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Foi Dom Manoel Vasconcelos Pereira, bispo de Lamego de 1773 a 1786, quem "ergueu este palácio e os altos muros da cerca contígua", no mesmo local onde habitaram prelados antecessores. 

No século XVI passava o Coura mais perto da Sé e da casa episcopal. O bispo Dom Fernando de Menezes, na primeira metade da era de quinhentos, fez desviar o curso do rio para os lados do Hospital e da Encostinha de modo que, em frente do Paço, ficou um grande largo. Muitas transformações iria passar pelo tempo fora.

Prolongava-se a ala norte do Paço de Dom Manoel de Vasconcelos pela vedação da cerca cujo alinhamento foi modificado em 1875, por exigência da nova estrada Lamego - Régua.

O postal que sugeriu esta nota mostra-nos o muro da cerca que chegou até há meio Século. Desta vez foi o caminho de ferro de Lamego, que justificou a demolição. A pedra dos muros do paço passou para o campo de jogos dos Remédios, em 1932.

Não ficou a cerca para a estação de comboios com os barulhentos e os fumos; construiu-se aquele Palácio da Justiça... e, o que restou do terreno, esplêndido logradouro sobre as Lages, bem poderia ter sido parque de tranquilidade ao redor da Casa de Justiça e do Museu... 

Mas deixemos o muro... e o largo por ora.

Em 1841 encontrava-se a Administração do Concelho num dos Sótãos do Paço Episcopal, mudando-se para o antigo Convento da Graça, no ano seguinte. Passados 40 anos, o Bispo de Lamego cedeu duas salas da sua casa para aqui funcionarem as aulas do Liceu.

Com as mudanças do "5 de Outubro" foi confiscada a residência do Prelado. A Câmara Municipal, em 1916, veio a arrendar à Comissão Executiva da Lei da separação, por 360 escudos anuais, o edifício do Paço e a cerca anexa. Pensava-se ali instalar o Museu. Mas dois anos decorridos, nova vereação apoia uma petição para que o antigo Paço voltasse ao seu destino primitivo, tanto mais que a "instalação definitiva (do Museu) como consta do diploma teria de fazer-se no edifício do antigo Hospital Civil desta cidade e no antigo Paço Episcopal unicamente com caracter provisório". 

Há uns 50 anos, na antiga residência dos Bispos lamecenses acotovelavam-se: O museu, a Biblioteca, a Guarda Nacional Republicana, uma repartição de Obras Públicas, além de várias "lojas cheias de madeira e de palha(...) em risco da segurança do Museu", não obstante também lá estar aquartelada uma esquadra de Bombeiros... 

Anos de estagnação degradaram as condições de exposição das peças, impondo-se nova apresentação das mesmas, nomeadamente no que respeita à iluminação. O museu bem merecia esse esforço, porque evoca a história da que foi uma da mais ricas dioceses do Norte do país. Guarda algumas obras maiores do património artístico português. É o caso da tábuas que compunham o Retábulo da Sé. Os Historiadores de arte consideram-no ponto alto da obra dessa grande figura da pintura portuguesa seiscentista que foi Vasco Fernandes, O Grão-Vasco. São também notáveis um conjunto de tapeçarias e de pinturas flamengas, a talha e a arte do sacra do extinto Mosteiro da Chagas e algumas peças de ourivesaria sacra que já têm circulado por exposições internacionais. O museu orgulha-se, em especial, do seu conjunto de tapeçarias e panos de armar. Quatro tapeçarias do Renascimento flamengo, que faziam parte da decoração do Paço, foram fabricados em Bruxelas no primeiro terço do século XVI. Narram a história mitológica de Édipo. Um outro conjunto de dois panos de armar forma uma tapeçaria famosa chamada «A Música», requisitada para exposições no estrangeiro. Um dos panos representa a música e outro a dança. De rico valor artístico e iconográfico são os recheios das capelas retiradas do Convento das Chagas instaladas no Museu. Atente-se no trabalho dos altares e das culturas religiosas, em especial as trabalhadas em pedra de Ançã e em pequenos e deliciosos trabalhos executados pelas freiras nos mais variados materiais, alguns dos quais se distinguem pela ingenuidade do labor que representam.