.

O QI pouco contribui para explicar os destinos diferentes que as pessoas tem,  com mais o menos a mesma instrução e oportunidades, lidar com as frustrações, controlar as emoções e dar-se com outras pessoas tem uma grande importância.

A aptidão emocional é uma meta-habilidade que determina o melhor modo ou pior como seremos capazes de usar outras capacidades que possamos ter, incluindo o intelecto puro.

 

A inteligência Interpessoal é a capacidade de compreender as outras pessoas; o que è que as motiva, como é que funcionam, como trabalhar cooperativamente com elas.  Os vendedores, políticos, professores, clínicos, líderes religiosos bem sucedidos... terão tendência para ser pessoas possuídoras de um elevado nível de inteligência interpessoal.  A inteligência interpessoal é uma capacidade correlativa, voltada para dentro.  É a capacidade de criarmos um modelo correcto e verídico de nós mesmos  e de  usar esse modelo para funcionar eficazmente na vida.  Também inclui a capacidade de discernir e responder adequadamente aos estados de espírito, temperamento, motivações e desejos das outras pessoas.  Na motivação intrapessoal , a chave para o autoconhecimento inclui o «acesso aos nossos próprios sentimentos e a capacidade de distinguir entre eles e de neles nos basearmos para guiar a nossa conduta».

O QI tenta integrar as emoções no domínio da inteligência, em vez de

verem «inteligência» e «emoção» como temos inerentemente contraditórios.

 Os dos aspectos da inteligência emocional é a "inteligência  social" - a capacidade de compreender os outros e de agir sensatamente nos relacionamentos humanos - e também um dos aspectos do QI das pessoas.

A inteligência social é distinta das capacidades académicas e constitui uma parte crucial daquilo que faz as pessoas terem êxito na prática da vida. Entre as inteligências práticas que são, por exemplo, mais apreciadas no local de  trabalho conta-se o tipo sensibilidade que permite aos gestores eficazes compreender as mensagens tácitas.

Na definição básica de inteligência emocional, encontramos cinco domínios principais:

·        Conhecer as nossas próprias emoções. A autoconsciência.

·        Gerir as emoções. Capacidade que nasce da autoconsciência.

·        Motivarmo-nos a nós mesmos.

·        Reconhecer as emoções dos outros.  A empatia , outra capacidade que nasce da autoconsciência, e a mais importante das aptidões pessoais.

·        Gerir relacionamentos. Gerir as emoções dos outros.

 

QI e Inteligência Emocional

QI e inteligência emocional não são competências opostas; serâo antes competências separadas.  Todos misturamos intelecto e acuidade emocional. Na realidade, ha uma ligeira correlação entre QI e alguns aspectos da inteligência emocional.

 Ao contrário dos conhecidos testes de QI, não há por enquanto qualquer forma de medir com papel e lápis  a inteligência emocional, e talvez nunca venha haver. No entanto usando una medição daquilo a que chama «resilência do ego» é bastante similar á inteligência emocional (inclui as principais competências sociais e emocionais), pelo psicólogo Jack Block da Universidade de Califórnia , que fez uma comparação de dois tipos puros:

O tipo QI elevado puro, completamente á vontade no domínio da mente mas totalmente inepto no mundo pessoal. Existem algumas diferencias entre o homem e a mulher.  Os homens deste tipo caracteriza-se por uma vasta gama de interesses e capacidades intelectuais. È ambicioso  e produtivo, previsível e obstinado, imune a preocupações com a sua própria pessoa. É também crítico, fastidioso e inibido, pouco a vontade com a sensualidade e a experiência sensual, inexpressivo e desligado, emocionalmente amorfo e frio.  Em contraste os homens possuidores de uma elevada inteligência emocional são socialmente ajustados, extrovertidos e alegres, nada dados a preocupações.  Têm uma capacidade notável para  se dedicarem as pessoas e as causas, para assumirem responsabilidades e para terem uma perspectiva ética; são compreensivos e carinhosos nas suas relações. A sua vida emocional e rica, sentem-se bem consigo mesmos, com os outros e com universo social em que vivem.

