Antes de tentar responder a todas estas perguntas e analisar cada uma das posições é necessário analisar mais profundamente o fenómeno do marketing das causas sociais e tentar saber o que realmente significa. Este tipo de marketing envolve empresas que aderem a causas sociais em voga tentando fazer com que os seus clientes optem pelos seus produtos, em deterimento dos da concorrência, e levando-os a acreditar que estão a contribuir para a melhoria de uma certa situação que tanto pode ir desde a religião até às questões ambientais. Certas empresas, tal como a Body Shop (na cosmética) ou Ben & Jerry’s (na produção de gelados) têm como trunfo, em relação aos seus mais directos concorrentes, a publicidade gratuita que lhes é feita pelos media como resultado da sua identificação com questões sociais. Para além desta vantagem há ainda outras: os clientes não se importam de pagar um produto mais caro se souberem que estão a contribuir para para essa causa e os próprios empregados sentem-se mais motivados para trabalhar. A Body Shop sempre se identificou com as questões ambientais criando os mais diversos programas de apoio quer aos grupos ecologistas mais conhecidos quer às instituições de defesa dos animais. A sua fundadora, Anita Roddick recusa qualquer ligação desta política às obrigações para com os accionistas e, com uma estratégia muito bem delineada, o sucesso desta abordagem contribuiu para um rápido crescimento de Body Shop nos primeiros anos de vida. A publicidade gratuita fornecida pelos media e a reacção espectacular dos consumidores funcionou na perfeição. Porém, a exposição demasiado grande a que estas empresas se submetem não lhes permite que o seu lema possa ser posto em causa sob pena de ter um efeito exactamente oposto ao esperado e é isso que tem vindo a acontecer ao longo dos últimos tempos. Certos críticos afirmam que , quer a Body Shop quer a Ben & Jerry’s e muitos outros que praticam este tipo de marketing, não vivem de acordo com os princípios que defendem. As reacções a estas acusações provocam várias contradições por parte do movimento de responsabilidade social das empresas. Uns defendem que deveriam ser impostos padrões mais elevados às empresas envolvidas no marketing das causas sociais. Outros temem a tendência para criticar preferencialmente as empresas, que no seu ponto de vista, tentam fazer o que consideram correcto. No geral, prevê-se que uma intensa "inquisição", tenha efeitos perversos de travar iniciativas de responsabilidade social, levando a que algumas empresas deixem de divulgar os seus programas éticos ou de apoio a causas humanitárias. |