Resumo
Este artigo retirado da Harvard Business Review de Novembro-Dezembro de
2000 tem o título de "A Difícil Tarefa de Dar a Volta a
Uma Equipa. O autor é Bill Parcells e é director do
Departamento de Futebol dos New York Jets (uma equipa da Liga de
Futebol Americano).
Parcells foi treinador da NFL e teve que em
três ocasiões pegar em equipas com muito baixo rendimento
e dar a volta. Em todas estas ocasiões Parcells conseguiu fazer
com que as equipas, que estavam na cauda da
classificação, acabassem por disputar o título.
Neste artigo o autor faz o paralelo com a gestão de equipas a
nível empresarial deixando alguns conselhos/regras de como dar a
volta a equipas desmotivadas.
A primeira regra é: "Deixe bem claro, desde o
primeiro dia, que quem manda é você. Não fique
à espera de merecer o direito de chefiar; imponha-o.". Isto
permite ao chefe da equipa deixar bem claro os seus objectivos para a
equipa e ganhar o seu respeito. Sem o respeito dos membros da equipa
pelo chefe não há volta a dar. Depois de falar com o
grupo é crucial falar individualmente com cada membro. Nesta
conversa é importantíssimo ser franco. Deve-se deixar bem
claro a cada um o que se espera dele e permitir, assim, ganhar o apoio
de cada um. Tentar sempre apelar à sua paixão e ao que o
motiva, mas sempre deixando bem claro que caso não cumpram a sua
missão, deixam de ter lugar na equipa. Estas conversas permitem
proceder a uma avaliação honesta de cada
indivíduo. Quando uma equipa não tem sucesso é um
erro crasso assumir que todos os membros falharam.
A segunda regra é: "A
confrontação é saudável.". A melhor maneira
de receber o máximo das pessoas é exercendo
pressão sobre elas. Para conseguir uma atmosfera de
pressão numa organização é preciso ter
espírito de confrontação. Só confrontando
as pessoas é que é possível conseguir mudar a
forma como pensam e como agem. Mas este confronto nunca pode significar
a humilhação. Quando é preciso criticar é
sempre preciso fazê-lo de forma positiva dizendo, por exemplo
"Não me parece que o teu desempenho esteja à altura do
teu potencial; sei que podes fazer melhor!". Não se deve ter
receio de ferir susceptibilidades. Tem de se fazer o que fôr
preciso para obter uma reacção forte, porque é
neste ponto que se consegue conquistá-las. E as pessoas gostam
que falem com elas de forma directa e franca. Elas sentem que podem
contar mais com um dirigente aberto, que vá sempre directo ao
assunto.
A regra seguinte é: "Estabeleça
objectivos pouco ambiciosos e trate de os cumprir.". Numa equipa que
tenha andado muito tempo na mó de baixo, a
moralização é difícil. A melhor maneira de
a moralizar é criando uma dinâmica de vitória que
vá fazendo crescer dentro da equipa a auto-confiança nas
suas capacidades. E esta dinâmica é mais fácil de
conseguir estabelecendo objectivos pouco ambiciosos, embora crescendo
de dificuldade, à medida que se vai conseguindo
ultrapassá-los.
Por fim, o último conselho tem a ver com a
selecção de pessoas. Hoje em dia há uma grande
rotação de pessoal e o espírito de lealdade
está em grande parte perdido. Esta rotatividade traz
dificuldades acrescidas à tarefa de dar a volta à moral
da equipa. É preciso ser extremamente cuidadoso na escolha de
pessoas que farão parte da equipa. Infelizmente, não
há nenhuma ciência que nos ajude a seleccionar as pessoas
certas. É com a prática que se desenvolve um sexto
sentido que nos diz quem são as pessoas certas.
Embora muito do que o autor diz acerca da
comunicação entre as chefias e os empregados esteja, na
minha opinião correcto, critico bastante a primeira regra dada
pelo autor. Da forma que está expressa, parece que uma pessoa
está numa organização militar e não
empresarial. Se um chefe é um lider, se consegue mover
"multidões" a imposição da chefia não
é necessária. Se não, a imposição
pode, na minha opinião, fazer o contrário do que o autor
diz, pode levar à perda de respeito ou à
diminuição de produtividade dos membros da equipa.
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