 As mulheres do tipo QI elevado puro são fluentes na expressão  dos seus pensamentos, valorizam as questões intelectuais e têm uma vasta gama de interesses intelectuais e estéticos.  Têm também tendência para serem introspectivas, dadas á ansiedade, á culpa, e hesitam em exprimir abertamente a sua ira.  As mulheres emocionalmente inteligentes, pelo contrário, tendem a ser extrovertidas, a exprimirem abertamente os seus sentimentos de forma adequada; adaptam-se facilmente ao stress .  O seu á vontade social  permite-lhes contactar facilmente com novos conhecidos: sentem-se suficientemente confiantes para serem brincalhonas, espontâ-neas e abertas ás experiências sensuais.

 Estes retratos são, evidentemente, extremos; todos nós temos misturados QI e inteligência emocional em diversos graus.

 A inteligência emocional é aquela que mais contribui para as qualidades que nos tornam plenamente humanos.

 

Conhece-te a Ti Mesmo

Conta um velho conto japonês que, certo dia, um aguerrido samurai desafiou um mestre de zem a explicar-lhe os conceitos de Céu e Inferno.  Mas o monge respondeu-lhe, trocista: "Não passas de um estúpido e eu não posso perder tempo com gente da tua laia! "

Ofendido na sua honra, o samurai  encheu-se de raiva e, puxando da espada, gritou: "Podia matar-te pela tua impertinência!"

"Isto", replicou calmamente o monge, "é o Inferno".

Sobressaltado ao ver a verdade naquilo que o mestre lhe dizia a respeito da fúria que o dominava, o samurai acalmou-se, devolveu a espada á bainha e fez uma vénia, agradecendo ao monge aquela lição.

"E isso" disse o monge "é o Céu".

 A injunção de Sócrates «Conhece-te a ti mesmo» refere-se a esta pedra angular da inteligência emocional: a consciência dos nossos  próprios sentimentos no instante em que eles ocorrem.

Os psicólogos usam o palavrão «metacognição» para significarem a

 consciência das próprias pessoas. È similar ao  termo autoconsciência , no sentido de uma atenção continua dos nossos estados íntimos. Nessa consciência auto-reflexiva, mente observa e investiga ela própria as experiências, incluindo as emoções.

 Autoconsciência significa  «Ter consciência tanto do nosso estado de espírito como dos nossos pensamentos a respeito desse estado de espírito», nas palavras de Jhon Mayer, psicólogo da Universidade de New Hampshire.

Os pensamentos típicos que denunciam a autoconsciência emocional incluem: «Não devia sentir-me assim», «Estou a pensar em coisas agradáveis para me animar»,  e num tipo de autoconsciência mas restrita, «Não penses nisso» .

 Jhon Mayer pensa que as pessoas se distribuem por três grupos principais  na maneira como enfrentam e lidam com as suas próprias emoções:  Autoconsciêntes:  Conscientes dos seus estados de espírito á medida que eles ocorrem, estas pessoas têm comprensivelmente alguma sofisticação nas suas vidas emocionais.

Imersas:  Pessoas que deixam frequentemente avassalar pelas emoções e são incapazes de escapar-lhes, como se os seus estados de espírito assumissem o comando.  São instáveis e não muito conscientes dos seus próprios sentimentos.

Aceitantes:  Embora estas pessoas estejam com frequência claramente conscientes daquilo que sentem, têm também tendência para aceitar os estados de espírito tais como lhes vêem e nada fazem para modificá-los.   

 A autoconsciência é fundamental para a introspecção psicológica.  Grande parte da nossa vida emocional é inconsciente; os sentimentos que se agitam dentro de nós nem sempre ultrapassam o limiar da consciência.  A verificação empírica deste axioma psicológico é-nos dada, por exemplo, através de experiências sobre emoções inscientes, como a notável descoberta de que as pessoas forman predilecções bem definidas por coisas que nem sequer têm consciência de já Ter visto antes .  Uma emoção pode ser, e frequentemente é, inconsciente.  O início fisiológico de uma emoção ocorre tipicamente antes de a pessoa se aperceber conscientemente do próprio sentimento.

 As emoções que vão fervilhando abaixo do limiar da consciência podem Ter um impacte poderoso na maneira como percebemos e reagimos, embora não tenhamos qualquer ideia de que estão em acção.

 

Escravos da Paixão

       Tu foste (...)

       Porque sempre, desgraçado ou feliz, recebeste com

       Igual semblante os prémios e os reveses da fortuna (...)

       Dá-me um homem que não seja escravo das suas paixões,

       E eu trá-lo-ei no fundo do meu coração, sim

No coração do meu coração

       Como a ti (...)

                           Hamlet ao seu Amigo Horácio

 

Os altos e baixos dão sabor á vida, mas precisam de ser equilibrados. É a relação entre emoções positivas e negativas que determina o sentimento de bem estar. Não é que seja necessário ás pessoas evitarem todos os sentimentos  desagradáveis para se sentirem contentes; o que é preciso impedir é que os sentimentos tumultuosos  corram a solta, expulsando todos os estados de espírito agradáveis.

 De todos os estados de espírito que as pessoas procuram escapar, a raiva parece ser a mais intransigente.

A fúria tem sempre uma razão, mas raramente uma boa razão.

 O estado de espírito que as pessoas mais de esforçam por sacudir é a tristeza.  Nem toda a tristeza deve ser evitada: a melancolia, como todos os outros estados de espírito tem as suas vantagens.

 

A Aptidão-Mestra

"Só uma vez na minha vida me senti paralisado pelo medo. A ocasião foi um exame de Cálculo durante o meu primeiro ano na universidade, um exame para o qual conseguira pura e simplesmente não estudar.  Ainda recordo bem a sala onde entrei naquela manha de primavera, com uma premonição de desgraça a pesar-me no coração.  Tinha estado naquela sala de conferências para muitas aulas.  Naquela manhã , porém, nada vi através das janelas, e nem sequer olhei á minha volta.  A minha visão reduziu-se ao espaço de soalho directamente á minha frente, enquanto me encaminhava para uma carteira perto da porta.  Quando abri a capa azul da pasta que continha a prova, tinha o coração a bater-me loucamente nos ouvidos, sentia o gosto a ansiedade na boca do estômago.

Olhei para as perguntas do exame uma única vez, rapidamente.  Impossível.

Durante uma hora, fiquei a olhar para a página, com a cabeça  cheia das consequências que iria sofrer.  Os mesmos pensamentos repetiam-se uma e outra vez, num ciclo infindável de medo e tremura. Fiquei ali sentado, imóvel, como um animal petrificado a meio de um movimento pelos efeitos do curare.  O que mais me impressiona  a respeito daquele terrível momento foi o modo como a minha mente pareceu escolher-se.  Não passei aquela hora numa tentativa desesperada de cozinhar qualquer espécie de resposta ás perguntas do exame. Não sonhei acordado.  Limitei-me a ficar sentado, imobilizado no meu  terror, á espera que aquele pesadelo terminasse" 

Esta descrição de uma prova pelo terror, é do autor do livro (Daniel Golemam); è a mais convincente prova do impacto devastador que uma aflição emocional pode ter na clareza mental.

Quando as emoções dominam a concentração, o que está  a ser avassalado é a faculdade mental a que os cientistas cognitivos chamam de memória de trabalho, a capacidade de conservar  na memória todas as informações pertinentes á tarefa entre mãos.

 A memória de trabalho é, na vida mental, uma função executiva por excelência, tornado possível todos os outros esforços intelectuais, desde dizer uma frase a decifrar a mais enredada das proposições lógicas.  Por outro lado, consideremos o papel da motivação positiva, a mobilização de sentimentos de entusiasmo, zelo e confiança, na realização de objectivos.

 Começar cedo proporciona uma vantagem que dura toda a vida.  O que apa-rentemente distingue aquelas que se situam no cume das várias áreas da competição de todos os outros dotados de capacidades aproximadamente iguais é o grau em que, começando muito cedo na vida, são capazes de dedicar-se a um treino rigoroso e árduo durante anos e anos seguidos.  E esta tenacidade depende, acima de tudo, de traços emocionais, como o entusiasmo e a persistência face aos contratempos.

Uma forte ética de trabalho traduz-se em mais motivação, mais zelo e mais persistência, numa vantagem emocional.

Na medida em que as nossas emoções embaraçam ou favorecem a nossa capacidade de pensar e planear, de cumprir um horário de treino com vista a um objectivo distante, de resolver problemas, etc., definem efectivamente os limites da nossa capacidade para utilizar as nossas aptidões mentais inatas, e portanto determinam como nos sairemos na vida.  E na medida em que somos motivados por sentimentos de entusiasmo ou de prazer naquilo que fazemos, ou até por um grau óptimo de ansiedade, propulsionam-nos para a realização dos nossos objectivos.  È neste sentido que a inteligência emocional é uma aptidão-mestra, uma capacidade que afecta profundamente todas as outras faculdades, quer facilitando-as, quer interferindo com elas.

 Optimismo: O Grande Motivador

O optimismo, tal como a esperança, significa ter uma forte expectativa de que, de um modo geral, tudo acabará por correr bem na vida, a despeito de contratempos e frustrações.  Do ponto de vista de inteligência emocional, o optimismo é uma atitude que protege as pessoas contra deixarem-se cair na apatia, na desesperança ou na depressão face ás dificuldades.  E, tal como a esperança, o optimismo paga dividendos na vida.

 O optimismo e a esperança , tal como a impotência e o desespero, podem ser apreendidos.

 Aquilo que as pessoas pensam das suas capacidades tem um efeito profundo nessas mesmas capacidades.  A capacidade não é um bem fixo: há uma variabilidade enorme na maneira de utilizá-lo.  As pessoas que possuem o sentimento da auto-eficácia recompõem-se facilmente dos dasaires; abordam as coisas em termos de como lidar com elas e não preocupando-se com o que pode correr mal.

 Fluxo: A Neurobiologia da Excelência

O desempenho óptimo recebe o nome de "fluxo".

Ser capaz de entrar em fluxo é inteligência emocional no seu melhor; o fluxo representa possivelmente o máximo em matéria  de dominar as emoções ao serviço do desempenho e da aprendizagem. No fluxo, as emoções não são apenas contidas e controladas; são positivadas, energizadas e alinhadas com a tarefa entre mãos.  Ser apanhado na tristeza da depressão ou na agitação da ansiedade é ser-se banido do fluxo.

È uma experiência  gloriosa: a característica específica do fluxo é uma alegria espontânea, um êxtase.  Fazendo-nos sentir tão bem, o fluxo é inerentemente gratificante.

 O fluxo é um estado de auto-esquecimento, precisamente o contrário da ruminação e da preocupação: em vez de se perderem em preocupações nervosas, as pessoas em estado de fluxo ficam tão absortas no que estão a fazer que perdem toda a consciência de si mesmas, esquecendo os pequenos problemas da vida quotidiana.

 Há varias maneiras de entrar em fluxo.  Uma é focar intencionalmente a tarefa entre mãos; um estado de elevada concentração é a essência do fluxo.  Parece haver um ciclo de retroalimentação á entrada desta zona.

As pessoas parecem concentrar-se melhor quando as exigências que lhe são feitas são maiores do que o habitual, e são capazes de dar mais do que o habitual.  Se a exigência é demasiado baixa, aborrecem-se;  se é excessiva, ficam ansiosas.  O fluxo acontece nessa delicada zona entre o tédio e a ansiedade.

 Quando observamos alguém em estado de fluxo, ficamos com a impressão de que o difícil é fácil; o desempenho óptimo parece natural  e simples.  O fluxo permite as pessoas desempenharem as mais difíceis tarefas em qualquer domínio.

 As Raízes da Empatia

A empatia nasce da autoconsciência; quanto mais abertos formas as nossas próprias emoções, mais capazes seremos de ler os sentimentos dos outros. Os alexitímicos , que não fazem a mínima ideia do que eles próprios sentem, ficam completamente em branco quando se trata de perceber o que sentem aqueles que os rodeiam.  São emocionalmente surdos.  As notas e acordes emocionais que permeiam as palavras e as acções das pessoas, o tom de voz que tanto diz  ou a  mudança de postura, passam-lhes completamente despercibidos.

Esta capacidade, a habilidade de saber como os outros se sentem, tem um papel a desempenhar numa vasta gama de áreas da vida, desde as vendas á gestão, das relações amorosas á actividade parental.  A ausência de empatia é também reveladora.  Raramente as emoções das pessoas são traduzidas em palavras; a maioria das vezes, expressam-se de outras maneiras.  A chave para intuir os sentimentos dos outros reside na habilidade de ler os canais não-verbais: o tom da voz, o gesto, a expressão facial, etc.

Tal como o modo de expressão da mente racional são as palavras, o modo de expressão das emoções é não-verbal. De facto, quando as palavras de uma pessoa não estão de acordo com aquilo que é transmitido pelo tom da sua voz, pelos seus gestos ou outros canais não-verbais, a verdade emocional do que comunica reside no modo como diz qualquer coisa e não naquilo que diz.

 

Os Rudimentos da Inteligência Social

Alguns componentes da inteligência interpessoal:

Organizar grupos:  a aptidão essencial do líder envolve iniciar e coordenar os esforços de um conjunto de pessoas.

Negociar soluções : evitar conflitos ou resolver aqueles que surgem.  As pessoas que possuem esta capacidade são excelentes negociadores.

Relacionamento pessoal: Torna mais fácil entrar num encontro ou reconhecer e responder adequadamente aos sentimentos e preocupações dos outros.

Análise social:  ser capaz de detectar e compreender os sentimentos, motivos e preocupações das pessoas. Este conhecimento de como os outros se sentem pode levar a uma intimidade fácil ou a um sentimento de ligação.  No seu melhor, esta aptidão faz da pessoa um terapeuta ou conselheiro eficiente.

 Gerir com Coração

Trabalho de equipa, linhas de comunicação abertas, cooperação, saber ouvir e falar francamente - rudimentos da inteligência social - são conceitos que hoje merecem grande destaque no treino dos pilotos comerciais, a par com a capacidade técnica.

 Os baixos níveis de inteligência emocional no trabalho têm inevitavelmente um custo.  Quando esses níveis atingem um determinado ponto, as empresas, como os aviões, despenham-se e desaparecem em fumo.

A eficácia, em termos de custo, da inteligência emocional é uma ideia relativamente nova no mundo dos negócios, e uma ideia que alguns gestores acham difícil de aceitar.

Chefia naõ é domínio, mas antes a arte de persuadir as pessoas a trabalharem para um objectivo comum.  E,  em termos de gerir a nossa a própria  carreira, pode não haver nada mais importante que reconhecer os nossos sentimentos mais profundos a respeito daquilo que fazemos.  Algumas das razões menos óbvias por que as aptidões emocionais estão a passar para a primeira linha das capacidades laborais reflectem as profundas mudanças que ocorreram no local de trabalho. Ilustrar este ponto estabelecendo a diferença que fazem três aplicações da inteligência emocional: ser capaz de exprimir queixas sob a forma de críticas construtivas, criar uma atmosfera em que a diversidade seja valorizada e não considerada uma fonte de atritos, e Ter a capacidade de integrar-se em redes de trabalho.

 Criticar é a Tarefa Número Um

È uma questão de retroalimentação (feedback); as pessoas receberem informações essenciais para a prossecução dos seus esforços. A palavra inglesa feedback, significa no seu sentido original, na teoria de sistemas, o intercâmbio de dados a respeito da forma como uma parte de um sistema está a funcionar, com a compreensão de que cada parte de um sistema afecta todas as outras, de tal forma que qualquer uma esteja a funcionar menos bem possa ser corrigida para melhor.  Numa empresa toda a gente faz parte do sistema, pelo que a retroalimentação é o sangue vital da organização , a troca de informações que permite a cada um saber se o seu trabalho está a ser bem feito ou se precisa de ser afinado, melhorando ou inteiramente redireccionado.  Sem retroalimentação, as pessoas ficam ás escuras;  não fazem ideia de qual a sua posição junto de chefe, junto dos colegas, ou termos do que se espera delas, e com o tempo, quaisquer problemas têm sempre tendência para agravar-se.  Num certo sentido criticar é a mais importante  tarefa do gestor.  Mas também é uma das mais temidas e evitadas.  Muitos são os gestores que dominam mal a arte da retroalimentação. Esta deficiência tem custos pesados: tal como a saúde emocional de um casal, depende do modo melhor ou pior como exprimem as suas queixas, assim a eficácia, satisfação e produtividade das pessoas no trabalho dependem  da maneira como os problemas lhes são expostos.

 A Arte da Crítica

Uma crítica  bem feita pode ser uma das mensagens mais proveitosas que um gestor pode emitir. Uma boa mensagem tem precisamente o efeito oposto ao de uma crítica destrutiva:  em vez de criar impotência, fúria e rebelião, contém a esperança de se conseguir fazer melhor e sugere o início de um plano para atingir esse objectivo.

 O «ataque pessoal» chamar a uma pessoa estúpida ou incompetente, é sempre contra -produtivo.  E, em termos de motivação, quando as pessoas acreditam que os falhanços se devem a um defeito inato e irremediável nelas próprias, perdem a esperança e deixam de tentar.

 Harry Levinson, um psicanalista que se fez consultor empresarial, dá os seguintes concelhos sobre a arte da crítica, que está inextricavelmente ligada á arte do elogio:

Seja  específico, Proponha uma solução,

Esteja presente, Seja sensível.

         Alguns concelhos emocionais: 

Ver na crítica uma informação valiosa a respeito de como fazer melhor, e não um ataque pessoal.

Ter cuidado com o impulso de adoptar uma atitude defensiva, em vez de aceitar a responsabilidade.

Se a situação se torna demasiado perturbadora, marcar uma reunião, depois de um período para absorver a mensagem e acalmar.

Aconselhar as pessoas a verem a crítica como uma oportunidade de trabalhar com quem a faz no sentido de resolver o problema, não como uma situação adversa.

 Mesmos que as pessoas levem os seus preconceitos  para o emprego, têm de aprender a agir como se os não tivessem.  As razões, para além das simples decência humana, são pragmáticas.

 Outra razão é a crescente necessidade de empresas multinacionais terem empregados que não só ponham de lado qualquer preconceito no modo como valorizam pessoas de diversas culturas, como também transformem essa valorização numa vantagem competitiva. Um terceiro motivo são os frutos potenciais da diversidade, em termos de criatividade colectiva acrescida e energia empresarial.

Tudo isto significa que a cultura de qualquer organização deve modificar-se no sentido de promover a tolerância, mesmo quando os preconceitos individuais permanecem.

Os preconceitos são uma espécie de aprendizagem emocional que ocorre no começo da vida, tornando estas reacções particularmente difíceis de erradicar completamente, mesmo que é errado tê-las.

Tudo o que sabemos a respeito das raízes do preconceito e de como combatê-lo eficazmente sugere que é precisamente essa atitude, que permite á discriminação florescer.

O preconceito não é uma coisa sem importância, mas tem consequências reais e negativas. Também aqui as competências da inteligência emocional representam uma vantagem, especialmente  ter a habilidade social de saber não só quando, mas como falar produtivamente contra o preconceito.

 

Conclusão

Ajudar as pessoas a gerir os seus sentimentos perturbadores: ira, ansiedade, depressão, pessimismo e solidão  é uma maneira de prevenir a doença.

Mal Estar Emocional: Problemas sociais, Ansiosos e deprimidos, Problemas de atenção ou de concentração, Delinquentes ou Agressivos.

Autoconsciência Emocional: 

Mais capazes de reconhecer e identificar as próprias emoções.

Melhor compreensão das causas dos sentimentos.

Gestão das Emoções:

         Melhor tolerância das frustrações e melhor controlo da ira.

         Menos comportamentos agressivos ou autodestruidores.

Mai sentimentos positivos a respeito de si mesmo da escola, do    trabalho, da família.

Maior capacidade de lidar com o stress.

Menos solidão e ansiedade social.

Controlar Produtivamente as Emoções:

         Mais responsabilidades.

Mais autocontrolo.

Empatia,  Ler Emoções:

         Mais capazes de aceitar a perspectiva dos outros.

         Mais empatia e sensibilidade aos sentimentos dos outros.

         Maior capacidade de escutar os outros.

Gerir Relacionamentos:

         Maior capacidade para resolver conflitos e negociar desacordos.

         Mais abertura a capacidade de comunicação.

Mais partilha, cooperação e ajuda.

 Se as famílias deixarem de ter a capacidade efectiva de preparar todas as nossas crianças para a vida, que podemos nós fazer?